STJ autoriza três pessoas a cultivarem maconha para fins medicinais

Os processos discutiam a possibilidade de três pessoas com prescrição médica cultivarem a planta para extração de canabidiol

Maconha para uso medicinal | Divulgação
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

JOSÉ MARQUES

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A sexta turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu nesta terça-feira (14) autorizar o cultivo de maconha para fins medicinais em dois processos julgados em conjunto, sob críticas de ministros acerca da falta de ação do Congresso para legislar sobre o tema.

Os processos discutiam a possibilidade de três pessoas com prescrição médica cultivarem a planta para extração de canabidiol.

Com esse julgamento, apesar de tratar dos casos específicos, a turma firma precedentes a respeito da questão. O Ministério Público Federal e a Defensoria Pública também se manifestaram a favor da autorização.

Com essas decisões, órgãos como as polícias e o Ministério Público não poderão tentar impedir a plantação de determinadas quantias de mudas de maconha pelas pessoas que entraram com as ações.

A turma votou por unanimidade os ministros Rogério Schietti, Sebastião Reis, Antônio Saldanha, Olindo Menezes e Laurita Vaz.

STJ autoriza três pessoas a cultivarem maconha para fins medicinais Foto: Divulgação

Schietti, relator de um dos processos, criticou não haver uma regulamentação pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde sobre a questão.

Para ele, isso deixa "milhares de famílias brasileiras ficam à mercê da omissão, inércia e desprezo estatal" por algo que por algo que "implica a saúde e bem-estar de muitos brasileiros, a maioria incapacitados de custear a importação dessa medicação."

"O discurso contrário a essa possibilidade [de cultivo] é um discurso moralista, que muitas vezes tem cunho religioso, baseado em dogmas, baseado em falsas verdades, baseado em estigmas de que tudo que é derivado de uma 'planta maldita' pela comunidade", afirmou.

"Quando se fala maconha, parece que tudo que há de pior advém dessa palavra, quando é uma planta medicinal como qualquer outra. Se possui alguns malefícios, produz muitos benefícios. Paremos com preconceito, com esse moralismo que atrasa o desenvolvimento do tema no âmbito do Poder Legislativo e muitas obnubila o pensamento de juízes brasileiros."

O ministro Antonio Saldanha se queixou de que "infelizmente o Judiciário tem que entrar nessa seara como um ato de resistência ao obscurantismo".

"Não é uma resistência à omissão do Estado. Não há omissão do Estado, existe uma ação deliberadamente retrógrada no direcionamento do obscurantismo, do retrocesso", afirmou.

Em sua manifestação, o subprocurador-geral da República José Elaeres Marques afirmou que a autorização acontece devido ao preço e à burocracia em famílias conseguirem importar o produto. Antes, o Ministério Público era contra a autorização.

Já a advogada de uma das partes, Gabriella Arima de Carvalho, destacou casos em que pesoas que fazem uso do medicamento "são erroneamente confundidos com traficantes e enfrentam duros processos criminais, além de ter seus tratamento bruscamente interrompidos".



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES