Saiba o perfil dos brasileiros que deixaram o país e quais os motivos

Os destinos preferidos são Estados Unidos e Canadá, com quase 50% dos emigrantes

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Qual o perfil do brasileiro que mora fora? De acordo com uma pesquisa, é homem, tem entre 26 e 40 anos, pertence à classe B, é casado e tem filhos. Os destinos preferidos são Estados Unidos e Canadá, com quase 50% dos emigrantes.

A pesquisa divulgada pela empresa de transferência de dinheiro TransferWise também descobriu que o que mais motiva os brasileiros a deixar o país é ter qualidade de vida, melhor situação econômica e mais segurança.

Esses três pontos foram mencionados por cinco brasileiros, ouvidos, que escolheram tocar a vida no exterior. Mas eles também citaram outros motivos, como se apaixonar por um estrangeiro.

"No Canadá, só não trabalha quem não quiser"

Fernanda Balista, 36, decidiu se mudar para Vancouver (Canadá) com o marido, Alexandre, após enfrentar anos de desemprego. Ela foi demitida, em 2014, da multinacional para a qual trabalhava havia sete anos, em Vinhedo (SP).

Sem conseguir emprego, decidiu usar parte das suas economias para abrir uma franquia, mas o negócio não deu certo e ela perdeu todo o investimento.

Surgiu então a ideia de tentar uma oportunidade fora do Brasil. Enquanto o casal juntava dinheiro, Fernanda até conseguiu um emprego, mas ganhando bem menos do que gostaria. "Sou formada, tenho MBA e falo inglês, e estava ganhando 60% a menos do que ganhava há quatro anos. Não estava certo", disse.

Em agosto do ano passado, ela pediu demissão e deu entrada no processo para conseguir visto de estudo no Canadá. O casal se mudou para Vancouver em abril. Fernanda divide seu tempo entre um emprego de meio período em uma loja e um curso em uma faculdade técnica.

“Ao contrário do Brasil, arrumar emprego aqui é superfácil, consegui em duas semanas. Você só não trabalha se não quiser”, disse Fernanda Balista.

Seu marido trabalha remotamente para uma empresa brasileira, como designer. Como o dólar canadense é valorizado em relação ao real, ele precisou arrumar um segundo emprego, como bartender no Starbucks, para complementar a renda. "É tudo caro. Aluguel é o principal custo", disse ela. Para não estourar o orçamento, o casal aluga um quarto em uma casa compartilhada. Fernanda diz te saudade de casa, mas planeja ficar no Canadá enquanto o visto permitir.

“Aqui é bom, posso sair na rua à noite e andar sozinha que ninguém vai mexer comigo. No Brasil, não é assim. Aí já fui assaltada duas vezes, tenho pânico de andar na rua. O custo aqui é muito alto, mas vale a pena”, acrescentou Fernanda Balista.

"Brasil não dá valor ao profissional que o país mesmo criou"

A insatisfação com o mercado de trabalho também foi o que motivou Vinicius Chaguri, 28, a deixar o Brasil no começo de dezembro. Formado em engenharia mecânica, ele reclama da falta de oportunidades.

“Há uma dificuldade absurda de arranjar emprego, mesmo com um currículo legal. Quando se consegue um, ele paga muito mal. Por isso tem tanto engenheiro virando motorista de Uber, acho isso um absurdo. O país não tem mercado e não dá valor ao profissional que ele mesmo criou nas universidades”, Vinícius Chaguri.

Ele decidiu, então, tentar a sorte em Sydney, na Austrália. "Eu queria conhecer a vida em um país de primeiro mundo, onde a estabilidade e a segurança são incomparáveis. No Brasil, qualquer coisa pode acontecer a qualquer momento. Isso me assusta", disse.

O engenheiro ainda está trabalhando, mas tem expectativa de conseguir um emprego temporário e crescer na carreira. "Agora quero pensar em 2020, arranjar um trabalho legal, uma casinha para dividir e fazer minhas atividades aqui. Aí, no final de 2020, eu vejo se tento estender [o período na Austrália] ou se volto para o Brasil com a bagagem", afirmou.

"As pessoas têm cabeça mais aberta na Califórnia"

Ytalo Guilherme Tigan, 29, deixou o Brasil em 2013, antes da crise econômica. Recém-formado em jornalismo, escolheu San Diego, na Califórnia para estudar inglês antes de encarar o mercado de trabalho. Gostou tanto que decidiu ficar nos Estados Unidos.

