Tiro que matou jovem foi dado a menos de 30cm dela, diz perícia

Isabele Guimarães Ramos foi morta no dia 12 de julho supostamente por um tiro acidental disparado por uma amiga, também de 14 anos, em um condomínio de luxo de Cuiabá.

Isabele Ramos | Divulgação
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Laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) aponta que a pessoa que matou Isabele Ramos, de 14 anos, estava com a arma apontada para o rosto da vítima, a uma distância que pode variar entre 20 e 30 cm, e a 1,44m de altura. O laudo é assinado pelo perito criminal Thiago José Resplande Lima, no dia 7 de agosto.

A menina foi morta no dia 12 de julho supostamente por um tiro acidental disparado por uma amiga, também de 14 anos, em um condomínio de luxo de Cuiabá.

Marcelo Cestari, chegou a ser preso após a polícia encontrar sete armas na casa da família, sendo que duas delas não tinham registro.

Isabele Ramos

Conforme o documento da Politec, Isabele encontrava-se no interior do banheiro da suíte localizada na parte superior da casa da amiga. Em momento seguinte, o atirador postou-se na região interior do banheiro, na parte esquerda, com a pistola apontada para a face da vítima, contra a qual efetuou disparo acionando o gatilho. A vítima foi atingida no nariz pelo tiro, que transfixou a sua cabeça.

Laudo de balística da Politec atesta que o tiro que matou Isabele Ramos não foi disparado acidentalmente.

Para Balística Forense há distinção entre os conceitos de “tiro acidental” e de “tiro involuntário”, sendo o primeiro provocado sem acionamento regular do mecanismo de disparo, ao passo que tiro involuntário pressupõe ação do atirador no mecanismo de disparo, mesmo que essa ação seja involuntária, não intencional.

Na prática, existe a possibilidade de a arma ter sido disparada involuntariamente. No exame para verificar a ocorrência de tiro acidental por arma de fogo, deve-se utilizar a arma questionada, nas condições em que foi recebida para exame, e verificá-la nas hipóteses alegadas na ocorrência do tiro para responder se é, ou não, possível a percussão eficaz de cartucho nessa arma, sem o acionamento regular do mecanismo de disparo.

Segundo o documento da Politec, “no momento do tiro, a boca do cano da arma de fogo AFQ1 distava da vítima em cerca de vinte centímetros (20 cm) a trinta centímetros (30 cm). Para a estimativa do atirador, o perito considera a distância entre as mãos e a linha do tronco. Para isso, deve ser levado em conta tanto o atirador com o braço esticado ou flexionado. Em seguida, esse valor é incrementado ao valor da faixa de distância de disparo. Assim, obtém-se o valor de amplitude entre a vítima e o atirador”.

Nesse sentido, o perito realizou o incremento considerando dois indivíduos adotados como extremos. Para o extremo menor, o perito adotou a estatura de 1,40 m com os braços flexionados e incrementou ao menor valor de distância de disparo oferecido pelo laudo de balística 20 centímetros.

Depois, foi repetido o processo para o extremo maior, adotando a estatura de 2 metros. Para ambos os extremos, o perito verificou a suficiência do espaço interno do banheiro. Desse modo, é possível afirmar que o interior do banheiro comporta espacialmente qualquer indivíduo na faixa de altura entre 1,40 m e 2 m, seja com o braço estendido, seja flexionado, tanto com a arma apontada 20 centímetros de face da vítima quanto a 30 centímetros.

“A diferença de altura das lesões de entrada e de saída era praticamente nula. Ambas apresentavam 1,44 m de distância do solo, o que indica uma trajetória consideravelmente alinhada ao eixo horizontal do tronco da vítima. Nesse sentido, o exame necroscópico corrobora essa perspectiva ao informar que o trajeto no interior do crânio também ocorreu de forma alinhada. Portanto, resta claro que esse trajeto condiciona uma posição do atirador próximo da vítima em orientação frontal”.

Entenda o caso

A situação ocorreu por volta de 22h30 de 12 de julho em um condomínio de luxo localizado no Bairro Jardim Itália, em Cuiabá.

O advogado da família da adolescente que efetuou o disparo, Rodrigo Pouso, explicou que o pai da suspeita do tiro acidental estava na parte inferior e pediu para que a filha guardasse a arma no andar superior, onde estava Isabele.

A adolescente pegou o case – uma maleta onde estavam duas armas – e subiu obedecendo ao pai. Apesar de estar guardada, a arma estava carregada.

Segundo o advogado, uma das armas caiu no chão e a adolescente tentou pegar, mas se desequilibrou e o objeto acabou disparando.

A menina negou que brincava com a arma ou que tentou mostrar o objeto para a amiga.

Praticante de tiro

As duas famílias, a da adolescente que disparou, e a do namorado dela praticam tiro esportivo.

A Federação de Tiro de Mato Grosso (FTMT) disse que a adolescente que matou a amiga é praticante de tiro esportivo há pelo menos três anos.

Segundo a federação, o pai e a menina participavam das aulas e de campeonatos há três anos. Os nomes deles constam nos grupos, chamados 'squads', que participavam das competições da FTMT.

Outros membros da família também participavam desses grupos e praticam o esporte.

O advogado da família contestou a informação e afirmou que a adolescente praticava o esporte há apenas três meses.



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