Piauienses se unem à fé para manter equilíbrio na pandemia de Covid-19

Com a pandemia do Covid-19, a busca por paz de espírito por meio da religião traz conforto a fiéis e abre caminho para acreditar que dias melhores virão

| Vanderson de Paulo JMN
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A fé que conforta

O mundo compartilha um pesadelo: uma doença altamente transmissível começou a se alastrar e em pouco tempo infectou pessoas em todos os continentes. Para evitá-la, a principal maneira é o isolamento— compulsório ou voluntário. Com as implicações práticas e psicológicas que isso representa, algumas pessoas têm encontrado na espiritualidade o equilíbrio necessário para enfrentar este cenário desesperador.

Em meio a tantas notícias da Covid-19, o casal de aposentados Alzaide Farias, 59 anos e Vicente de Sousa, 55, busca força na fé. Eles fixaram um crucifixo na porta da sala, o antigo testamento da Bíblia explica quando o povo de Deus estava tendo suas casas invadidas pelo mal, as portas foram marcadas com o sangue de cordeiro e onde tinha essa marca o inimigo não invadiria.

Casal de aposentados se apoiam na fé para enfrentar a pandemia. Foto: Vanderson de Paulo JMN

“Colocamos a cruz de Cristo porque acreditamos muito em Deus e é uma forma de todos os meios de fé, amor, de proteção para vencer esse problema difícil. É nossa segurança”, afirma Alzaide.

Católicos e distantes da igreja que frequentam em razão do período de quarentena, eles aproveitam para passar o tempo mais juntos e manter a crença viva com as missas transmitidas on-line, seguindo as orientações do Papa Francisco.

“Reuni minha família e rezamos o Pai Nosso e a Ave Maria com muita fé como pediu o Papa às 12h em Roma e 8h aqui, se eu dissesse que a gente não tem medo do problema que estamos passando eu estaria mentindo, o medo está em todo lugar, mas a fé está na frente”, observa.

Vivência da fé

A radiologista Thiara Barbosa, 29 anos, é evangélica. Ela diz que a pandemia não abalou sua fé, mesmo sem ir aos cultos. “Tudo isso que está acontecendo vem sido dito na Bíblia. Deus proporciona que a gente busque a fé para se tranquilizar e eu não me abalei”, declara.

A radiologista Thiara Barbora ora no quarto clamando a Deus que tudo passe. Foto: Vanderson de Paulo JMN

Com a pandemia, Thiara explica que é possível manter a fé dentro de casa, com mais tempo para família, e que é plausível ter motivos para sair dessa quarentena. “Achava que o confinamento ia ser uma coisa mais tranquila porque tenho o costume de ficar em casa, porém estou ansiosa. Quero abraçar meus sobrinhos, amigos, voltar para academia e para meu estágio, peço a Deus paciência todos os dias para dar tudo certo”.

Atividades suspensas

Devido ao avanço das infecções do coronavírus no PI, as igrejas e outros templos religiosos devem permanecer fechados durante o período de isolamento determinado em decreto estadual e municipal.

De acordo com o pastor Domingos, da Igreja Batista do Bela Vista, as orações agora deverão ser feitas de casa. Segundo Ele, a espiritualidade é essencial para manter o equilíbrio em meio a tantas tragédias.

“Mais do que nunca, nessas horas de adversidades, de insegurança, buscar a Deus é, em nossa perspectiva, uma necessidade premente. Creio que há um Deus que está no controle de todas as coisas, e que nada acontece sem o seu consentimento e ação. Por isso, nunca olhamos situações como essas apenas pelo víeis negativo, visto que compreendemos que se Deus permitiu, deve haver um propósito”, pontua.

Na visão dele, o mundo vive uma situação de tragédia social e é evidente a preocupação geral. “Pessoalmente acredito que este é um tempo para as pessoas se voltarem para Deus, o amarem mais, se submeterem à sua vontade. Temos hoje uma sociedade secularizada, que muitas vezes zomba de Jesus (vide o caso dos enredos do carnaval) mas mais do que isso, é uma geração, me incluo nela claro, que só pensa em Deus na dor”, expressou.

Na avaliação do padre Francisco Cabrini, da Diaconia de Santa Tereza, zona rural de Teresina, a espiritualidade do Evangelho ajuda a entender e a confortar-se, sabendo que a vontade de Deus é soberana em meio ao medo.

“Primeiro é preciso confiar em Deus significando não entrar em desespero, se posicionando psicologicamente com confiança e serenidade. Segundo, a Igreja orienta a ouvir as autoridades sanitárias sobre os riscos ao Covid-19”, reforça o religioso.

 “Lembrando do episódio da Arca de Nóe, quando veio o dilúvio Noé foi levado por Deus a ficar na barca com sua família e quando passou a cheia, eles saíram, de forma que estamos passando por uma espécie de dilúvio. O Evangelho nos coloca que surgirão problemas ao longo do tempo, mas também nos diz que não é o fim, Jesus fala para nós ‘essas coisas surgirão, mas não é o fim, quem permanecer fiel, será salvo’”.

A lição que o sacerdote propõe a enxergar é que buscar a paz de espírito por meio da religião traz conforto a fiéis e abre caminho para ter motivos positivos para sair dessa quarentena acreditando que dias melhores virão.

 “Temos uma oportunidade agora de estarmos parados de uma sociedade muito barulhenta, ansiosa, cheia de correria, estamos tendo oportunidade de fazer silêncio, de ouvir o silêncio a nossa volta, de sentir o vento balançar ao redor da nossa casa, do apartamento, é uma oportunidade de meditar a palavra de Deus e dessa maneira sairemos fortalecidos”, confessa Francisco Cabrini.

A rotina, que parecia tão frenética, entrou em colapso, e nessa “parada”, damos conta dessa fragilidade chamada de vida. Então, qual é o seu motivo para sair dessa quarentena?



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