População sofre com ruas sem pavimentação no Anita Ferraz

Na rua Canaã, uma das principais do bairro, não tem pavimentação

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Famílias vivendo em meio a mais completa falta de infraestrutura, sendo expostas à poeira, lama, mato, lixo e mosquitos. Essa é a triste realidade de parte da população do bairro Anita Ferraz, zona Leste de Teresina. Um trecho na Rua Canaã, umas das principais vias do bairro, não possui nenhum tipo de pavimentação, trazendo uma série de transtornos à mobilidade e à saúde dos moradores.

“Já faz um tempo que moramos nessa parte da rua. Aqui é horrível o ano todo, mas principalmente quando chove, a água vem até a 'canela' da gente e tudo fica cheio de lama, piorando tudo”, diz a dona de casa Geycielle Costa.

Para piorar a situação, o trecho é extremamente íngrime e muito perigoso, pois, pela falta de pavimentação, existem pedras soltas, além de lama, formada pelo acúmulo dos esgotos domiciliares e buracos, muitos buracos, que põem em risco a integridade física dos moradores, que a qualquer momento podem se acidentar e rolar ladeira abaixo.

“Aqui o carro de lixo não sobe, ambulância não sobe, se a gente compra móveis ou materiais de construção eles não vêm entregar aqui. A gente ainda corre o risco de escorregar e cair por conta das pedras soltas”, relata a dona de casa Francisca Santos.

Quem sofre mais ainda com essa situação é a dona de casa Francisca das Chagas Alves, que tem um filho de 14 anos que é cego, autista e com dificuldades de locomoção. Emocionada, a dona de casa relata a odisseia diária para levar o filho até o bairro Monte Castelo, zona Sul, onde a criança recebe tratamento médico, tudo porque, sem a pavimentação, o carro do Transporte Eficiente, que é um direito de seu filho, não consegue acessar a Rua Canaã.

“Aqui a dificuldade é o ano todo. No verão é com a poeira e as pedras, meu filho é alérgico e vive doente. No inverno é a lama que aumenta e eu morro de medo de ele cair e eu também. Já pedi o carro do Transporte Eficiente para passar por aqui, mas com essa situação eles não vêm. Eu preciso carregar o meu filho de 14 anos, que é cego, autista e ainda tem problemas mentais para fazer o tratamento no bairro Monte Castelo. Ainda bem que os motoristas de ônibus e passageiros me ajudam, porque, às vezes, ele tem alguns surtos no percurso”, relata. Por fim, a Rua Canaã cruza com a Rua Projetada, outra via sem nenhum tipo de pavimentação.

Mato e galerias trazem riscos à saúde dos moradores

Outro problema sério da Rua Canaã e de outras ruas do entorno, como a Mirindiba e a da Circulação, é que estas estão tomadas pelo mato e pelo lixo. É praticamente impossível ver os acostamentos das vias, quando elas existem, pois o matagal que cobre as calçadas chega até os acostamentos, empossando o esgoto das residências, o que causa mau cheiro e a proliferação de mosquitos.

As ruas ainda sofrem com o despejo indevido de lixo. A população lança os dejetos nos espaços tomados pelo mato e em galerias de esgoto, potencializando ainda mais a proliferação de doenças, fazendo dos locais criadouros em potencial do mosquito Aedes aegypti, transmissor das arboviroses dengue, zika e chikungunya.

No cruzamento das Ruas da Circulação e Timorante, uma galeria a céu aberto tem trazido uma série de riscos à saúde dos moradores, já que antes de chegar às ruas, ela atravessa o quintal de muitas residências. No final da Rua da Circulação, nos fundos de um condomínio de luxo da capital, outras duas galerias estão entupidas por conta do acúmulo de lixo. O local é fétido, cheio de lama e com muitos mosquitos.

“Aqui é como você vê, muita sujeira, mosquito e um fedor horrível. É uma situação muito ruim, principalmente por causa das crianças, por causa do acúmulo de mosquitos. Se não for a gente limpar ninguém vem não. Muita gente já adoeceu, não sei se por causa só dessa galeria, mas que tem a ver, tem”, relata a estudante Luana Cardoso que mora em frente à galeria entre as Ruas da Circulação e Timorante.

Alguns moradores afirmam que o acúmulo de lixo se dá porque o caminhão da coleta não adentra as ruas sem pavimentação. Aqueles que não levam o lixo até o ponto onde o carro passa, acabam lançando em local indevido ou então queimam os dejetos.

A equipe de reportagem do Jornal Meio Norte procurou a Superintendência de Desenvolvimento Urbano Leste (Sdu Leste) para buscar esclarecimentos sobre a situação das ruas. Por telefone, o gerente de obras do órgão, José Alberto, informa que infelizmente ainda não há nenhuma previsão orçamentária, este ano, para a pavimentação do trecho da Rua Canaã. Em contrapartida, outras vias do entorno receberão pavimentação poliédrica, como as ruas Mirindiba, Timorante, Projetada e Jandaíra, esta última com obras em andamento.

“São dois contratos que somam aproximadamente R$136 mil para as ruas Mirindiba, Timorante e Projetada. Estes já foram licitados e estão em fase de contratação. Outro contrato, de R$74 mil, é só para a Rua Jandaíra, que inclusive já está em execução. A Rua Canaã não está inclusa este ano, mas no ano que vem, pode ser que seja feita a pavimentação por meio de uma emenda parlamentar, orçamento popular ou outro meio financeiro”, garante Alberto.

Em nota, a SSU Leste informa, ainda, que vai programar os serviços de limpeza a fim de sanar os problemas relacionados ao mato, lixo e galerias entupidas. No entanto, a superintendência solicita também o apoio da população no sentindo de fazer o acondicionamento do lixo da maneira correta e também em evitar despejar materiais em praças, galerias, no meio de ruas e avenidas, por exemplo. A Sdu pede ainda a colaboração da comunidade com informações ou denúncias sobre descarte incorreto de lixo domiciliar pelo número (086) 3215 7875 e o 3215 7874.

População convive com a falta de água

A população da Rua Canaã relatou à equipe do Jornal Meio Norte que é constante a falta de água no trecho. Segundo os moradores, eles passam o dia inteiro sem água que volta, às vezes, no período da madrugada.

“Aqui falta água direto. Agora mesmo eu estou sem água e ela faltou ontem ainda. É muito difícil, ainda mais com criança pequena”, reclama dona Francisca Santos. “Só vem de madrugada. Ainda bem que eu aprendi a poupar senão iria sofrer mais. Comprei foi três caixas d'água para encher na madrugada”, relata Francisca das Chagas.

O Jornal Meio Norte buscou esclarecimentos junto à Água e Esgotos do Piauí SA (Agespisa). Em nota, a empresa informa que a falta de água do bairro Anita Ferraz, em parte, ocorre por causa de um dano num registro de rede, localizado no cruzamento da Rua Tio Bentes com a Avenida Presidente Kennedy, bairro Morros. Uma equipe foi deslocado para resolver o problema ainda ontem (13). A Agespisa garante que o abastecimento será regularizado gradativamente, à medida que os reservatórios sejam reabastecidos.

Repórter: João Cunha



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