Mulher analfabeta, humilde e que nunca teve casa própria deixa com sua morte um exemplo de vida.

Mulher analfabeta, humilde e que nunca teve casa própria deixa com sua morte um exemplo de vida.

Momento do enterro às 10:30h | Ronaldo Figueiredo
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Em Redenção do Gurguéia raríssimas vezes se viu um velório, cortejo, missa de corpo presente e sétimo dia com tantas pessoas e caravanas vindas de outras localidades. Quando isso acontecia, tratava-se de morte trágica ou de alguma pessoa influente da sociedade. No entanto nestes últimos oito dias toda cidade se comoveu e sofreu com a partida prematura de Maria Daci aos seus 59 anos. Destes 35 morando em localidades deste município como vaqueira, sendo 20 na Fazenda Brejinho de José Arcilon e Julidete Fernandes com quem já não tinha mais relação de patrão e empregado e sim uma extensão da família. Maria Daci nunca teve casa própria, mas com um jeito ímpar de fazer amizade, de conquistar as pessoas, teve todas as portas de todas as classes sociais abertas para sua acolhida. Na missa de sétimo dia entre tantas homenagens, uma definiu bem o perfil de Maria Daci. Dr. Edivan Fonseca a quem chamava de ?Adivan?, vizinho de propriedade, não pode estar presente, mas fez questão de prestar sua homenagem:

Amiga de Verdade

Confesso, que ao longo de minha vida conheci poucas pessoas incultas, com a perspicácia e sabedoria da nossa festejada e hora pranteada Maria Darci.

Festejada sim, porque em vida, Maria Darci em qualquer momento ou circunstância fazia a festa acontecer em ritmo de incontida alegria e rasgo de felicidade de quantos estivessem ao seu redor.

Mulher de inteligência intuitiva, de sabedoria empírica, ao seu modo, era de uma desenvoltura ímpar no falar e no agir, sempre comedido, porém à altura das provocações que lhe eram feitas.

Ainda ressoam nos meus ouvidos, ?verbetes? do seu inconfundível e particular vocabulário, por vezes, por mim propositadamente provocado. É de sua lavra e de ninguém mais, as expressões: ?indivídi? e ?queresteró?, para dizer, respectivamente, ?indivíduo? e ?colesterol?.

Sei, no entanto, que a sincera e leal amizade que registro nesse momento de saudade, não era um privilégio particularmente meu, mas de quantos tiveram a sorte de conhecê-la e com ela conviver ou se relacionar, ainda que ?comercialmente?, uma vez que, ?matuta? e iletrada como era, fazia todo esforço para apresentar-se como ?comerciante de tapioca e farinha e, eventualmente, de buriti, caju e goiaba?.

Por conta desse comércio, mais do que os parcos recursos que amealhava, ela soube capitalizar, como ninguém, centenas, senão milhares de amigos e admiradores ao longo de sua mediana jornada terrestre. Fora do seio familiar, e sem nenhuma presunção, eu me coloco entre os seus fiéis admiradores e amigos de todas as horas.

Edivam Fonseca Guerra, Socorro Paraguassú e filhos.



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