Seis índios esquartejam e comem corpo de deficiente no Amazonas

O corpo da vítima foi esquartejado e encontrado por familiares, sem órgãos e vísceras

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Seis índios são suspeitos de canibalismo em uma aldeia da tribo kulina, na cidade de Envira (AM). A vítima é Océlio Alves de Carvalho, 21 anos, deficiente intelectual, que desapareceu na tarde de 1º de fevereiro. O corpo dele foi esquartejado e encontrado por familiares, sem órgãos e vísceras, perto da aldeia, na terça-feira (3). A polícia informou ter ouvido uma testemunha, que afirmou ter visto os índios comerem órgãos da vítima.

O rapaz foi sepultado na quarta-feira (4), em um cemitério da cidade. Os representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) chegaram ao local no dia seguinte ao sepultamento. A Funai foi procurada pelo G1 para comentar o caso, mas ainda não se pronunciou.

Segundo o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) de Envira, a morte foi provocada pela quantidade de facadas no corpo da vítima, que tinha cerca de 60 marcas, seguida de esquartejamento. "Os órgãos foram assados em uma espécie de ritual na aldeia. Não foram encontrados o coração, cérebro, fígado e outros pedaços do corpo", disse o sargento José Carlos Correia da Silva, da Polícia Militar, e que também responde pela delegacia da cidade.

Ainda de acordo com ele, os índios suspeitos foram identificados apenas pelos nomes civis que usam no convívio social. "São índios civilizados. Não sabemos os nomes indígenas, apenas como são chamados na cidade", disse o sargento.

Investigação

Um inquérito policial foi instaurado para apurar o caso, mas Correia da Silva informou que enfrenta dificuldades por conta da legislação que impede as polícias Civil e Militar de fazer investigações em tribos indígenas. "Essa legislação limita o nosso trabalho. O caso seria de atribuição da Polícia Federal. Chegamos a ouvir um dos suspeitos, mas a Funai nos obrigou a liberá-lo. Também não podemos entrar na aldeia para procurar pelos suspeitos, que estão foragidos", disse Correia da Silva.

De acordo com Maronilton da Silva Clementino, chefe de gabinete da Prefeitura de Envira, o alcoolismo pode ser um dos fatores que provocou o crime. "Há um índice muito grande de alcoolismo entre os índios da região. A Funai é ausente e não ajuda neste sentido. O representante da fundação só chegou aqui 72 horas depois de ser avisado sobre o homicídio e até agora não se posicionou sobre o caso."

Descaso

O tio da vítima, Francisco Eudo, é guarda municipal na cidade e disse ao G1 que o crime havia sido denunciado por um outro índio da aldeia dos kulinas, mas o relato não teria sido recebido com seriedade pela Funai. "Só quando demos conta do desaparecimento de meu sobrinho é que resolvemos entrar na aldeia para buscar o que restou do corpo."

O sargento afirmou que Eudo está sofrendo ameaças de morte. "Um dos suspeitos apareceu na cidade e mandou um recado, dizendo que mataria o tio da vítima, que é guarda municipal, e o índio que denunciou o ocorrido. Este índio está escondido com medo de ser morto também", disse Correia Silva.

Clementino informou que a cidade de Envira tem cerca de 17 mil habitantes e parte deles está preocupada com o caso. "Muitos estão com medo de circular pela estrada que passa perto da aldeia kulina. Os moradores estão preocupados, aflitos com a violência do caso."

Canibalismo

Segundo a Organização Não-Governamental (ONG) Operação Amazônia Nativa (Opan), o canibalismo não é característica da cultura dos índios da tribo kulina, ou madija, como os próprios integrantes costumam se auto-denominar. "Isso seria um fato inédito. Nunca ouvimos um caso como esse. Os kulinas não são antropofágicos. Só temos referências de antropofagia em índios tupinambás e aruaques, mas que já entrou em desuso há muitos anos", disse Ivar Luiz Busatto, 58 anos, indigenista e coordenador da Opan.

A indigenista Rosa Maria Monteiro, 59 anos, disse que conviveu 15 anos com os índios da tribo kulina, em Envira, e também desconhece algum caso de canibalismo na região. "Isso é um absurdo. Não acredito que isso tenha ocorrido. Não tenho informações sobre o caso ainda, mas praticamente posso assegurar que não houve canibalismo."

Rosa disse ainda que o alcoolismo na tribo é grande e pode ter provocado alguma alteração na conduta dos índios suspeitos da morte e esquartejamento. "Fiz pesquisas com eles por 15 anos. Eles bebem, ficam violentos, mas não há nada que justifique o canibalismo. Isso só poderia ocorrer em algum tipo de ritual muito estranho e macabro. Se isso realmente se confirmar, a própria tribo vai estipular alguma punição, que pode ser até a expulsão da tribo."

A indigenista disse que conhece alguns dos suspeitos do crime e considera que todos sejam calmos. "Pelo menos durante o tempo em que fiz pesquisas e atuei na tribo deles, todos me pareceram calmos e sem características violentas. Realmente, acho estranho esse caso de canibalismo."



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