Preço dos alimentos dispara e assusta consumidores em Teresina

Levantamento do Jornal Meio Norte em quatro grandes redes de supermercados mostra que os preços dos alimentos estão em alta. É preciso pesquisar: diferença entre cestas básicas chega a R$ 112,68

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João Henrique Bezerra

Do Jornal Meio Norte

Que 2020 foi um ano difícil para o consumo das famílias brasileiras, disse ninguém tem dúvida. Ainda mais quando o assunto é alimentação. A divulgação, semana passada, da inflação oficial pelo Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística (IBGE) mostrou isso. A taxa ficou em 4,52%, índice acima do centro da meta, definido pelo Conselho Monetário Nacional, que era de 4,0%. Trata-se da maior inflação desde 2016. E foi justamente o setor de alimentos e bebidas que teve o maior peso no bolso dos consumidores. 

A alta nos preços de alimentos e bebidas nos principais supermercados do país foi a única, entre os grupos de produtos e serviços analisados pelo IBGE, que fechou 2020 com dois dígitos: 14,09%, na verdade o maior desde o longínquo ano de 2002 (19,47%). E esse índice foi construído em cima de altas consideradas astronômicas nos produtos de compõem a cesta básica nacional, como por exemplo o óleo de soja (103,79%), o arroz (76,01%) e o tomate (52,76%). 

Preços dos itens da cesta básica estão em alta em 2021

E esse crescimento decorre principalmente dos efeitos da pandemia da Covid-19, que impulsionou a demanda por esses produtos. Outro fator que influenciou foi a alta do dólar e dos preços das commodities no mercado internacional. “Na verdade, ano passado tivemos um movimento global de alta nos preços dos alimentos, em um ano marcado por pandemia”, afirmou o economista Francisco Sousa, acrescentando, porém, que a tendência é que os preços continuem altos pelo menos até o primeiro semestre de 2021. 

De acordo, ainda, com o economista, diversos fatores poderão continuar influenciando na alta dos preços, esse ano, como a questão climática, que tem afetado bastante alguns estados produtores - que hora registram chuvas, outras não -, e ainda por conta da pandemia, já que muitos países podem querer fazer estoque para atender a demanda da sua população. “Mas, o dólar ainda em um patamar muito alto, por si só, já contribui muito para a manutenção de continuidade de altas em alguns produtos”, conclui.

Diante dessa previsão dos especialistas, um tanto quanto pessimista, o Jornal Meio Norte foi a campo e fez uma pesquisa em quatro redes de supermercados em Teresina. Visitamos o Big Bompreço, Pão de Açúcar, Mix Mateus e Carvalho Super. Em todos eles, foi levantado o menor preços de cada produto que compõe a cesta básica brasileira (ver infográfico), referente ao Grupo 2, onde se encontra o Piauí, conforme estabelece o Dieese, que é o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos. 

De cara, foi verificado que dos 12 produtos da cesta básica, quatro aparecem com valores de dois dígitos a quantidade mínima: Carne; Arroz, Pão e Manteiga. E isso parece ser uma tendência para 2021. Produtos como óleo de soja, feijão e tomate, também apareceram, em alguns dos supermercados pesquisados, beliscando a casa dos dois dígitos. Já o produto mais barato encontrado no levantamento foi um quilo de açúcar cristal, no valor de R$ 2,75. 

Como no ano passado, a dupla dinâmica da alimentação básica brasileira, o arroz e o feijão, apareceram nas prateleiras dos quatro supermercados com preços considerados ainda, salgados. O maior preço do quilo do feijão, por exemplo, pode ser verificado no Pão de Açúcar, custando R$ 7,99, enquanto que o mesmo produto mais em conta foi encontrado no Carvalho Super, R% 4,49 o quilo. Já o arroz, o menor valor do saco de 5kg  estava no Mix Mateus – R$ 19,95, e o mais caro novamente no Pão de Açúcar, custando R$ 23,99. 

O preço da carne, também não fica para trás. A pesquisa foi feita no quilo do patinho, carne mais consumida entre as classes mais populares do país, conforme o IBGE. Mesmo assim, os preços estão nas alturas. Novamente no supermercado Pão de Açúcar foi verificado o preço mais alto, R$ 50,99 cada quilo. Enquanto que no Mix Mateus, o mesmo peso da mesma carne custa R$ 36,99, ou seja, uma diferença de R$ 14 entre um supermercado e outro. Uma economia que vale a pena. 

E é justamente esse conselho - a busca pelo menor preço, que os economistas continuam orientando na hora de fazer as compras. E isso se reflete diretamente no bolso do consumidor entre um supermercado e outro, a prova é o valor final da cesta básica calculado em cada um dos quatro supermercados pesquisados. Em ordem crescente de valores: Mix Mateus - R$ 415,31; Carvalho Super - R$ 449,90; Big Bompreço - R$ 494,47 e Pão de Açúcar – R$ 527,99. 

Diante desses valores, pode-se verificar uma diferença de R$ 112,68 entre o maior valor da cesta básica e menor. Além disso, o custo médio da cesta básica calculado neste levantamento ficou em R$ 471,91, que atualmente equivale a quase 43% do valor do novo salário mínimo brasileiro que é de R$ 1.100,00, já em validade desde o dia primeiro de janeiro. Lembrando que a cesta básica é para um mês inteiro e é calculada para alimentar uma família de no máximo quatro pessoas, sendo dois adultos e duas crianças.

Com esses valores e índices, quem realmente pena para driblar os aumentos e fazer malabarismo com o salário, cujo o mínimo teve reajuste abaixo da inflação, é o consumidor. A enfermeira Cynara Leite, 37 anos, por exemplo, fala que sempre que vai ao supermercado se surpreende com alguma alta. Já no início desde ano, ela se assustou com os preços da carne e a solução foi fazer algumas substituições. “Não deixamos de comprar a carne, porém, diminuímos mais a quantidade e passamos a comprar mais frango e ovos’, explica. 

O lado positivo dessa situação está no fato do Brasil ser um grande exportador de alimentos. Os agricultores recebem mais dólares e mais reais em momentos de alta como esses. Quando o agronegócio vai bem a situação econômica cidades pelo interior do país também vai bem.



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