Vida escolar é prejudicada por violência em casa no Ceará

Essa prática é usada pelas famílias como forma de “educar” os jovens no Ceará

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Que a viol?ncia dom?stica n?o contribui em nada para o desenvolvimento dos que dela sofrem n?o ? novidade. Por?m, o que somente alguns conseguem perceber, ? que um ?simples? belisc?o, uma palmada ou um tapinha ?quando ? necess?rio e n?o faz mal a ningu?m? pode atrapalhar, e muito, no aprendizado do jovem dentro da sala de aula.

?Para que o estudante possa aprender, ele tem de estar bem. Crian?a que apanha n?o disp?e de um clima prop?cio para a aprendizagem. Muitas vezes, o aluno chega ? escola e n?o consegue assimilar o conhecimento transmitido pelo professor?, avalia a pedagoga Am?lia Barreto Lima Mesquita, t?cnica de Educa??o da C?lula de Projetos Juvenis (Cejuv), da Secretaria da Educa??o B?sica do Estado do Cear? (Seduc).

Para treinar os profissionais, ligados ? educa??o, a identificar e a denunciar essa situa??o, a Seduc, em parceria com a Universidade Federal do Cear? (UFC), iniciou, ontem, o Projeto Escola que Protege, promovido pelo Minist?rio da Educa??o (MEC). Por meio da capacita??o oferecida, cerca de 700 t?cnicos, gestores e professores da rede estadual e municipal estar?o preparados para enfrentar essa viol?ncia.

Que, por sinal, engana-se quem imagina estar distante. Para se ter uma id?ia, desde o dia 1? de janeiro at? 1? de setembro deste ano, dos 2.244 atendimentos realizados pelo Instituto Doutor Jos? Frota (IJF) por agress?o f?sica, 222, ou 9,89%, foram provocados por viol?ncia dom?stica.

Essa pr?tica, inclusive, ? usada pelas fam?lias como forma de ?educar? os jovens. Conforme estudo divulgado pelo Instituto de Preven??o ? Desnutri??o e Excepcionalidade (Iprede), 12%, das 908 m?es entrevistadas pela entidade, utilizam a viol?ncia, classificada como grave, como m?todo educativo com as crian?as. Nessa defini??o, est?o a?es como sacudir, enganar, sufocar, queimar, espancar e at? amea?ar o filho com faca ou rev?lver.

Em rela??o ? viol?ncia n?o-grave, a pesquisa revelou que 98,1% das mulheres d?o palmadas nas n?degas e batem com objetos; puxam a orelha, o cabelo; d?o belisc?es, croques na cabe?a, tapas na cara ou atr?s da cabe?a. Em maior quantidade, apresenta-se a palmada, pois foi um recurso usado por 50,8% das entrevistadas pelo Iprede.

?A viol?ncia f?sica recebida pela mulher ? muito alta. Ela repassa essa agress?o para a crian?a. No estudo, 12% delas afirmaram que educam com a viol?ncia, quando, na verdade, n?o ? educa??o. O filho s? passa a ser objeto dos maus-tratos. Ele est?o sendo formados pelos moldes do pai e da m?e?, considera o presidente do Iprede, Sulivan Mota.

De acordo com ele, a partir do momento em que o estudante passa a receber os maus-tratos dentro de casa, o aprendizado ? prejudicado. Afinal, como disse, assim como a m?e, que tamb?m ? v?tima, o jovem fica com a auto-estima baixa e sem est?mulo para aprender. ?Cerca de 20% dessas m?es se acham incapazes de fazer qualquer coisa dentro de sua pr?pria casa. Os filhos, como conseq??ncia, tamb?m sofrem de falta de credita??o neles, n?o t?m afeto, afagos, brincadeiras etc?, comenta Mota.

Como resultado, indica Francisca Costa de Andrade, coordenadora pedag?gica da Escola Matias Beck, no Mucuripe, os estudantes que sofrem agress?es no lar s?o ap?ticos ?s atividades escolares. ?Geralmente, o motivo ? a viol?ncia dom?stica. O padrasto bebe, bate na crian?a, a m?e n?o larga porque ? ele quem sustenta a fam?lia etc?, conta.

Segundo a coordenadora, que tamb?m ? especialista em Metodologia do Ensino Fundamental e M?dio e em Gest?o Escolar, os pais agridem os filhos devido ao envolvimento com bebidas e drogas. ?A maioria dos alunos ? inquieto ou ap?tico. A professora busca logo conversar, para conhecer a hist?ria da crian?a e traz para que eu converse tamb?m e chame a m?e para entender o que est? acontecendo?, explica.

Afinal, como ressalta Sulivan Mota, ?a m?e ? um elemento fundamental para a transforma??o social?, comenta, destacando que o Iprede vem agindo junto ?s mulheres das fam?lias para reverter a situa??o.

At? porque, conforme descrevem as pedagogas Anne Karine Costa Menezes e Hyrinna Ribeiro Gomes Scaramussa, professoras da Escola Matias Beck, os estudantes n?o questionam o que ? ensinado. No caso, eles chegam a se isolar do grupo e, muitas vezes por medo de perguntar, acabam tirando notas baixas. ?Alguns s?o mais agressivos, tentam compensar aqui o que sofrem em casa, mas tamb?m s?o muito carentes?, conta Hyrinna.



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