Justiça nega pedido de liberdade a um dos sócios da boate Kiss após incêndio que matou 235

Ele está sob custódia desde a última segunda-feira em um hospital de Cruz Alta, onde está internado.

Enquanto Mauro (esq.) é conhecido como barão da noite de Santa Maria | Divulgação
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A Justiça do Rio Grande do Sul negou nesta quinta-feira o pedido de liberdade provisória a Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, um dos sócios-proprietários da Boate Kiss, onde ocorreu o incêndio que matou no domingo mais de 230 pessoas em Santa Maria (RS). Ele está sob custódia desde a última segunda-feira em um hospital de Cruz Alta, onde está internado.

De acordo com o juiz plantonista da Comarca de Santa Maria, Afif Simões Neto, não há motivos plausíveis para desfazer a sentença do juiz Régis Adil Bertolini. Conforme o magistrado, o decreto de prisão temporária se baseia "em sólidos fundamentos fáticos e jurídicos, principalmente no que diz respeito à necessidade da custódia para a investigação que se encontra em curso". Na decisão, Simões Neto disse que o empresário deve ser interrogado novamente assim que receber autorização médica.

Ontem, a delegada Lylian Carús contou que indícios apontaram que Kiko planejava se matar no hospital. De acordo com ela, o empresário pendurou a mangueira no chuveiro em uma posição que sugeria a possibilidade de um enforcamento. Um dos policiais que fazia a segurança no local interviu. A delegada disse ainda que ele demonstra estar abatido com a situação.

Processo por agressão

Kiko é conhecido pela sua banda - a Projeto Pantana, da qual era vocalista - e pelo perfil baladeiro. Ele nasceu e estudou em Santa Rosa, mas, mesmo não sendo de Santa Maria, sua família é bem conhecida pelos empreendimentos que construiu, inclusive o prédio onde ele mora, e por administrar a rede GP Pneus, que possui filiais até no Nordeste do País.

O empresário responde a processo criminal por agressão, datado de 2011. Ele teria ordenado que seguranças agredissem clientes da boate. "A agressão é dos seguranças, sendo que uma das vítimas mais graves teve o cotovelo quebrado, mas ele teria incentivado os seguranças", disse o promotor José Dutra, do Ministério Público de Santa Maria.

Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do dia 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Sphor, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffman, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.



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