Novas regras aumentam precarização da mão de obra

Em casos de teletrabalho e trabalho intermitente, por exemplo, é possível apontar situações complicadas para os trabalhadores. Especialista explica como novas formas de trabalho exigem do empregado

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A taxa de desemprego atinge a casa dos 12,5%, atingindo 12,6 milhões de brasileiros. As novas formas de trabalho caminham na contramão, como forma de colocar os “desocupados” para trabalhar. No entanto, as novas formas de emprego e renda caminham junto com a precarização da mão de obra.

Em casos de teletrabalho e trabalho intermitente, por exemplo, é possível apontar situações complicadas para os trabalhadores. “Por enquanto, essas pessoas estão sem proteção. Os trabalhos intermitentes vieram como uma flexibilização, para segurar um pouco a taxa de desemprego. As pessoas são remuneradas pelo trabalho e produtividade. Essas pessoas podem até trabalhar menos, mas também acabam ganhando menos”, explica Tânia Soares, profissional de Recursos Humanos com especialidade em Gestão de Pessoas, que participou do programa Notícia da Boa na TV/Rádio Jornal Meio Norte. 

Tânia Soares, profissional de Recursos Humanos em entrevista ao programa Notícias da Boa | Crédito: Lucrécio Arrais

Essas pessoas acabam ficando sem proteções inerentes à carteira assinada. “Não há direitos ou qualquer tipo de proteção. Isso gera vários problemas, como insegurança, ansiedade, depressão. As pessoas se desgastam. Quando você é um trabalhador autônomo, você fica muito vulnerável”, acrescenta a especialista.

O teletrabalho também pode ter uma rotina estafante. “Ouvimos muitos nas empresas que é tudo preso em sistema. Não dá para argumentar. No teletrabalho, é preciso foco, planejamento e disciplina, considerando que ninguém vai te cobrar. Você vai se autocobrar, tanto em carga horária como em resultado. O teletrabalho começou no alto escalão, veio mais organizado. Mas os entregadores, a prestação de serviço, há uma precarização maior”, analisa Tânia Soares.

Será que vale a pena?

Em alguns casos, o trabalho termina saindo mais caro. Um motorista de Uber, por exemplo, que gasta mais com a manutenção do carro do que ganha com a profissão, precisa rever o planejamento financeiro. O mesmo vale para o web-designer, que trabalha de casa e precisa arcar com luz, internet e manutenção de equipamentos em um contrato de teletrabalho.

Tudo precisa estar na ponta do lápis. “Você precisa arcar com os encargos financeiros. É preciso somar o líquido daquilo que você produz para ver se vale a pena. É necessário um planejamento financeiro para arcar com custos com um computador, por exemplo. O teletrabalho veio junto com a intelectualidade”, conta Tânia Soares, profissional de RH.

Para Leonardo Meira, que começou a trabalhar recentemente em aplicativos, a situação deste tipo de trabalho ainda é problemática. Principalmente no que diz respeito à segurança. “Às vezes os preços das corridas são muito pequenos e não compensa. Tem também o problema das pessoas que chamam Uber para terceiros, como aconteceu na rodoviária, quando duas mulheres assaltaram um motorista. Deveria haver um controle maior”, conta. (L.A.)

Entregador de mercadorias por aplicativo aguarda novo atendimento em praça | Crédito: José Alves Filho

Mercado exige qualificação

A busca por especializações e novas qualificações permanece, apesar das novas formas de trabalhar. “Nós temos que ter a consciência que o conhecimento é algo adquirido, mas não é apenas isso. É preciso ter habilidade para aplicar o conhecimento na prática. É preciso desenvolver habilidades e ter atitude, ser proativo. Não devemos esperar cobranças, e sim fazer isso. É preciso se especializar e ter vários conhecimentos”, revela Tânia Soares.

O mercado de trabalho nasceu machista. “Antes era valorizada a força física, tanto que por isso que os homens entraram primeiro no mercado de trabalho. Hoje valorizamos o conhecimento, habilidades e competências voltadas para a atitude. É preciso ter uma visão do todo, não só da sua parte, além de ter um sentimento de fazer parte daquilo”, considera a profissional de RH.

Até mesmo as questões pessoais são levadas em conta com as novas formas de trabalho. “Nós entendemos que a empresa é extensão da família. Quanto tempo você passa na empresa? Oito horas? Cinco vezes por semana? Às vezes passamos mais tempo com nossos colegas que com nosso próprio lar. Hoje em dia as novas modalidades de trabalho não têm esse vínculo. As pessoa trabalham por aplicativos, com pouco contato com outro seres. A tendência é ter mais contato com máquinas que pessoas”, finaliza. (L.A.)



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