Testemunha da morte por sobrinho do pastor Marcos diz que iria denunciá-lo

A testemunha, que não frequentava a igreja, lembra em detalhes o dia do assassinato

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Um novo depoimento pode ajudar a polícia a esclarecer o que aconteceu na noite de 29 de dezembro de 2006, quando Adelaide Nogueira dos Santos, que tinha 25 anos à época, foi assassinada. Após a mãe da vítima acusar o pastor Marcos Pereira, preso pelo estupro de duas meninas, de mandante do crime, uma amiga da vítima, que estava no carro onde ela foi enforcada, esteve na Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) e contou, em depoimento, que Adelaide morreu pois queria denunciar o pastor após ter sido abusada em pelo menos quatro ocasiões.

- Ela estava grávida na época, mas não sabia de quem. O pastor usou isso para plantar ódio na cabeça do namorado - contou, em entrevista.

A testemunha, que não frequentava a igreja, lembra em detalhes o dia do assassinato. Ela e Adelaide foram convidados por Marcelo Saint Clair, então namorado da vítima, para saírem à noite com amigos dele. As duas foram, no carro de Adelaide, buscar Marcelo e seu amigo, Geferson Rodrigues dos Santos, sobrinho do pastor.

Dentro do carro, Marcelo pediu que Adelaide fosse até Mesquita para encontrar um amigo. Lá, no bairro de Jacutinga, o jovem saiu do carro e, quando voltou, "Geferson, que estava atrás banco do motorista, sacou um fio e, fazendo um arco, puxou o pescoço de Adelaide para trás, enforcando a vítima". Segundo o depoimento, Marcelo entrou no carro em seguida aos gritos de "sua X9, sua piranha" e assumiu o volante.

- O grito entrega o motivo da morte. Para Marcelo, Adelaide era traidora e ia denunciar Marcos - diz.

A testemunha afirmou à polícia que foi libertada após Marcelo afirmar que "se ela gritasse ou falasse o que acontecera, eles iriam matar seu filho e sua família".

A jovem também afirmou que fazia parte do plano de Adelaide para desmascarar o pastor: ela, que não era da igreja, teria que passar a frequentar os cultos, seduzir o pastor e gravar uma das viagens de fiéis ao Instituto Vida Renovada, fazenda mantida pelo pastor em Nova Iguaçu. Quando morreu, Adelaide já tinha conseguido o gravador para registrar os abusos.

Testemunha vai ser levada para hotel

Sete anos após o crime, a testemunha diz que, pela primeira vez, contou a verdade. À época do crime, ela deu um relato "pouco claro" à polícia. Após o depoimento, ela se sente ameaçada e quer entrar para o programa de proteção à testemunha da Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos.

- Acordei ontem (quinta-feira) com um carro branco rondando a minha casa, perguntando por mim - conta.

A testemunha foi à delegacia levando uma mala, pois, com medo, não queria voltar para casa. A funcionária da secretaria que foi à DCOD para apresentar o programa à jovem afirmou que "faltavam questões burocráticas". Segundo a jovem, a secretaria deu 15 dias para que os trâmites fossem resolvidos. De acordo com a assessoria de imprensa, "a testemunha será encaminhada a um hotel, protegida por escolta". Procurada às 22h, ela afirmou que estava em casa e não havia sido procurada.

Por que Adelaide foi morta?

Ela era chamada no gabinete dele e sempre saía chorando. Não era feliz lá. Saiu revoltada com a cobrança de dinheiro do tráfico para que o pastor fizesse culto nas favelas e queria vingança. O pastor descobriu o plano, discutiu com ela e armou para que o namorado matasse. Mas ele tem culpa.

Você conhecia os assassinos?

Só o Marcelo, que era namorado dela. Os outros eram da igreja. Aquilo tudo foi armado. Foi o sobrinho do pastor que enforcou ela.

Após o crime, você voltou a ver os assassinos?

Não, depois da ameaça que eles fizeram no dia, saí de casa por sete meses. Alguns integrantes da igreja me procuraram, mas não retornei. Só voltei depois que eles foram condenados.

Depois de dar seu depoimento, você se sente ameaçada?

Tenho medo de ficar em casa. Quero entrar no programa de proteção, mas me disseram que eu tinha que esperar, pensar sobre o programa e que eu devia ir para a casa de algum amigo. Já aceitei. Corro risco de vida, não tenho para onde ir e não dá para esperar.



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