Na balança de perdas e ganhos, a mulher está perdendo - Por José Osmando

O resultado desse olhar, diante das estatísticas que são extraídas da realidade, mostra que as mulheres têm sobrado mais perdas do que ganhos na sua caminhada

mulheres | reprodução
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A celebração do Dia Internacional da Mulher, serve muito bem para que se faça uma reflexão sobre os avanços e retrocessos que ela tem alcançado no cotidiano da vida brasileira. O resultado desse olhar, diante das estatísticas que são extraídas da realidade, mostra que as mulheres têm sobrado mais perdas do que ganhos na sua caminhada. Se- graças ao maior engajamento dos meios de comunicação e à existência de boas campanhas de esclarecimento e defesa-, existe hoje maior conhecimento sobre o relevante papel delas em nosso meio, também, tornou-se mais visível a existência de incontáveis modos de violência contra elas e a falta de ascensão a funções de comando.

Na balança de perdas e ganhos, a mulher está perdendo - Foto: Reprodução

16,5 PARA 1

Uma lamentável constatação mostrada pela mídia indica, por exemplo, que em 40 anos desde a redemocratização do Brasil, a cúpula da República contou com 66 homens e apenas 4 mulheres, numa relação de 16,5 para 1. Nesse período todo, apenas Dilma Rousseff foi eleita Presidente da República (a primeira e única da história da Nação), mesmo assim foi apeada do poder por um Congresso extremamente masculino, com apoio de uma Suprema Corte também majoritariamente masculina. 

CARGOS DE COMANDO

No Legislativo, nunca houve uma mulher presidindo a Câmara ou o Senado. A primeira mulher a assumir cargo de comando na mesa diretora do Senado, foi a senadora Eunice Michiles, em 1985, indicada para a uma função de baixo escalão, a quarta secretaria da casa. E foi também em 1985 que Dorothea Werneck assumiu o Ministério do Trabalho, como a única mulher a compor o ministério de José Sarney.  No Judiciário, apenas três mulheres chegaram ao STF: Ellen Gracie, Cármen Lúcia e Rosa Weber. Uma já não faz parte da corte, afastando-se em 2011, somente 11 anos após ter sido nomeada pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso, e sem ter ainda atingido o tempo máximo para aposentadoria compulsória, que é aos 70 anos. 

PRESENÇA SIGNIFICATIVA

No Poder Executivo atual, comandado pelo Presidente Lula, as representantes femininas alçaram presença mais significativa e expressiva. São 11 as mulheres integrando o primeiro escalão, embora nem atinjam a metade dos ministérios, que têm 26 homens. Com esse número de ministras, que é recorde na história do executivo brasileiro, o Presidente Lula parece querer reparar um pouco o desprestígio e falta de reconhecimento com que as mulheres têm sido tratadas no decorrer da história. 

FEMINICÍDIOS 

Mas, infelizmente, tem faltado poder e comando à mulher nos mais variados espaços da vida pública e na direção empresarial do país, muito tem sobrado de violência contra ela. Basta ver que o número de vítimas do feminicídio cresceu 5% no último ano. Foram 1,4 mil mortes motivadas pelo gênero, conforme apurou o Monitor da Violência. Enquanto, no ano passado, os assassinatos em geral tiveram uma queda de 1%, os crimes de feminicídio subiram 5%. 

CRESCIMENTO 

O Monitor da Violência traz uma estatística alarmante: considerando a relação entre os assassinatos gerais de mulheres com os crimes específicos de feminicídio, entre os anos de 2017 e 2022, veremos que houve um crescimento, em apenas 5 anos, de 13 pontos percentuais nos crimes de feminicídio. Em 2017, para 3.966 assassinatos em geral contra mulheres, 1.330 foram feminicídio, representando 22,9% do total. Em 2022, para 3.930 assassinatos em geral contra mulheres, tivemos 1.410 feminicídios, ou seja, 35,9% do total de mortes. E isso cresce ano a ano. 

DIFERENÇA DE GÊNERO

Trata-se aqui de mortes causadas por diferença de gênero, tendo como autores maridos, ex-maridos, namorados, ex-namorados, amantes ou ex-amantes, na sua imensa maioria. Esses assassinos são responsáveis por 75% das mortes de mulheres no Brasil. Trata-se de uma estúpida desigualdade, que está presente nas relações sociais, baseada na crença de que as mulheres são subalternas aos homens e que suas vontades são menos relevantes. A violência de gênero reflete a radicalização desta crença que, muitas vezes, transforma as mulheres em objetos e 'propriedade' de seus parceiros."



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