Pai de jovem morta em motel diz que filha havia sido agredida antes

O jovem de 19 anos foi preso na segunda.

Antonio Aguiar disse esperar que a Justiça seja feita | G1
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O porteiro Antonio Narciso Aguiar, de 60 anos, pai de Marcela Santos Aguiar, a adolescente de 14 anos que morreu em um motel da Zona Leste de São Paulo na madrugada de segunda-feira (30) depois de consumir drogas com o namorado, afirmou que a filha já havia sido agredida por ele. O jovem de 19 anos foi preso na segunda.

?Eu fiquei sabendo que uma semana antes ele tinha dado uma surra nela", relatou Aguiar. "Eu espero que a Justiça seja feita. E vai ser feita", completou. O homem disse que tentou dar conselhos à filha assim que ela "começou a entortar", mas que "não adiantou". Desesperado, ele recorreu a alguns mimos, como um computador, para tentar prendê-la em casa, sem sucesso.

"A gente dava conselho, porque sabe que bater é pior. Mas não adiantou. Comprei o computador para segurá-la em casa, mas também não deu resultado. Ela falava que ia dar uma voltinha e nessa voltinha desaparecia", contou Aguiar, no início da noite desta terça-feira (31), horas depois de enterrar o corpo da filha no Cemitério da Vila Formosa, também na Zona Leste da capital.

Segundo o pai, a filha começou a mudar de comportamento cerca de dois meses atrás, quando ela lhe pediu para dar abrigo a uma amiga dela, também uma adolescente de 14 anos, que tinha sida expulsa de casa pelas irmãs mais velhas. "Ela me pediu chorando para levá-la para casa, pois a amiga não tinha onde morar. Daí ela começou a entortar a Marcela. Ela era vizinha e de tanta safadeza as irmãs não quiseram mais ela em casa. Antes, a Marcela era uma menina estudiosa e carinhosa com a gente", disse.

A filha e a amiga esperavam os pais pegar no sono para sair de casa às escondidas. Segundo o pai, as duas frequentavam uma praça no Jardim Imperador, onde os adolescentes da região costumam se encontrar. "Lá só rola o que não presta", ressaltou Aguiar. O namoro com o rapaz de 19 anos começou, segundo ele, há cerca de um mês. "Eu vi ele umas duas vezes no portão." Antonio Aguiar, no entanto, disse que não sabia que a filha estava usando drogas.

Na noite de domingo (29), Marcela aproveitou que o pai havia saído para trabalhar e mais uma vez ?deu uma escapada? com a amiga - desta vez, sem volta. O pai afirmou que tem certeza que o namorado dopou a filha dele no motel. "Eu tenho certeza disso, porque ele judiou muito dela. Mordeu o seio dela, o queixo dela. Deixou marca de mordida e sangue na boca dela.?

No quarto alugado pelo casal, a polícia encontrou vidros de lança-perfume e cinco pinos de cocaína, de acordo com o delegado Antonio José Pereira, titular do 69º Distrito Policial, em Teotônio Vilela, também na Zona Leste, onde o caso é investigado.

A causa da morte da garota será apontada pelo laudo do exame necroscópico realizado pelo Instituto Médico-Legal (IML). Mas o namorado já foi indiciado por estupro de vulnerável, que prevê uma pena de 8 a 15 anos de prisão, por ter tido relação sexual com a adolescente que, provavelmente, estava sob efeito de drogas. O rapaz deverá ser transferido nesta terça-feira para a carceragem do 49º Distrito Policial e só depois será encaminhado para um Centro de Detenção Provisória.

Violação

Uma recepcionista do Hotel Lua Azul, onde a menina morreu após uma parada cardiorrespiratória, será indiciada por violar a cena onde se deu a morte da garota. A suspeita é que a menina tenha tido uma overdose.

Quando os funcionários chegaram ao quarto, a garota já estava desacordada. O delegado Antonio José Pereira afirmou na tarde desta terça-feira que a recepcionista limpou o quarto e prejudicou o trabalho da polícia. O crime de violação de local especialmente protegido pode render pena de até três anos de detenção. "Ela tinha o dever de não destruir o cenário do fato", afirmou Pereira.

O G1 tentou contato com a recepcionista e o proprietário do hotel na tarde desta terça, mas não conseguiu localizar ninguém. Na segunda-feira (30), a equipe de reportagem foi até o estabelecimento, mas ninguém quis dar informações. À polícia a recepcionista informou que não mexeu nas provas que indicam o uso de droga - elas foram retiradas pelo próprio jovem, que saiu antes de a polícia chegar, segundo o delegado Antonio José Pereira.

Em depoimento à polícia, o rapaz afirmou que a jovem já estava drogada quando a encontrou. Ele também foi indiciado pelo crime de oferecer droga para uso comum. Ele não tem outras passagens pela polícia.

Crime

A adolescente de 14 anos foi levada às pressas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Estadual de Sapopemba na manhã de segunda, mas já chegou morta ao local.



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