Contou com ajuda financeira da família e fez "bicos" como garçom e lavador de pratos até 2015, quando fundou uma marca própria de camisetas. "A marca surgiu a partir de desenhos que eu fazia e da ideia de não querer mais trabalhar para os outros, eu queria ter um negócio próprio. O investimento não era alto, então valia a pena." Hoje, a marca está presente na Califórnia e no Brasil.

Em 2017, Ytalo se casou com uma brasileira que tem visto de trabalho nos EUA, o que permite a ele permanecer no país como residente provisório.

“As melhores coisas daqui são a segurança pública e o fato de as pessoas terem um pensamento mais aberto, sem julgamentos em relação ao que você veste, à música que você curte ou ao estilo de vida que você escolheu”, diz Ytalo Guilherme Tigan.

Ele também diz que o custo de vida é muito inferior ao de São Paulo, onde ele cresceu. "Depois de quase sete anos aqui, não sinto falta de nada do Brasil. Quando você ainda não está adaptado, existe o problema de saudade da comida, mas que pode ser facilmente resolvido aprendendo a cozinhar ou indo a algum restaurante brasileiro, disse.

O plano agora é conseguir o visto de residência permanente, o cobiçado "Green Card", e ter filhos americanos. "Para mim, o Brasil é um lugar para passar férias, visitar os amigos e a família e tomar uma cerveja gelada no boteco ou na praia. Daqui não pretendemos nos mudar tão cedo", disse.

"A Espanha parece o Brasil, mas é mais tranquila"

Com cidadania alemã, o brasileiro Gabriel Spiewak, 34, se mudou para Paris em 2007 para aprender francês e estudar. Formou-se em comunicação corporativa na Universidade Sorbonne e, por meio de um programa de intercâmbio estudantil, morou também em Londres, até desembarcar em Madri, Espanha, em 2013. Ele se apaixonou pelo país e decidiu ficar.

"A Espanha é muito parecida com o Brasil por causa do clima, da cultura, da alegria do povo", disse. Em 2017, aceitou uma oferta de emprego em Buenos Aires, na Argentina, e deixou a Europa. Mas não se adaptou e acabou voltando para a Espanha depois de um ano e meio. "Adorei Buenos Aires, mas a Argentina estava muito instável, com o dinheiro muito desvalorizado. Não dava para manter a qualidade de vida", disse.

Com a crise econômica no Brasil, Gabriel diz que nem pensou em voltar para cá. "O Brasil também está muito instável. Tem muita coisa acontecendo", afirmou. Hoje ele trabalha para uma grande empresa do ramo automotivo e divide apartamento com um amigo em Madri. Aqui parece o Brasil, mas a vida é mais tranquila. O euro é uma moeda forte e estável e, pela proximidade, você pode viajar para qualquer lugar da Europa a um preço acessível. Eu gostaria de passar temporadas maiores no Brasil, mas voltar, ainda não”, falou Gabriel Spiewak.

"Me apaixonei por um holandês e fui embora com ele"

Ana Paula Risson, 39, foi morar em Amsterdã em fevereiro de 2004 por um motivo diferente. Naquele verão, ela conheceu um holandês que passava férias no Brasil, se apaixonou e decidiu ir com ele para a Holanda. Na época, ela abriu mão de um emprego como repórter em uma emissora de televisão. "Muita gente fala que foi um grande passo, mas eu não senti. Eu não tinha muito a perder", disse. Na Europa, tentou emprego na sua área, mas não conseguiu porque não falava holandês. "Aí caiu a ficha: vou ter que aprender o idioma de qualquer jeito", afirmou.

Hoje, trabalha como gerente de comunicação de um banco holandês, produz um blog com dicas sobre a Holanda e tem três filhos. Ela diz que a adaptação é mais fácil hoje. "Era difícil não ter um Google Maps para me localizar, ou poder falar com meus pais a qualquer momento. Era só uma ligação por semana, sempre aos domingos", disse.

Ela diz ter saudade do Brasil, mas afirma que sua vida está estabelecida na Holanda. "Seria maravilhoso poder passar metade do ano aqui e o período do inverno no Brasil, mas o máximo que consigo é uma ou duas semanas. E já sou privilegiada por poder ir todo ano", afirmou. Ana Paula diz que quando chegou à Holanda não encontrava muitos brasileiros por lá, mas que agora eles formam uma comunidade grande. "Me perguntam sobre tudo: de plano de saúde à escola para os filhos. Vejo que são pessoas já com vida estável, que querem criar os filhos em um ambiente diferente."



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