'Nossa vida melhorou em tudo'

Guaribas, no sertão do Piauí,foi a cidade que mais votou em Haddad

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Texto reproduzido mediante autorização. Leia a íntegra no site do The Intercept Brasil.

Natália Alves Duarte saiu de casa aos prantos. A dona de casa tinha recém visto uma das últimas pesquisas de intenção de votos para a Presidência no Jornal Nacional, que colocava Jair Bolsonaro quase 20% a frente do petista Fernando Haddad. Na calçada encontrou outros vizinhos, também desesperados. “A vida de nós aqui em Guaribas é chorar com medo do nosso candidato perder”, disse, enxugando o canto do olho.

Faltavam pouco mais de dez dias para as eleições, e os moradores do município, no interior do Piauí, estavam consternados com a possibilidade de vitória de Bolsonaro. Guaribas foi responsável pela maior votação de Haddad no país no primeiro turno. Lá o “candidato do Lula” recebeu 93% dos votos – um total de 2.785 – contra somente 58 votos para o atual líder das pesquisas, Bolsonaro. Assine nossa newsletter 

Natália aparenta bem mais do que os seus 54 anos. O trabalho “no rabo de uma enxada”, de sol a sol, deixou marcas. No passado, com um marido “bebedor” e seis filhos para criar, a falta de comida em casa era rotina. “A gente pisava a canjica no pilão, aí botava no fogo pra cozinhar pra dar aos filhos. Às vezes era só feijão com farinha”, lembra. Ela atribui ao governo Lula a mudança na sua situação e na dos vizinhos. Em 2003, durante o primeiro mandato do petista, a cidade do sertão piauiense foi escolhida como piloto do programa Fome Zero. De fato, os dados do IBGE mostram que as condições de vida em Guaribas melhoraram a partir do programa. A taxa de mortalidade infantil passou de 43,96 óbitos por mil nascidos vivos em 2004 para 16,95 em 2014, que são os dados mais recentes. O Índice de Desenvolvimento Humano, que era de 0,214 em 2000, comparável a Serra Leoa, mais que dobrou, chegando a 0,508 em 2010. Ainda entre os 100 menores IDHs do Brasil, mas suficiente para passar de baixo para ‘médio desenvolvimento’ na classificação das Nações Unidas.

“Hoje nós já dorme, já come. Cada um tem sua moradia, tem água dentro de casa, tem o fogão que pode usar um botijão de gás. Nossa vida melhorou em tudo. Se Deus o livre o candidato do PT perder, nós não sabe o que será da vida. Pra nós, voltar pra solidão é muito triste”, diz Natália.




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