Número de veículos fabricados na Renault do Brasil por dia salta de 300 para 450

As empresas do setor no Brasil já apresentam sinais de retomada da produção

Apesar de os funcionários a mensagem ainda é de cautela | Terra
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O pedido adicional de US$ 21,6 bilhões feito pela General Motors e Chrysler ao governo americano, na terça-feira 17, não deixou dúvidas de que a ameaça de falência das duas montadoras é real. Tanto a GM quanto a Chrysler já foram contempladas com vultuosas quantias liberadas pelo Tesouro americano em dezembro ? US$ 13,4 bilhões para a primeira e US$ 4 bilhões para a segunda ?, mas alegam precisar de mais. Juntas as duas gigantes do setor automobilístico devem demitir 50 mil funcionários em todo o mundo até o fim do ano. Na contramão do que ocorre nos Estados Unidos, empresas do setor no Brasil já apresentam sinais de retomada da produção, que atingiu níveis muito baixos em dezembro.

?Algumas montadoras tiveram uma postura conservadora. Talvez tenham errado a mão e agora voltam atrás em alguns acordos com os trabalhadores?, explica a economista Mariana Oliveira, da Tendências Consultoria Integrada. Apesar de funcionários serem chamados de volta às fábricas e de filas de espera ? de até dois meses ? para a entrega de alguns modelos no mercado, a mensagem ainda é de cautela. ?O cenário não é otimista, e não significa que todo o movimento de ajuste e de cancelamento de contratos vá ser totalmente revisto?, explica Mariana. Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores), concorda.

?A boa notícia é que houve uma interrupção na queda das vendas de automóveis, mas até a recuperação total dos níveis anteriores temos um longo caminho a percorrer?, diz. Ele reconhece que as filas surgiram com as férias coletivas de dezembro e credita o aumento da procura às promoções anunciadas nos últimos meses e à redução da taxa de juros e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). ?O consumidor fechou o negócio em janeiro porque era vantajoso e aceitou receber o carro depois.

O desafio das montadoras agora é a concorrência. É preciso correr para retomar a produção antes que o consumidor opte por outra marca. A Renault do Brasil encerrou o último mês vendendo mais oito mil veículos ? crescimento de 14,7% em relação ao mesmo período do ano passado e de 13,5% se feita comparação com dezembro. Por conta disso, metade dos mil trabalhadores da fábrica de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, que entraram em licença remunerada por cinco meses a partir de 5 de janeiro, foi chamada de volta. A montadora, que havia decidido no final de dezembro suspender cerca de 30% de sua força de trabalho, quer agora aumentar a produção de 300 para 450 veículos/dia. Os metalúrgicos devem retomar seus postos de trabalho a partir de meados de março. Mesmo com as recontratações, o presidente da Renault do Brasil, Jérôme Stoll não acredita em erro de avaliação dos efeitos da crise no País. ?Apesar da leve recuperação do mercado em janeiro, continuamos cautelosos em relação ao comportamento da economia nos próximos meses?, explica ele. Stoll, porém, ressalta: ?É preciso destacar que governo brasileiro reagiu rapidamente e, em minha opinião, ele deve continuar nesse caminho, para evitar que a crise mundial nos afete de forma ainda mais dura.?

A Volkswagen reconhece problemas na pronta-entrega de modelos populares ? sobretudo os mais equipados e em cores especiais ? e resolveu também manter postos de trabalho. Mais de uma centena de funcionários temporários comemora a renovação de seus contratos com a montadora. Além disso, a empresa antecipou para este mês o pagamento da primeira parcela do 13o salário dos 22 mil funcionários das fábricas de São Bernardo do Campo, São Carlos e Taubaté, em São Paulo, e de São José dos Pinhais, no Paraná. No mês passado, a montadora vendeu 1,8% a mais do que em dezembro.

Depois de melhorar em janeiro, as vendas de automóveis e veículos comerciais leves continuam a apresentar resistência à crise. Na primeira metade de fevereiro, o crescimento foi de 15,56% em comparação com o mesmo período de janeiro e 7,4% em relação à primeira quinzena de fevereiro de 2008, de acordo com dados divulgados pela Fenabrave na terçafeira 17. A notícia foi divulgada no mesmo dia do anúncio do pedido de mais dinheiro feito pelas montadoras GM e Chrysler ao governo Obama. Mesmo com uma melhora do otimismo empresarial, os números totais de fevereiro devem ser menores do que os de janeiro, quando foram vendidas 186.100 unidades. O motivo, porém, tem mais a ver com o fato de fevereiro ser um mês mais curto. E, se o setor automotivo brasileiro começa a respirar mais aliviado, o de autopeças, diretamente ligado a ele, ainda sente os efeitos da postura conservadora de dezembro. Com uma redução em 40% dos pedidos, a ZF do Brasil, em Sorocaba, interior de São Paulo, é um exemplo. Deu férias coletivas, na quarta-feira 18, a 1,6 mil trabalhadores, 70% de sua mão de obra, e 236 funcionários já foram demitidos por conta da crise.



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