Os garimpos ilegais e o genocídio de povos indígenas, por José Osmando

Levantamento aponta consequências do avanço do garimpo ilegal nas terras indígenas

Quase 100 crianças morreram na Terra Indígena Yanomami em 2022 | div
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José Osmando de Araújo 

O que estamos vendo, desde a última sexta-feira, é uma tragédia publicamente anunciada. A situação de calamidade instalada nas aldeias dos Yanomamis, em Roraima, configurada na fome, na inanição e na morte de centenas de indígenas, especialmente de crianças, é algo que o bom-senso, para sua repulsa, aguardava que pudesse ser visto a qualquer hora. 

As terras dos Yanomamis – maior reserva indígena do país, foram invadidas e dominadas pela prática criminosa dos garimpos ilegais. Diante da condescendência explícita do governo passado, que fechou os olhos às invasões, e paralisou os órgãos de controle e fiscalização das reservas ambientais e indígenas do país, os garimpeiros foram-se avolumando, ganhando força e autonomia. 

Quase 100 crianças morreram na Terra Indígena Yanomami em 2022

PISTAS CLANDESTINAS 

Um levantamento feito em agosto do ano passado, com base em informes oficiais, indicou que na Amazônia existem hoje 362 pistas de pousos clandestinas próximas de áreas devastadas pelos garimpos. Por trás dessas pistas, funciona uma cadeia de tráfico ilegal de ouro, que abastece, sobretudo, Canadá e Reino Unido, as rotas preferenciais da clandestinidade oficializada. 

CONTAMINAÇÃO 

Essas pistas servem aviões que chegam carregados de combustível e mantimentos, peças-chaves para fazer funcionar um sistema que contamina os rios e todos os demais lençóis freáticos, de mercúrio, promove desmatamentos incessantes, com isso afastando os indígenas que fogem para o meio das florestas na busca da caça e da pesca com que sobrevivem, assim criando o ambiente propicio à fome, à inanição e à morte de centenas de seres humanos, com especial destaque para idosos e crianças. 

GENOCÍDIO 

Somente nos quatro anos desse governo que findou, foram 570 crianças mortas entre os Yanomamis, 100 delas apenas durante o ano de 2022. Trata-se, claramente, de verdadeiro, inconcebível e repugnante genocídio. 

O que estamos vendo só agora, é algo existente há vários anos, que foi se agravando no decorrer do governo passado. Pouco se sabia, porque os jornalistas não tinham autorização da Funai para ir até às aldeias. Agora, com a mudança de governo, surge a realidade. E aí se vê que, com o barulho das máquinas, os animais que são caçados como alimentos pelos nativos, afastam-se ainda mais para o interior das floretas, os rios ficam contaminados por mercúrio, que mata os peixes e é rigorosamente danoso à saúde humana. Sem os alimentos da caça e da pesca para nutrir a família, e com as águas contaminadas por veneno, vem a fome, a inanição e morte. 

Levantamento aponta consequências do avanço do garimpo ilegal nas terras indígenas 

E que escodem os garimpeiros ilegais com essa conduta criminosa? 

Simplesmente, que a ação que eles comandam, invadindo e destruindo as terras indígenas, promovendo a mais intensa e incessante devastação de florestas, enfim causando a morte de centenas de indígenas, tem um motivação forte para eles: mandar ouro para o exterior, de maneira clandestina, ilegal, abastecendo o mercado estrangeiro, sem deixar um único centavo para o governo brasileiro. 

GARIMPO LEGAL 

Ao contrário do garimpo legal, que é permitido desde que não se instale em reservas ambientais e em terras indígenas, e que aceitem regras elementares quanto a desmatamentos, tem o controle da Caixa Econômica e de outros organismos oficiais, e pagam seus impostos ao governo, gerando emprego de modo organizando. 

GARIMPO ILEGAL 

O garimpo ilegal, por sua vez, que só fez crescer no Brasil nesses últimos 5 anos, faz engordar os clandestinos, favorece as grandes mineradoras internacionais e, seguramente, deve trazer algum tipo de vantagem e benefício para aqueles que fizeram vistas grossas à sua conduta criminosa. Isso precisa ser investigado com rigor.



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