Delegado conclui inquérito sobre morte de dentista queimada viva

Roberto Menezes pediu prisão preventiva de três envolvidos no caso.

Suspeito é levado para IML. | Divulgação
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O delegado Roberto Bueno Menezes, titular do 2º Distrito Policial de São Bernardo do Campo (SP), concluiu o inquérito sobre a morte da dentista Cinthya Magaly Moutinho, no ABC. No documento enviado à Justiça, ele pede a prisão preventiva dos três suspeitos de envolvimento no crime por roubo seguido de morte (latrocínio) e por formação de quadrilha. Ele também representou pela permanência do adolescente, que participou do crime, na Fundação Casa.

"Representei pelo roubo seguido de morte e pela formação de quadrilha. Infelizmente, o que demora são os laudos, o nosso trabalho é rápido. Relatei o inquérito sem os laudos mesmo, mas assim que eles ficarem prontos eu os enviarei para a Justiça, não tem problema", disse o delegado.

Confissão do adolescente

"O caso está solucionado. Colhi o depoimento do menor na frente do advogado. Ele falou comigo não foi uma vez, foram várias vezes, sem pressão, nada. Depois apareceu esse vídeo, ok, pedi para que o vídeo da oitiva que ele deu no fórum seja anexado ao inquérito também", disse o delegado, que não confirmou se já tinha recebido o material.

O delegado informou ainda que o menor detido tem cinco passagens pela polícia ? três por porte de droga, uma por porte de arma de fogo com numeração raspada e outra por ameaça.

Nova versão do adolescente

O adolescente que na madrugada de sábado (27) assumiu ter queimado viva a dentista Cínthia voltou atrás e acusou um comparsa pelo crime, conforme gravação obtida com exclusividade pelo Jornal Nacional.

"Foi você que botou fogo, não foi?", pergunta o policial. "Botei fogo, não", diz o rapaz. "Quem botou o fogo, quem riscou o fogo, foi o Victor, tio", afirma ele. O policial faz uma pergunta reveladora: "Você tem medo do Victor?" O adolescente responde: "Vixe. Tem vezes que ele fica apontando aquela pistola pra mim."

Prisões

Victor Miguel de Souza, de 24 anos e o adolescente de 17 anos foram presos sábado em uma favela de Diadema. O terceiro preso, que pintou o cabelo quando soube que estava sendo procurado, é Jonatas Cassiano Araújo, de 21 anos, que foi a uma loja de conveniência sacar os R$ 30 da conta da dentista.

O adolescente foi levado para a Fundação Casa e os outros dois para um Centro de Detenção Provisória. O quarto suspeito é Thiago de Jesus Pereira, de 25 anos, localizado na casa de parentes, em Itapevi. Ao deixar o 2º Distrito Policial de São Bernardo do Campo, nesta segunda-feira (29), em direção a um Centro de Detenção Provisória, Pereira se disse inocente. "Não tenho nada a ver com isso".

A mãe dele, que não quis informar o nome, também acredita da inocência do filho. ?Acho estranho porque ele só saía pra roubar às 6h e esse caso [da dentista morta] foi à tarde". A tia de Pereira, que preferiu não informar seu nome, também admitiu a participação do sobrinho em crimes. " Meu sobrinho não é assassino, ele é ladrão."

A polícia chegou à casa onde Pereira estava após denúncia anônima. Segundo o delegado que cuida do caso o suspeito confirmou que fazia parte da quadrilha, mas negou ter participado da ação que terminou com a morte da dentista.

A polícia, porém, não tem dúvidas de que ele participou do assalto que terminou com a morte a dentista. Pereira, que portava uma arma, entrou no consultório de Cinthya pedindo atendimento urgência. Ela foi queimada viva dentro do consultório, no Jardim Hollywood. De acordo com a polícia, os criminosos resolveram matá-la porque ela tinha apenas R$ 30 na conta bancária.

Segundo a polícia, Pereira estava dormindo no momento da abordagem. Embora não tenha resistido à prisão, ele se identificou como Rafael para despistar os policiais. A semelhança do suspeito com o retrato falado feito por outras vítimas, porém, não deixava dúvidas. Ele foi levado para o 2º Distrito Policial de São Bernardo, que investiga o crime.

Segundo o delegado, Thiago Pereira explicou como fazia para entrar em consultórios odontológicos. "Ele falava que estava com problema dentário, entrava e facultava o ingresso dos demais, fazia as ameaças e rendia as vítimas".

Apesar de Pereira negar que tenha participado da morte de Cinthya, ele irá responder por latrocínio. "Temos o reconhecimento feito pela vítima e temos os depoimentos dos comparsas dele que entregaram o envolvimento dele neste caso." O delegado destaca a frieza do suspeito. "A mulher pegando fogo e ninguém se importando com aquele ser humano. Eles só se preocuparam com a fuga, em sair da cena do crime."

A quadrilha já havia levado o terror a outros consultórios. O Fantástico mostrou como o grupo atuava. Segundo as investigações, a quadrilha fez pelos menos seis assaltos em consultórios odontológicos. ?Eles praticavam o terror para a vítima dizer quanto tinha na conta. Deixavam todas desesperadas?, afirma o delegado Marcos Gomes de Moura.

A polícia considera a morte da dentista esclarecida, mas investiga a participação do grupo em outros seis crimes cometidos na capital e na Grande São Paulo. Segundo o delegado Seccional de São Bernardo do Campo, Waldomiro Bueno Filho, a quadrilha já tinha colocado fogo no cabelo de outras duas dentistas durante assaltos.



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