Polícia Federal coloca película negra em janela da cela de Temer

Segundo relatos, o ex-presidente manifestou irritação ao chegar ao local e se injustiçado

| Amanda Perobelli-Reuters
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Desde a noite desta quinta-feira (21), o ex-presidente Michel Temer está acomodado em uma sala escura na Superintendência da PF no Rio, onde cumpre prisão preventiva (sem julgamento e por prazo indeterminado). Apesar de amplo —com três ambientes, incluindo banheiro privativo— o aposento foi totalmente lacrado para receber o prisioneiro.

Antigo escritório do corregedor da PF, a sala teve as janelas vedadas com chumbo derretido. Além de “chumbadas”, as janelas foram cobertas de película negra, impedindo a vista ao pátio interno do prédio.

O chumbo é para impedir fuga. Já o revestimento preto impede que seja visto e tenha acesso ao pátio do prédio.

Sem iluminação natural, a sala mantém luminárias permanentemente acesas. Localizada no terceiro andar da superintendência da PF, o aposento tem uma sala maior —dividida por uma grande mesa de reunião— e uma antessala, onde fica um sofá e cadeiras.

Na sala maior, há uma aérea de trabalho, com mesa e cadeira. No lado oposto, em um canto, há uma cama de solteiro. Ao lado da mesa, está um frigobar. Uma TV também será levada ao local.

À noite, ofereceram jantar ao ex-presidente. Mas Temer recusou a oferta. Segundo relatos, ele manifestou irritação ao chegar à sala e se injustiçado.

O ex-ministro Carlos Marun, que visitou o ex-presidente nesta manhã, diz que, sem as janelas, a luz artificial fica ligada o tempo todo. Ainda segundo ele, o aposento é um escritório adaptado: "Não é o ideal. Mas ele está sendo bem tratado", disse o ex-ministro.

Segundo Marun, Temer tem manifestado muita preocupação com sua família. O ex-presidente teme, entre outras coisas, que o caçula seja hostilizado na escola. "Ele está sem contato externo e fica preocupado. Mas eu disse que está tudo bem. Que é hora de se preocupar com ele", conta Marun.

Em sua decisão sobre o local da prisão, o juiz Marcelo Bretas determinou que a PF forneça, se tiver condições, "itens mínimos" compatíveis com os oferecidos a Lula em Curitiba.

"Entendo que o tratamento dado aos ex-presidentes deve ser isonômico, uma vez que o ex-presidente Lula está custodiado na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba", escreveu o juiz.

Inicialmente, Bretas havia determinado que Temer fosse enviado ao Batalhão Especial Prisional (BEP), unidade gerida pela Polícia Militar do Rio em Niterói, na região metropolitana da capital.

Reservada a policiais, a unidade mantém hoje o ex-governador Luiz Fernando Pezão, acusado de participar do esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral.

A mudança foi feita a pedido da defesa de Temer e após consulta à Polícia Federal, que afirmou ter condições de custodiar o ex-presidente, preso na manhã desta quinta (21) na Operação Descontaminação, que apura corrupção em obras da usina nuclear Angra 3.

O ex-presidente chegou ao local no início da noite e foi recebido por cerca de dez manifestantes que gritavam "golpista" e "ladrão".

O ex-ministro Moreira Franco e João Batista Lima Filho, o coronel Lima, ficarão no BEP, segundo decisão de Bretas. Na unidade há uma sala de Estado-Maior, mais espaçosa e com mesa e banheiro, onde hoje está Pezão.

Amanda Perobelli-Reuters



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