Mulher que matou piauienses em ciclofaixa paga fiança e é solta

Passou noite detida e saiu após pagar fiança de cerca de R$ 15 mil

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A motorista Juliana Cristina da Silva, de 28 anos, presa no domingo (18) depois de atropelar e provocar a morte de dois piauienses que pintavam uma ciclofaixa na Zona Norte de São Paulo, foi liberada do 89º Distrito Policial na tarde desta terça-feira (20).

Ela passou a noite detida e saiu após pagar fiança de cerca de R$ 15 mil. Juliana responderá ao processo em liberdade.Na saída da delegacia, ela não quis conversar com os jornalistas.

Segundo informações do SPTV, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou às 11h50 que recebeu o pagamento da fiança, estipulada em 20 salários mínimos. O TJ enviou um aviso do pagamento e um alvará de soltura para o 89º DP para que Juliana fosse liberada.

Condições

Juliana terá de entregar a carteira de habilitação, deverá comparecer ao Fórum da Barra Funda a cada dois meses e comunicar à Justiça caso fique ausente da cidade por mais de 30 dias.Ela recebeu, por volta das 10h45, a visita de uma advogada, que não quis falar com a imprensa.De acordo com policias do 89º DP, a visita aconteceu apenas para que a advogada tranquilizasse sua cliente.

Na ocasião, a defensora informou à motorista que as pendências para sua soltura estavam sendo resolvidas, como o pagamento da fiança.A decisão que permitiu à motorista responder o processo em liberdade foi do juiz Paulo de Abreu Lorenzino, do Departamento de Inquéritos Policiais.O SPTV conversou com os parentes de Juliana. Eles não quiseram gravar entrevista e disseram que a mãe dela chora o tempo todo. Para eles, o acidente foi uma fatalidade.

Nesta segunda-feira (19), a Justiça chegou a decretar a prisão preventiva da motorista, mas ainda aguardava a audiência de custódia para determinação de onde ela aguardaria o julgamento. Na audiência, foi decidido que ela responderia em liberdade e o valor da fiança.Juliana foi autuada em flagrante por homicídio culposo, lesão corporal e fuga sem prestar socorro.

Após a confirmação da morte da segunda vítima, houve a comunicação de óbito e um novo boletim de ocorrência foi registrado.Os dois operários eram funcionários de uma empresa terceirizada que prestava serviços para a CET. Ambos eram do Piauí.Raimundo Barbosa dos Santos, de 38 anos, chegou a São Paulo há 19 anos. Ele vivia na Brasilândia, na Zona Norte, com a mulher e quatro filhos. José Airton morava em Francisco Morato, na Grande São Paulo, e tinha seis filhos.

PARENTES DE VÍTIMAS VÃO AO DP

Acompanhada de um dos quatro filhos e também da cunhada, a dona de casa Silia Cristiane Cavalcante, viúva do operário Raimundo Barbosa, foi ao 89º DP para acompanhar a saída de Juliana da carceragem. Sila diz que foi ao local para protestar contra a decisão da Justiça de liberar a motorista para responder o processo em liberdade.

Segundo a viúva, até agora, ninguém da família de Juliana entrou em contato para oferecer algum tipo de ajuda. "Nem pra deixar um pacote de fraldas, uma caixa de leite, nada. Nem pra dizer: 'quer um real?".A dona de casa afirma que, por outro lado, a empresa onde o marido trabalhava havia 19 anos vem prestando apoio à família. Ela aproveitou para agradecer também aos desconhecidos que têm oferecido ajuda. "Muitos tão me vendo na TV e me ligando, me procurando para doar mantimentos, cesta básica", disse emocionada.A viúva afirmou que pretende voltar ao Piauí com os quatro filhos "assim que a justiça for feita".

INDIGNAÇÃO

A primogênita dos seis filhos de José Airton, Nayane Cristina, de 31 anos, também esteve na delegacia e se disse indignada com a liberdade concedida à motorista que atropelou seu pai.Nayane, que também é dona de casa, se refere ao pai como "herói" e conta com tristeza sobre a infeliz coincidência que marcou o dia do acidente: "Fiz aniversário no dia da morte dele".Segundo ela, o baque foi grande. "A gente quer ver o pai morrer de velhice, de forma natural, não do jeito que ele morreu. Não do estado que ele ficou, com uma pancada tão forte por causa de uma imprudente dessa que bebe e sai por aí", disse.

Na manhã desta terça, também esteve no DP o pedreiro Manoel Ferreira da Silva, de 42 anos, primo de Raimundo Barbosa dos Santos. Como mora na favela Paraisópolis, próximo ao local, ele resolveu passar na delegacia para saber o horário em que a motorista seria solta."Eu vim só para ver o rosto dela. A justiça quem dá é Deus. Se eu pudesse, queria saber dela, se ela fosse mãe de família, se acharia bom alguém matar o filho dela", afirmou.

Manoel conta que, até a noite desta segunda-feira, estava trabalhando em uma obra no interior de São Paulo, onde não tinha acesso a TV ou internet. Só ficou sabendo do morte do primo quando voltou para casa na manhã desta terça e ligou a TV. Assim que viu a notícia, ligou para Piripiri, no Piauí, sua cidade natal, e confirmou o ocorrido.

O pedreiro afirma que a decisão da Justiça de conceder a Juliana o direito de responder pelos crimes em liberdade é um erro. Para ele, a motorista "tinha que pagar na cadeia direto"."Vi no jornal que ela vai pagar 20 salários mínimos. É uma injustiça muito grande. Não pode ser um negócio desses, porque a vida do meu primo não volta mais. Esses R$ 15 mil vão pra quê? Não resolve nada", disse.



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