Padre arrecada e doa mais de R$100 mil para famílias atingidas pela Transnordestina

Padre arrecada e doa mais de R$100 mil para famílias atingidas pela Transnordestina

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Por João Batista
Edição: Karla Danielle da Silva

Cerca de 58 famílias  foram afetadas com a construção da Ferrovia Transnordestina nos municípios de São Francisco de Assis do Piauí e Bela Vista do Piauí. Estão recebendo apoio financeiro do padre Henrique Geraldo Martinho Gereon que sensibilizou-se com a causa das famílias que terão suas casas destruídas e não tem condições de construir outra, com valor irrisório das indenizações. entre doações em dinheiro e material para construção de casa e plantio de roças, atingiu mais de R$ 100 mil.

Construção em mutirão de uma nova casa.


São 31 famílias beneficiadas no município de São Francisco de Assis do Piauí e 27 em Bela Vista do Piauí. As famílias contestam na Justiça os valores das indenizações, estão sendo acompanhadas por um advogado contratado pela Fraternidade São Francisco de Assis.

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Uma nova cerca, para uma nova roça feita em mutirão.


Cada família está recebendo da Fraternidade 7 bolas de arame, 10 kg de grampo, R$6 mil para comprar material de construção para a casa, para a mão de obra R$2.500,00 e  ajuda na alimentação de R$ 840,00.

No município de Bela Vista do Piauí serão construídas três casas e recuperadas cercas de 27 propriedades. Em São Francisco de Assis do Piauí, uma casa será construída e 31 propriedades terão cercas novas.

“A minha casa está avaliada em R$ 30.000,00, a indenização que estão me oferecendo é no valor de R$ 18.000,00. Não dá para construir outra casa. Graças a Deus que o padre Geraldo está nos ajudando. Estamos desesperados sem condições para fazer uma nova casa”, desabafa o agricultor Leônides Marques, 47 anos, morador da localidade Cantinho, que é casado e têm três filhos.

O padre Geraldo Gereon chega a chamar os impactos causados às famílias com a construção da Ferrovia Transnordestina de tragédia a calamidade pública que logo vai atingir as famílias de Simplício Mendes.

O  Padre Geraldo Gereon manifesta:

São Francisco de Assis do Piauí - Calamidade pública 3 - As tragédias da Transnordestina


O dicionário “Aurélio” define a “Calamidade” como “desgraça pública”, enquanto o termo “tragédia” significa “ocorrência funesta (desastrosa)”.as nossas reflexões sobre São Francisco de Assis do Piauí e suas calamidades não acrescenta às duas anteriores. Queremos falar do que está acontecendo no nosso município e nos municípios vizinhos.

O projeto da Ferrovia Transnordestina. São 1.723 km. Começa nos cerrados do sul do Piauí com sua gigantesca produção agrícola que precisa ser escoada rumo a dois portos marítimos: Fortaleza e Recife. A previsão é de dois comboios de 104 vagões por dia,levarem 12.500 toneladas de grãos cada ao embarque nos navios. De Eliseu Martins no Piauí até Fortaleza são 1.650 km, e até Recife são 1.500 km.

Cabe aqui uma observação. De Eliseu Martins até Luis Correia, o pequeno porto no litoral piauiense, seriam 850 km, passando perto de Teresina. O Brasil, que faz um porto moderno para os cubanos, não faria também um porto adequado no Piauí? A produção do Piauí viajava pelo Piauí e embarcava no Piauí. Tanto a construção como a manutenção e o custo da viagem ficariam pela metade. E o Piauí sairia do seu atraso. Mais uma chance virou sonho e utopia.


 

Mutirão para fazer uma nova roça fora da faixa da ferrovia.


Voltamos para a realidade. A tragédia refere-se às “vítimas” da Transnordestina, que são pequenos proprietários desapropriados e mal indenizados. Além de perder terras cultivadas, também suas casas. Nos três municípios das 120 famílias, 80 % delas esperam uma sentença judicial. A avaliação foi errada ou incompleta e exige correção. As comarcas da região não têm os titulares estabelecidos. Os substitutos aparecem esporadicamente e não conseguem concluir os processos. Os serviços topográficos não são exatos, quando p.ex. o traço da faixa foi mudado e agora atinge uma casa. O maquinário pesado das empresas terceirizadas não quer parar por questões judiciais, enquanto o rolo compressor avança derrubando as casas.

A faixa da ferrovia atravessa o município de São Francisco de Assis numa extensão de ca. 40 km, com largura de ca. de 80 m. Isso dá um total de 320 hectares. O valor das indenizações estipuladas para todos os atingidos é de R$ 36.110,36, ou  R$ 112,84 por hectare, 65.7% dos atingidos recebem menos de R$ 1.000,00. Sempre se alega que tudo   é feito conforme  a lei manda. Percebe-se que essa lei é injusta. : “Nós temos uma lei, e segundo esta lei ele deve morrer” (Jo 19:7 – os chefes do povo referem-se a Jesus) Os construtores da ferrovia trabalham com máquinas, não com coração e sem compaixão”

Acrescentamos agora três exemplos que justificam o termo “tragédia”.

1 – O Senhor Silvino tem uma casa e uma roça de 2 há na terra do seu sogro. A faixa da ferrovia passa no meio da sua roça, deixando a menor parte no lado de lá. A faixa está sendo cercada eliminando a rodagem ao lado da roça. Sr. Silvino está doente da coluna e dos rins, e sofre de pressão alta. Ele olha da porta da sua casa pra o resto da roça no outro lado e não sabe como chegar lá, nem sabe como fazer uma nova roça no lado de cá.


 

Senhor Silvino na faixa da ferrovia que eliminou dois terços da sua roça.


2 – O Senhor José de Vital perde parte de duas roças. Após a primeira avaliação foi feita uma correção na faixa. Ela agora passa por cima da sua casa que não é incluída na indenização. Sr. José está sem dormir, deprimido, procurando um pé de arvore para agasalhar a família debaixo dela.



A casa do senhor José Vital que será destruída pela cerca da ferrovia. Além das duas roças, ele perde sua morada que não recebe indenização nenhuma.

3 – Na localidade “Povoação” tem 6 proprietários com suas terras ligadas uma na outra. Todos eles abastecem os seus pequenos rebanhos num açude no outro lado da ferrovia que corta as suas terras. As indenizações não consideram este fato, porque a lei baseia-se em hectares atingidos – e lei é lei. Sem acesso para o açude, esses pequenos criadores não poderão manter os seus animais.

A Fraternidade de São Francisco de Assis, profundamente sensibilizada pelo conjunto dessas tragédias, organizou as seguintes medidas emergenciais: Contratamos um advogado pra tratar dos casos pendentes na justiça numa ação coletiva. Para criar novos roçados antes do novo inverno organizamos mutirões sustentando-os com ajuda para alimentação. Compramos 415 bolas de arame com grampos para as novas cercas e diversos materiais de construção. Até agora gastamos R$106.000,00, provenientes de doações de pessoas com o coração compassivo e generoso. Dentro em breve entraremos no município de Simplício Mendes com a mesma programação.

Padre Geraldo Gereon, São Francisco de Assis do Piauí – 12 de outubro de 2014.

 



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