Professora de Arquitetura destaca as mudanças de Teresina em relação ao crescimento urbano

A esta época, também se observa um adensamento às margens do corredor de ligação entre a cidade e a antiga Vila do Poti, na região Norte”, ressalta Ângela Braz

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Teresina sob vários aspectos, na visão da professora Ângela Martins Napoleão Braz e Silva, em relação a alguns pontos do desenvolvimento urbano, até 1940 já era o maior centro urbano do Piauí, apresentava uma população de 34.695 habitantes (IBGE), percentual correspondente a 27,92% da população urbana do Estado, distribuída em um tecido urbano pouco maior do que o inicial.

Mas a partir de 1940 se observa a ampliação da área urbana, provocada pela construção de algumas obras de urbanização no início da década, tais como: a ponte metálica sobre o rio Parnaíba, em 1939; terraplenagem de ruas; pavimentação na avenida e pavilhões ligando os bairros: Vermelha, Pacatuba e Cajueiro.

“Estas obras refletem o crescimento de 48% da população urbana (IBGE, 1950) e representa o crescimento do tecido urbano até o rio Poti, seu limite natural a Leste.

A esta época, também se observa um adensamento às margens do corredor de ligação entre a cidade e a antiga Vila do Poti, na região Norte”, ressalta Ângela Braz, acrescentando que foi a partir da década de 1950, que as cidades do Piauí, principalmente sua capital Teresina, em paralelo às transformações políticas e econômicas que ocorrem em nível nacional, iniciam um processo de expansão resultante do crescimento dos setores de comércio e de serviços.

“A oferta de empregos e a procura por bons serviços trazem mais moradores para a cidade. A população urbana de Teresina, à época, aumenta em 91,23% (IBGE) - maior crescimento registrado em sua história”.

Ela cita os vetores de crescimento urbano, tais como na região Sul, em decorrência das condições favoráveis do terreno para a construção da rodovia federal BR-316, a implantação do distrito industrial e da estação de energia elétrica da Companhia Hidroelétrica de Boa Esperança/COHEBE, posteriormente incorporada à Companhia Hidrelétrica do São Francisco/CHESF.

Na zona Norte, a arquiteta lembra das questões geográficas, que inseridas, naturalmente, pela confluência dos rios Parnaíba e Poti, o que determinou o crescimento urbano pela ocupação das suas áreas vazias.

Crescimento vertical de condomínios

Ângela diz que no mesmo período, ou seja, de 1961 a 1986, o IAPEP construiu um conjunto habitacional de edifícios com três pavimentos, localizado no bairro Ilhotas, região Centro-Sul da cidade.

"Foram implantados blocos em um único quarteirão, destinados à classe média, e apresentava programa residencial básico com espaços de dimensões amplas.

Fachadas de tijolo aparente e esquadrias em madeira do tipo veneziana, pequenos jardins nas fachadas dos prédios, calçadas largas e área para estacionamento de veículos.

Também foram construídos conjuntos de habitações isoladas no Bairro São Cristóvão, zona Leste da cidade. Sua clientela pertencia à classe média", reitera.

A arquiteta explica que a COHAB/PI, criada para atender a demanda da população de baixa renda, também inicia suas atividades com a construção de pequenos conjuntos na zona Sul, como a Tabuleta (118 unidades); São Raimundo (49 unidades) e Monte Castelo (302 unidades).

Suas atividades consolidam-se em 1967, com a construção da primeira etapa do conjunto Habitacional Parque Piauí, durante o governo de Helvídio Nunes. "A quantidade de habitações produzidas, 2.294 unidades habitacionais, provocou impacto na zona Sul da cidade por estarem localizadas fora do perímetro urbano".

Ela diz também que comparando o período de 1971 a 1985, com os demais, constata-se que esta é a fase de maior crescimento da cidade. "Coincide com o período de maior produção da COHAB/PI e comprova seu papel como um dos principais agentes responsáveis pelo crescimento da cidade.

Nesta época, entre outros, a COHAB/PI construiu na zona Sul os seguintes conjuntos habitacionais: Cristo Rei (92 unidades); São Pedro (175 unidades); Bela Vista (2.054 unidades); Parque Piauí (2.794); Saci (2.034 unidades); Angelim (3.084 unidades); Cíntia Portela (176 unidades); Santa Fé (533 unidades) e Morada Nova (2.172 unidades), que representam 13.114 novos domicílios na zona Sul da cidade".

