Covid-19: Recém-formados encaram primeiro desafio da carreira médica

A UFPI realizou antecipação da outorga de grau a 21 acadêmicos de Medicina de Parnaíba, um reforço no atendimento nas unidades de saúde durante a pandemia do coronavírus

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Quando decidiram seguir carreira na área da saúde, os estudantes de medicina estavam dispostos a servir à humanidade. Prometeram colocar o bem-estar do paciente em primeiro lugar e sabiam que enfrentariam dificuldades, sobretudo em um país marcado pela desigualdade social. Contudo, nada do que estudaram ou viveram se compara ao cenário que enfrentam atualmente no combate ao novo coronavírus. São a peça-chave em uma guerra contra um inimigo invisível.

Para reforçar o atendimento durante a pandemia do coronavírus nas unidades de saúde, a Universidade Federal do Piauí (UFPI) realizou a antecipação da outorga de grau de 21 acadêmicos de Medicina do campus Ministro Reis Velloso, em Parnaíba, que receberam o grau referente ao primeiro semestre de 2020.  A cerimônia restrita e ao ar livre atendeu ao que determina a Medida Provisória Nº 934, de 1º de abril de 2020, publicada no Diário Oficial da União, que estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo do ensino superior decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de emergência de saúde pública.

Novos médicos colam grau para atuar no combate à pandemia

Sem longa carreira profissional, mas com muita vontade de trabalhar, jovens estão chegando para fortalecer as equipes de saúde, no momento em que todo país mais precisa.  A dedicação dos profissionais estreantes mostram a união contra a Covid-19, doença provocada pelo vírus. O formando Jordan Carvalho destacou que os novos profissionais chegam para potencializar a linha de frente no combate à pandemia no Piauí.

O médico recém-formado lembra que o mundo muda o tempo todo, mas três situações obrigam o mundo a mudar: as revoluções industriais, as guerras e as pandemias e a antecipação da formatura veio devido a pandemia no coronavírus que está assolando o mundo e provavelmente seria tão trágica quanto a gripe espanhola em 1918, se não fossem os avanços na medicina e as medidas de contenção para frear o avanço do vírus.

“Ninguém nunca imaginava que nossa formatura seria nessas condições, sem a presença dos nossos familiares e amigos, nós só íamos ter nossas solenidades em agosto, mas nos vimos diante de uma situação atípica e nossa missão agora é começar os atendimentos nos locais onde mais estão precisando da nossa ajuda. Esse é um dever nosso com a população visto que somos de uma instituição pública e temos essa obrigação moral de dar essa retribuição para a comunidade”, descreveu Jordan Carvalho ao comentar a respeito de ter como primeiro desafio profissional atuar contra uma pandemia.

Outorga de grau foi concedida para formandos do  Campus Ministro Reis Velloso, em Parnaíba

Humanização e conforto para os pacientes

Jordan Carvalho lembra que a Medida Provisória expedida pelo governo federal, através do Ministério da Educação, exige que os alunos tenham completado pelo menos 75% do estágio obrigatório para conseguir antecipar a colação de grau, contudo na sua turma de 39 alunos formaram apenas 21 devido algumas pendências. Apesar disso, quem conseguiu se formar encara uma das maiores crises sanitárias da história e chega em um momento essencial na vida de centenas de pessoas.

O mais novo médico do Estado diz estar preparado para o desafio e lembra que a primeira frase que escutou no início do curso foi a do psiquiatra Carl Jung: “Conheça toda teoria, domine toda técnica, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”, e buscou pautar-se dentro dessa perspectiva durante toda graduação levando valores de um tratamento humanizado, reconhecendo que cada indivíduo é uma pessoa e não uma doença, respeitando seus sentimentos e preocupado com o método clínico que será usado no tratamento.

“Acho que o médico é a pessoa que além de escutar o paciente, consegue acolher sua demanda, cuidar da sua dor e confortá-lo o máximo possível. A gente não quer ser super-herói como muita gente fala, nós somos cidadãos que estamos ali como os enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, farmacêuticos na linha de frente contra a doença, buscando cada vez mais um conforto para esse paciente, fazendo com que ele se sinta melhor e possa confiar na gente e seguir seu tratamento da maneira correta. Ser médico é ser amigo e ser cuidador", analisou Jordan. (W.B.)

Atendimentos, produção de EPIs e conscientização

Em postos, hospitais e clínicas os médicos estão em contato direto com casos suspeitos, tratando os confirmados, orientando as demais pessoas a permanecerem em casa, enquanto eles próprios precisam estar onde estão. Para muitos, é como um cenário de guerra, em que toda a sociedade é, inevitavelmente, afetada, se não pelo vírus, pelas medidas tomadas para prevenir sua disseminação em larga escala.  A doença que assola o planeta não faz distinção entre jovens e idosos, homens e mulheres, ricos e pobres.

Ainda que seja mais perigoso ao atingir alguns grupos, especialmente a população de mais idade e pessoas com doenças crônicas, o vírus é capaz de infectar indistintamente, conforme as informações que se tem até o momento. Armados com jalecos, máscaras e luvas, profissionais da saúde também estão expostos na defesa da população em um combate que, até agora, tem deixado baixas em todo mundo.

Jordan planeja começar a atender nas Unidades Básicas de saúde, pronto-socorro municipal e estadual de Parnaíba. Enquanto aguarda a carteira do Conselho Regional de Medicina, o jovem médico tem concentrado sua rotina de trabalho na produção de EPI's (Equipamento de Proteção Individual) para conseguir fornecer um suporte e sustentar o sistema de saúde do Estado.

"A gente tem tido uma produção significativa de EPIs e temos conseguido fornecer para várias instituições de saúde do Piauí. Os maiores obstáculos no atendimento é a conscientização popular, saber que nem todo paciente realmente precisa ir ao médico, tem que ficar apenas em isolamento, tem paciente que não tinha nenhuma infecção pelo coronavírus e acaba indo e se contaminando”, afirmou.

O Piauí, assim como outros estados brasileiros, não é o primeiro local a convocar recém-formados para reforçar o atendimento no sistema de saúde. Com o avanço da pandemia, os Estados Unidos adotaram a prática. Na Itália, dez mil novos médicos começaram a atender nas clínicas gerais e em casas de idosos. (W.B.)



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