Suicídio pode ser prevenido:veja onde encontrar ajuda em Teresina

O suicídio é um fenômeno multifatorial, mas que pode ser prevenido

CVV | reprodução
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Em levantamento realizado pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), o Piauí apresenta uma média de 10 mortes por suicídio a cada grupo de 100 mil habitantes, nesse sentindo cresce cada vez mais a necessidade de aprofundamento acerca da temática do suicídio. 

O primeiro passo é conscientizar as pessoas que o fenômeno se trata de um caso multifatorial, multideterminado e de saúde pública, por isso os trabalhos das entidades que prestam o serviço de prevenção e tratamento de pessoas que passam por algum transtorno psíquico e tenham ideação suicida devem ser fortalecido e o poder público precisa se fazer mais presente nas ações preventivas, de conscientização e desmistificação dos tabus em torno deste fenômeno.

Trabalho realizado pelo CVV  ajuda pessoas em situação de crise

A princípio, as causas do suicídio são diversas, podendo envolver fatores genéticos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais, dentre outros. No entanto, antes que o indivíduo venha a cometer o suicídio, há uma série de pensamentos que ele experimenta. Logo, esses pensamentos envolvem os desejos de morte e ideias de como o este poderia dar fim a própria vida. Em outras palavras, esses pensamentos são chamados de ideação suicida por psiquiatras e psicólogos.

“O suicídio não é único fator, não existe uma única causa, ele multidimensional, ou seja, ele é influenciado por vários aspectos, vários fatores. São eles psicológicos, culturais, físicos, sociais econômicos, situacionais, porque depende situação que aquela pessoa está vivendo e biológico, em que a pessoa acredita que a única solução para aquele problema é o suicídio, ele não está relacionado a coragem, mas sim, há um sofrimento”, declarou a psicóloga clínica Renata Bandeira.

A especialista esclarece que o comportamento suicida é mais comum do que se imagina em qualquer pessoa e em qualquer momento na vida. Os sinais nem sempre são visíveis, muitas vezes são silenciosos, mas há alguns para os quais é possível ficar em alerta. 

“Existem algumas características que podemos dividir em modificáveis e não modificáveis. Essa separação acontece porque, a partir do momento que entendemos que existem fatores como histórico familiar e a presença dos transtornos mentais, jovens entre 15 e 30 anos, idosos e questão de gênero, porque os homens se suicidam três vezes mais do que as mulheres, mas nós mulheres temos três vezes mais tentativas do que os homens, além de doenças crônicas debilitantes, populações especiais, imigrantes, indígenas e fatores modificáveis como perdas recentes do emprego, de parentes, da saúde. Componentes genéticos e ambientais, eventos adversos na infância na adolescência como maus tratos, abuso físico, sexual, pais divorciados, enfim, uma série de fatores”, enumerou.

Elaboração do luto é mais complexaPsicóloga Renata Bandeira esclarece sobre o fenômeno do suicídioO luto por suicídio apresenta algumas peculiaridades que diferenciam do luto de quem perdeu pessoas por causas naturais ou acidentes. Culpa, vergonha, raiva, desamparo, rejeição são sentimentos vividos por quem ficou e que costumam vir antes da dor em si. Nesse sentido, a posvenção surge como objetivo oferecer medidas que favoreçam a expressão de ideias e sentimentos relacionados ao trauma e a elaboração do luto.

"É difícil imaginar que algum ente querido, que você considera, deu fim a própria vida, é uma coisa que traz muito sofrimento. Na maioria das vezes em que isso acontece, é um fato inesperado, difícil de entender os motivos e a razão de tal atitude e dentro desse contexto, você entra em contato com a dor do luto e apresenta um caráter complexo, porque surgem muitos sentimentos e afeta profundamente o quadro psicológico e emocional das pessoas que são parentes e amigos da vítima, portanto, é preciso entender como enfrentar a dor do luto por suicídio e por mais difícil que seja, buscar alternativas de como seguir o caminho de uma maneira mais serena”, acrescenta a psicóloga.

