Princesas empoderadas: projeto ensina direitos das mulheres

O Projeto Escola de Liderança para Meninas é desenvolvido pela ONG Plan International, que atua no mundo todo e está presente em Teresina desde 2014,

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O empoderamento feminino se tornou parte do cotidiano das 26 garotas que fazem parte do projeto Escola de Liderança para Meninas, que tem como finalidade garantir que essas jovens entre 13 e 19 anos, e que vivem em uma comunidade da zona rural de Teresina, tenham participação social, reconheçam seus direitos e tenham vez e voz.

Crédito: Reprodução Rede Meio Norte

O projeto oferece repertórios e insumos para que as meninas consigam aprender o que significa ser mulher e, principalmente, que elas reconheçam seu potencial, pois apenas por meio do reconhecimento do seu papel enquanto sujeitas das suas histórias e da história do mundo é que poderão tomar ciência das suas possibilidades de atuação.

Todas as vezes que uma menina se sentir capaz e participar de um debate, ela exercerá o poder. Mas, para saberem como e onde podem participar, precisam conhecer os espaços de participação, e esse é o ponto central da Escola de Liderança para Meninas.

A estudante Ana Maria*, de 16 anos, que faz parte da segunda turma do projeto, já tinha noção do poder que a informação pode trazer a uma mulher que conhece seus direitos, mas faltava o conhecimento, por isso quando conheceu o projeto durante a visita da educadora social Ludiane Pinto, em sua escola, fez questão de participar.

Jovem diz que  o projeto me ajudou a adquirir mais conhecimento | Crédito: Reprodução Rede Meio Norte

“A nossa educadora foi na escola onde eu estudo e falou sobre o projeto, foi quando eu e algumas amigas nos inscrevemos e hoje estamos aqui. Eu já tinha uma ideia sobre isso porque participo de movimentos relacionados à mulher, porém o projeto me ajudou a adquirir mais conhecimento e ter uma experiência mais vasta e conhecer melhor os direitos e assim estou evoluindo cada vez mais”, afirmou.

Crédito: Reprodução Rede Meio Norte

Formando líderes e multiplicadoras de conhecimentos

A educadora social Ludiane Pinto afirmou que o projeto traz essa contribuição de empoderamento e o resultado esperado é que, a partir dessa nova consciência, as meninas comecem a construir um outro olhar sobre si e sobre os lugares em que podem estar. Seja na escola, seja nos municípios ou nos bairros, que comecem a participar e continuem em processo de amadurecimento acreditando que o campo da participação política é um campo para as todas as meninas.

“Esse projeto iniciou em 2017. Em nível nacional já está na terceira fase, e aqui em Teresina estamos com a segunda turma, e possui toda uma metodologia que é aplicada e testada primeiro com a equipe da organização e depois a gente leva essa metodologia para as meninas. Temos como foco trabalhar questões como direitos, participação, e trazer para elas temas que façam com que elas se sintam motivadas a serem protagonistas das suas vidas”, declarou.

Ludiane Pinto, educadora social, reforça objetivo do projeto | Crédito: Reprodução Rede Meio Norte

Ainda de acordo com Ludiane Pinto, na Escola de Lideranças, não existe só uma ideia de que liderar não é somente ter um cargo de poder, mas também liderar dentro do espaço onde elas vivem. “Nós abordamos também questões relacionadas ao machismo, que está diretamente ligado a uma questão cultural e estrutura social, em que o homem se sente nesse papel de poder sobre a mulher, e a violência contra a mulher é resultado de uma estrutura patriarcal, e a gente vem nas nossas oficinas tentar romper com essas estruturas”, considerou.

As alunas da primeira turma agora já começam a multiplicar os ensinamentos em escolas e espaços públicos promovendo sensibilizações para discutir direitos das mulheres e violência de gênero. “Quando a gente fala em empoderar meninas, não é que a gente vai sair fazendo guerra contra os homens, a gente não quer ser contra ou maior que eles, a gente só quer alcançar um patamar de igualdade, e é objetivo do projeto: que essas meninas saiam daqui podendo discutir sobre direitos, igualdade de gênero, e assim serem multiplicadoras desses conhecimentos dentro dos seus espaços, seja na família, escola e amigos”, frisou.

O trabalho é desenvolvido pela ONG Plan International, que atua no mundo todo e está presente em Teresina desde 2014. O principal objetivo deles é atuar na defesa dos direitos da criança e do adolescente. Além de ações na capital do Piauí, eles também desenvolvem o projeto em Timon, Codó e São Luís, no Maranhão, e    ainda em São Paulo. (W.B.)

Crédito: Reprodução Rede Meio Norte

Trocando sábados ociosos por conhecimento

O currículo da Escola de Liderança para Meninas é composto por diversas temáticas, em que as meninas aprendem sobre direitos, sobre os espaços de controle social, sobre o que acontece em cada ambiente, permitindo que as meninas possam se reconhecer nesses locais.

Estudante diz que projeto fez a diferença em sua vida | Crédito: Reprodução Rede Meio Norte

Os encontros acontecem todo sábado, no período da tarde, em uma sala disponibilizada pela Fundação Padre Antônio Dante Civiero – FUNACI, e assim deu a possibilidade de um momento de capacitação para esse grupo de meninas com informações para que elas possam desenvolver suas habilidades de liderança e participação social e política.

Esse é o caso da estudante Juliana Oliveira*, de 16 anos, que revela que inicialmente não se interessou em participar do projeto, mas quando se deu conta de que passava o fim de semana em casa, ociosa e sem desenvolver nenhuma atividade, se deu conta de que os encontros iriam lhe proporcionar um maior conhecimento sobre seus direitos enquanto mulher.

“Eu me dei conta que aos sábados ficava só em casa, sem fazer nada, e me questionei ‘por que não participar?’. Ou seja, troquei os sábados ociosos pela oportunidade de aprender mais sobre mim mesma e sobre meus direitos como mulher”, afirmou. A jovem, que está namorando, revelou, inclusive, que costuma conversar com o namorado sobre o que aprende a cada encontro.

“Ele é aberto com relação a isso, tem coisas que ele não conhece, então eu converso muito com ele sobre o que é ser mulher, sobre ele ter que respeitar a mim mesma e outras mulheres”, acrescentou. Atualmente, Juliana conta que o projeto fez a diferença em sua vida, pois ela pode aprender, entre outras lições, que mulher tem direito a ter voz, que deve lutar por seus direitos.

Crédito: Reprodução Rede Meio Norte

Mudança de comportamento e novas decisões

Assim, por meio do conhecimento das histórias das mulheres, dos movimentos das mulheres e sobre a história de vida de outras meninas, são propostas atividades nas programações da Escola de Liderança, que pretendem demonstrar que, do seu lugar de meninas, as garotas também podem transformar suas realidades e provocar mudanças nesse mundo.

Essa mudança já é uma realidade na vida da Tais Sousa*, de 15 anos, que sempre foi muito tímida, introspectiva, além de sofrer bullying e discriminação no ambiente escolar, mas após as reuniões com o grupo, pode se fortalecer, conhecer seus direitos e ter voz diante de uma sociedade carregada por uma cultura patriarcal.

Cleide e a filha contam como o projeto ajudou a melhorar comportamento da jovem

“Eu era muito constrangida e insultada, mas após o projeto melhorou muito minha autoestima, me mostrou como me defender. Eu não era muito de falar, hoje eu já falo mais e quando vejo alguém sendo vítima de bullying eu ajudo, porque não é só comigo, mas com outras pessoas também, porque já sofri aquilo e sei que não é algo bom. Eu não sabia e não tinha ninguém para me defender, e agora com o projeto eu sei”, destacou.

A mudança do comportamento pode ser sentida em casa também. A mãe da jovem, Cleide de Sousa, confirmou que a filha passou a ter uma postura diferente após os encontros. “Ela está mais decidida do que quer da vida, se tornou mais empoderada. Ela sofria preconceito na escola, mas nunca falava nada quando chegava em casa, e eu sempre precisava ir na escola, mas hoje ela mesma sabe se defender”, pontuou. (W.B.)

*Foram utilizados pseudônimos para preservar as identidades das entrevistadas, que são menores de idade.



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