Policiais que invadiram Carandiru agiram em legítima defesa

Advogada diz que não existe prova técnica consistente que culpe os PMs.

Ao todo, 286 policiais militares entraram no Carandiru para conter a rebelião | Reproducao
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À frente de um batalhão está uma mulher. A advogada Ieda Ribeiro de Souza, responsável pela defesa dos 26 policiais militares que vão a julgamento do massacre do Carandiru na próxima segunda-feira (8), diz acreditar que ninguém conheça tão bem o processo quanto ela. São 130 volumes, com 120 folhas cada. Apesar do tamanho gigante do processo, Ieda diz que não existe "uma individualização de conduta, nem uma prova técnica consistente" que culpe os PMs.

No caso desde 1996, Ieda afirma que a incumbência de provar a participação dos réus no crime é da acusação.

? Ainda que tenha sido cometido por policiais, esses policiais agiram em legítima defesa e estavam cumprindo o dever de invadir.

Os 26 réus, que estão soltos, respondem por homicídio qualificado de 15 detentos durante a ação policial realizada no dia 2 de outubro de 1992 para conter uma rebelião no pavilhão nove da Casa de Detenção em São Paulo. O episódio ficou conhecido como o "massacre do Carandiru" e deixou 111 presos mortos. Segundo Ieda, os acusados têm entre 45 e 50 anos, alguns já estão aposentados, mas um terço deles continua na ativa.

O julgamento acontece a partir da próxima segunda-feira (8), no plenário 10 do Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, mais de 20 anos após o episódio. Para a defensora, duas décadas não é um prazo tão exagerado se levar em consideração a quantidade de vítimas, réus, o volume do processo e o fato de ser o "caso mais complexo da Justiça brasileira", na opinião dela.

Relembre o caso

O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no pavilhão nove. Com a confusão, a tropa de choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta.

Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses 84 foram acusados de homicídio. Desde aquela época, cinco morreram e agora restam 79 para serem levados a julgamento.

Até hoje, apenas Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.



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