Pandemia: com crianças em casa número de abusos cresceu

Dados do Conselho Tutelar da região Leste de Teresina mostram uma faceta cruel do abuso sexual de crianças e adolescentes

Casos de abuso de crianças tiveram aumento com pandemia | Raissa Morais
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A pandemia da Covid-19 colocou as pessoas dentro de casa durante boa parte do ano de 2020. O resultado é assustador e mostra como o ambiente doméstico pode ser perigoso para crianças e adolescentes. Dados do Conselho Tutelar de Teresina da zona Leste mostram que os números diminuíram após as crianças voltarem para as salas de aula.

Em 2020, foram 41 casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes apenas na região Leste. Em 2021, o número caiu para 29 casos. O balanço mostra que os casos durante o auge das medidas restritivas foram até 41,38% maiores que em 2021.

Casos sde abuso aumentam com pandemia - Raíssa Morais

Problema continua

Em 2022, de janeiro até abril, foram 16 casos registrados apenas nos bairros da região Leste de Teresina, o que mostra que o problema continua sendo uma realidade na capital. Mas o problema não é apenas em Teresina, mas sim em todo o Brasil.

Para o conselheiro tutelar Ivan Cabral, esta é uma questão séria que precisa ser combatida. 

"A gente sabe que existe o problema. Em qualquer maternidade existem casos de crianças, pré-adolescentes e adolescentes que acabam sofrendo isso. É uma realidade que o Brasil vive, inclusive o Piauí, que não foge dessa realidade. Abuso sexual é contra menor de 14 anos. O chamado estupro de vulnerável", revela.

Dados são espelho da realidade com relação ao abuso sexual - Raissa Morais

Pandemia

Sobre os dados, Ivan afirma que eles não são o espelho da realidade. "Sabemos que esses números estão subnotificados. Em 2020, com a pandemia, aumentou o número por conta do contato maior com o seio familiar. Os abusadores estão na própria família", acrescenta.

A sociedade precisa se conscientizar da importância do denunciar.

 "Não podemos nos calar porque é o pai, o avô, o tio. O pai tem o direito e a obrigação de zelar, mas é o principal abusador. É preciso procurar o Conselho Tutelar, o Ministério Público, a polícia. Toda violação precisa ser investigada, mas essa é cruel", aponta.

Conseleiro alerta que abusadores estão na própria família - Divulgação

A dor do abuso sexual

O abuso sexual de crianças e adolescentes é uma prática que atravessa gerações. Através da plataforma Reddit, muitos casos e experiências são compartilhadas, como forma de dar apoio a pessoas que podem estar sendo vítimas mesmo sem se dar conta disso.

L.S.D., de 45 anos, sofreu abuso sexual aos 11 anos. "Um primo meu gostava de mexer nas minhas partes íntimas. Um dia ele lambeu e beijou com muita força, ao ponto de ficar as marcas. Minha mãe descobriu, mas colocou panos quentes na época. Ele morreu anos depois e me senti um pouco melhor, mas nunca esqueci", relembra.

Já J.D.P, de 32 anos, afirma que foi vítima de um tio.

 "Ele me colocava na perna para brincar de cavalinho e eu sentia uma coisa rígida forçando minhas partes íntimas. Embora fosse por cima da roupa, depois que cresci percebi como aquilo era nojento. Quando eu era abusado eu não percebia", aponta.

Estupro de vulnerável cresce no país - Raíssa Morais

Aborto legal em casos de crianças grávidas

O caso da menina de 11 anos que foi estuprada em Santa Catarina acendeu o sinal vermelho sobre a questão do aborto legal no Brasil, que é permitido em casos específicos. Jovens abaixo de 14 anos que mantenham relações sexuais, se enquadram no chamado "estupro de vulnerável", que permite o procedimento médico.

O caso ganhou repercussão em todo o país quando a juíza Joana Ribeiro Zimmer induziu a criança a não fazer o procedimento, até que abandonou o caso.  A menina conseguiu realizar o aborto na tarde desta quarta-feira (22). A informação foi confirmada pelo Ministério Público Federal na quinta-feira (23), debaixo de muita polêmica.



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