Construções de conjuntos habitacionais

A construção dos conjuntos habitacionais aconteceu a partir da década de 1980, quando foram construídos, na zona Norte, de acordo com a arquiteta Ângela Braz, dois grandes conjuntos, o José Francisco de Almeida Neto (5.130 unidades) e São Joaquim (824 unidades).

Na década anterior, foram construídos apenas os conjuntos União (80 unidades) e Primavera (287 unidades). O número de habitações produzidas na zona Norte, pela então, Companhia de Habitação do Piauí (COHAB/PI), equivale a 6.321 novos domicílios.

"Proporcionalmente comparados às outras zonas já citadas, estes conjuntos representam pouco menos de 50% do número de domicílios acrescidos à cidade.

Tal representatividade justifica-se pelo fato de que a zona Norte, já parcialmente ocupada, apresenta muitas áreas alagadiças e é confinada pelos rios Parnaíba e Poti. Nesta área, a interferência da COHAB/PI se deu apenas em relação à ocupação dos vazios urbanos", explica.

Outra grande obra, diz a doutora Ângela, foi a construção de nova ponte sobre o Rio Poty, na década de 1980, permitindo sua transposição e conexão com a zona Sul da cidade, fez da zona Leste outro vetor de crescimento físico para a área urbana de Teresina.

Segundo ela, a COHAB/PI aproveitou o baixo custo dos terrenos aí localizados e passou a construir grandes conjuntos na zona Sudeste da cidade.

"Nesta década, suas unidades habitacionais, somadas, totalizaram 12.083 novos domicílios. Entre outros, foram construídos os conjuntos habitacionais Dirceu Arcoverde (7.294 unidades); João Emílio Falcão Costa (996 unidades); Catarina (120 unidades); Boa Esperança (204 unidades);

Tancredo Neves (756 unidades); Verde Que Te Quero Verde (640 unidades) e Renascença (2.073 unidades)", relata a arquiteta, pontuando que em Teresina, bem como nas demais cidades que foram beneficiadas pela ação do BNH, a construção de grandes conjuntos habitacionais causou impacto à administração pública municipal e à malha urbana.

Zona rural: migração para a capital

Ao mesmo tempo em que a acontecia o crescimento da zona urbana, a zona rural passava pela queda do preço internacional da cera de carnaúba e da amêndoa do coco babaçu, de acordo com a professora doutora, Ângela Braz.

Segundo ela, a redução da qualidade de vida na zona rural obrigou sua população a migrar para a capital, em busca de oportunidades de emprego, de saúde e educação.

Foi a partir da década de 1960 que eclodiram os problemas habitacionais em Teresina decorrentes do processo de urbanização e agravados E devido ao aumento do fluxo migratório campo-cidade, surgiram assentamentos populacionais não planejados, como a favela da COHEBE, localizada na zona Sul ao lado da Chesf, na zona Sul, época em que as grandes cidades brasileiras tornaram-se alvo de investimentos federais e estaduais com o objetivo de solucionar tais problemas.

"Teresina também foi aquinhoada com parte dos recursos em razão dos esforços envidados pelo então governador Petrônio Portela, quando tem início a produção pública de habitações de interesse social, através do Instituto de Previdência e Aposentadoria dos Servidores Estaduais/IAPEP e da Companhia de Habitação do Estado do Piauí COHAB/PI.

As atividades destes órgãos públicos contribuíram, de forma decisiva, para o crescimento da área urbana de Teresina no período entre 1961 e 1986".

Polo comercial e economia local

"A capital do Estado foi criada por decisão governamental, em 1852. Pretendia-se construir um novo polo comercial, para atingir o mercado do próprio Estado e do Maranhão e soerguer a economia em crise, motivada pela decadência da atividade pecuária.

O local escolhido foi "Vila Nova do Poti", núcleo implantado na Chapada do Corisco em 1852 para abrigar moradores da "Vila do Poti", localizada na confluência dos rios Parnaíba e Poti, que havia sido devastada por enchente.
Segundo alguns historiadores piauiens, o núcleo inicial planejado, apresentava tecido urbano sob a forma de tabuleiro de xadrez.

"A transferência da capital não surtiu o resultado esperado e o desenvolvimento urbano foi insignificante. Do início do século XX até a década de 1930, ocorreu um tênue crescimento das cidades piauienses, provocado pela inserção do Estado no comércio mundial, através da atividade extrativista da maniçoba, carnaúba e babaçu.

Esse fato garantiu a circulação e comercialização dos produtos agrícolas, fortalecendo a máquina administrativa e trazendo novos moradores à cidade", relata Ângela Braz.

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