Ainda de acordo com Renata, a sociedade precisa respeitar e falar do suicídio, mais de uma forma empática e respeitosa. “É muito difícil enfrentar um luto por suicídio e perceber que a sociedade não respeita e não tem empatia e que, muitas vezes, descaracteriza e deslegitima a existência, por exemplo, dos transtornos mentais ou simplesmente daquela dor", frisou,

O luto por suicídio é o segundo luto mais difícil de ser elaborado e cuidar dos que ficam é atuar também na prevenção, portanto as pessoas que tiveram familiares que se suicidaram, têm um risco maior de que isso ocorra. Por isso, devem cuidar de si mesmos física e mentalmente, fazer reflexões a respeito de seus sentimentos e questionamentos sobre a vida e estar atentos a sinais de qualquer mudança de comportamento que não seja qualitativo. Caso isso aconteça, procure ajuda profissional.

Não repasse imagens de casos de suicídio

O tema suicídio ainda gera muita polêmica e tabu nas conversas e debates realizados pela sociedade, mas de acordo com especialistas, esse é um assunto que deve ser mais abordado e discutido para fazer com que o maior número de pessoas tenham informações corretas sobre o fenômeno e consigam ajudar todos àqueles que precisam de um apoio, de serem ouvidos e ajudados. As palavras de ordem devem ser “responsabilidade e sensibilidade” para não resultar na indução de um suicídio, conhecido por Efeito Werther.

"A divulgação de imagens ou vídeos de suicídios são importantes gatilhos para quem está pensando em cometer aquilo, além de um desrespeito, falta de empatia e de humanidade com a vítima e sua família. A Organização Mundial da Saúde, elaborou um manual que trata sobre a divulgação de imagens, cenas, método utilizado e, de acordo com esse trabalho feito pela OMS, são justamente essas informações e imagens que geram o chamado Efeito Werther, então, entendemos que, além de abalar a sociedade, ser gatilhos para crises de ansiedade e uma falta de respeito, também pode gerar uma onda de imitação de suicídios”, destacou Renata Bandeira.

Eyder Mendes, coordenador do CVV em Teresina

O coordenador do Centro de Valorização da Vida (CVV) em Teresina, Eyder Mendes, enfatiza que quando se recebe fotos ou vídeos de pessoas que tenham morrido por suicídio o primeiro passo é não repassar e deletar o conteúdo. “É importante que as pessoas percebam que não se deve fazer isso, porque ela pode influenciar outras pessoas que estejam fragilizadas emocionalmente e que podem ver aquele gesto como se fosse também a sua própria solução, estimulando na realidade, outras pessoas a cometer suicídio. A divulgação dessas imagens fere também o direito das pessoas da privacidade, é uma falta de respeito aos mortos e ninguém, por exemplo, gostaria de ver fotos de um parente seu sendo exposta em grupos de whatsapp”, diz Eyder.

Onde encontrar ajuda especializada em Teresina

Em Teresina, realizam o trabalho de prevenção e tratamento a pessoas com sofrimento psíquico grave, o Centro de Valorização da Vida (CVV), que presta atendimento gratuito através do telefone 188, e-mail e chat todos os dias durante 24 horas pelo site https://www.cvv.org.br; o Centro Débora Mesquita (CDM), que está localizado na rua Pedro de Vasconcelos, número 2065, bairro Recanto das Palmeiras e funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h. Telefone: (86) 9 9827-3343 / 9 8894-5742.

Ambulatório Provida, no Hospital Lineu Araújo, dedicado a pessoas com comportamento suicida. O local funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, o telefone é (86) 3215-4344; os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), além dos profissionais que atuam em clínicas particulares.

Prestam ainda assistência especializada, a Universidade Estadual do Piauí (UESPI), que exige agendamento através do site da universidade, onde é possível preencher um formulário e receber orientações. No Centro Universitário Santo Agostinho, que funciona de segunda a sexta-feira, de 8h às 18h e está localizado na Avenida Presidente Kennedy, número 4500, no Bairro São Cristóvão. Telefones: (86) 3234-5540 e 3234-5570

Serviço de Atendimento de Urgência Psiquiátrica: Em casos de surto psicótico ou tentativa de suicídio, o Hospital Areolino de Abreu, localizado na Rua Joe Soares Ferry, número 2420, no bairro Primavera é o hospital referência em atendimento de urgência psiquiátrica. Telefone: (86) 3222-2910. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) também pode ser acionado por meio do número 192.  



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