Uso da cloroquina foi o principal embate entre Bolsonaro e Teich

A curta passagem de Teich pelo ministério foi marcada por desentendimentos com Bolsonaro.

| José Dias/PR
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Menos de um mês após assumir o Ministério da Saúde, Nelson Teich deixou hoje o comando da pasta. A saída de Teich acontece em meio a atritos com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em especial sobre o uso da cloroquina no tratamento da covid-19. 

A curta passagem de Teich pelo ministério foi marcada por desentendimentos com Bolsonaro e também com os secretários estaduais, críticos à sua atuação à frente da pasta. 

Crédito: José Dias/PR

Pressionado a liberar cloroquina 

O uso da cloroquina, que já havia sido motivo para embates entre Bolsonaro e o ex-ministro Mandetta, voltou a causar desconforto entre o presidente e o Ministério da Saúde sob o comando de Teich. Ontem, em reunião com empresários, Bolsonaro garantiu que o ministério iria mudar o protocolo do medicamento. O presidente é a favor do uso do remédio em todos os casos, e não apenas nos mais graves.

O próprio Teich fez esta semana uma alerta sobre o uso da cloroquina. Em uma série de tuítes, o ministro alertou que o remédios tem efeitos colaterais e que qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica.

Estudos recentes publicados em periódicos internacionais indicam que não há comprovação de eficiência no uso da cloroquina em casos de coronavírus. Um estudo publicado no Jama (Journal of the American Medical Association) observou 1,4 mil pacientes e concluiu que "os tratamentos com hidroxicloroquina, azitromicina ou ambos não foram significantes quanto à mortalidade". A conclusão corrobora outro estudo, publicado no New England Journal of Medicine na semana passada.

Além disso, a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que "não há tratamento específico para a doença causada pelo novo coronavírus". Perguntado em entrevista coletiva sobre o uso de remédios no tratamento à covid-19, Teich citou com ressalvas o remdesivir, um antiviral, deixando de lado a cloroquina defendida por muitos apoiadores de Bolsonaro.

Crédito: Adriano Machado/ Reuters

Pego de surpresa em coletiva

Em um sinal de falta de comunicação com o governo, Teich foi surpreendido durante uma coletiva de imprensa ao saber por um jornalista que Bolsonaro havia incluído salões de beleza e academias de ginástica entre os serviços considerados essenciais durante a pandemia do novo coronavírus. 

"Saiu hoje?", reagiu ao ser questionado por um repórter, que queria saber se o Ministério da Saúde concordava com isso e se houve alguma orientação da pasta para a tomada dessa decisão. 

Isolamento social e lockdown 

Contrariando o que vem sendo defendido por Bolsonaro, Teich afirmou, no início de abril, ser favorável à manutenção do isolamento social para evitar a disseminação do coronavírus. Bolsonaro é crítico à medida e defende o isolamento parcial, que prevê que apenas pessoas que fazem parte do grupo de risco da doença fiquem em casa. A defesa do isolamento social foi um dos pontos que levou à queda do ex-ministro Mandetta.

Nesta semana, Teich também sofreu um revés ao ter seu plano sobre o isolamento social negado por municípios e estados. Após garantir que apresentaria o plano na última quarta-feira (13), a coletiva de imprensa foi cancelada minutos antes de ocorrer.

O ex-ministro havia adiantado que o plano incluiria vários níveis de medidas de distanciamento e disse que o lockdown seria necessário em locais com uma situação "muito difícil" do coronavírus. Ele disse ainda que, em outros lugares, haveria a sugestão de afrouxamento do isolamento.



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