Mulheres negras marcam ato na estreia da peça de Esperança Garcia

Ativistas e representantes do Instituto Mulher Negra do Piauí Ayabás realizam nesta terça-feira (12) um protesto no mesmo horário e local de apresentação da peça teatral dirigida por Valdsom Braga.

Gyselle | Reprodução
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A história de Esperança Garcia, considerada a primeira mulher advogada do Piauí, será contada no Theatro 4 de Setembro nesta terça-feira (12), às 19h30. Porém, a escolha da atriz para interpretar Esperança, uma mulher negra escravizada, tem gerado polêmica. 

piauiense Gyselle Soares, que tem a pele clara, foi escalada para subir ao palco e assumir a identidade Esperança. Nas fotos de divulgação da estreia da encenação, a artista aparece de peruca e com seu tom de pele visivelmente mais escurecido.

Imagem de divulgação da peça de Esperança  Garcia (Foto: reprodução)

Por meio das redes sociais como Twitter e Instagram, internautas questionaram a ausência de uma atriz negra para interpretar a primeira advogada do Piauí. Com isso, ativistas e representantes do Instituto Mulher Negra do Piauí Ayabás decidiram realizar nesta terça-feira (12) um protesto no mesmo horário e local de apresentação da peça teatral dirigida por Valdsom Braga.

No Notícias da Boa, apresentado pela jornalista Cinthia Lages, a presidente do Instituto Mulher Negra do Piauí Ayabás, Halda Regina, pediu representatividade e respeito à memória da trajetória das mulheres pretas.

"A gente contesta isso, estamos mesmo com a indignação de ver uma mulher com uma tez clara representar a nossa maior referência enquanto mulher negra do Piauí, a nossa advogada. Uma mulher que teve a coragem de elaborar um texto falando sobre seus maus tratos e reivindicando qualidade de vida para ela e para todas as mulheres", explica Halda.

Halda acrescenta que a sociedade já enfrenta a pouca representatividade de mulheres negras nos mais diversos âmbitos, resultado da desigualdade do racismo. A convocação de uma mulher de pele clara para interpretar Esperança, nesse caso, mantém, para ela, um ciclo que invizibiliza a história de mulheres pretas.

"Secularmente, nós, mulheres negras, fomos e somos invisibilizadas. Hoje, a Esperança Garcia não é uma referência apenas para o Piauí, mas para o Brasil. É uma referência que nós gostaríamos que as escolas falassem para dizer que mulheres negras, para além desse tráfico negreiro, para além de sermos secularmente inferiorizadas, temos a primeira advogada e outras histórias. Nós estaremos lá com nossos cartazes e nós vamos falar que nossa Esperança é preta”, completa Halda.



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