PM mata mais um jovem por engano no Rio de Janeiro

Thiago pilotava uma moto e levava na garupa Jorge Lucas

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Familiares não se conformam com a morte de Thiago Guimarães, de 24 anos, neste sábado, durante o funeral do jovem no Cemitério do Irajá, na Zona Norte do Rio. Ele foi morto por engano por um policial militar, na última quinta-feira, na Pavuna.

Thiago pilotava uma moto e levava na garupa Jorge Lucas de Jesus Martins Paes, de 17, quando os dois levaram um tiro. Enterrado nesta sexta-feira no Cemitério de Inhaúma, o adolescente carregava um macaco hidráulico, que foi confundido pelo PM com uma arma. Mototaxistas, eles tinham acabado de ajudar um amigo a consertar a kombi.

A irmã de Thiago, Gabriela Guimarães, de 20 anos, contou que o irmão estava empolgado para ser pai. Sua filha deve nascer em dezembro.

"Era a primeira filha do Thiago, ele estava muito feliz. Com certeza a Alice já vai nascer cercada de muito carinho e vai saber que o pai dela era maravilhoso" desabafa a irmã.

Muito abalada, a mãe do jovem, Márcia Machado, pediu para que os policiais honrem as suas fardas:

" A única coisa que eu peço é que eles façam o trabalho direito e deitem na cama à noite com a cabeça tranquila porque defenderam a população. Até quando isso vai acontecer? Minha nora vai ser mais uma que vai criar a filha sem o pai. Eles são bandidos e merecem estar na cadeia. Fiquei sabendo que o sargento que matou meu filho está recebendo ajuda psicológica. E eu? Ainda não recebi nem um pedido de desculpas. A única dor que se iguala à minha é a que Jesus sentiu ao ser crucificado. Mas assim como ele, eu vou aguentar."

De acordo com a tia e madrinha de Thiago, Suvenir Machado Guimarães, a bebê pode nascer no dia do aniversário do pai, 7 de dezembro. Ela também falou que o batalhão não procurou a família para pedir desculpas:

" A PM não ligou e não está dando nenhuma assistência. Quem está pagando pelo enterro é o irmão mais velho do Thiago. Fiquei sabendo que estão bancando psicólogo para o policial. E para a minha família, quem vai pagar?"

O chefe de Thiago no mototáxi, Marcos Vinícius Alves Fernandes, de 43 anos, contou que ele era muito sereno, comportado e tinha carisma: "Ele trabalhava comigo há um anos e meio e não tinha quem não gostasse dele. Era amigo de todo mundo. Vejo a PM ser truculenta com frequência por ali. Eu mesmo já presenciei varias coisas, é até difícil falar."

Mototaxistas fizeram um protesto em frente ao cemitério e seguraram uma faixa com a frase: "Macaco não é arma e mototaxista não é bandido". Revoltados, eles também gritaram: "Cadê o Beltrame? Cadê o Pezão? No governo só tem bandido! Cadê a assistência da família? Chega de pagar salário para assassino".

Nesta sexta, o pai de Thiago, Gilberto Lacerda Dingo, contou que estava em casa, deitado, vendo um filme, quando ouviu os disparos. Após disso, ele disse ter ido correndo para a rua, com um pressentimento ruim, quando viu o filho morto.

Outro jovem morto foi Jorge Lucas. Segundo sua mãe Rita Luzia Martins, o adolescente completaria 18 anos no próximo mês. Ela contou que ele estudava e queria se alistar no Exército.

Thiago e Jorge foram mortos pelo sargento Carlos Fernando Dias Chaves, do 41º BPM (Irajá). O PM, que assumiu ter atirado contra os dois jovens, terá acompanhamento psicológico. De acordo com o comandante do batalhão, coronel Antônio Marcos Netto dos Santos, o objetivo será identificar se o erro cometido pelo policial foi decorrente de um problema psicológico ou operacional.

Integrante do Grupamento de Ações Táticas (GAT), Chaves tem 41 anos e 15 de corporação. O comandante determinou a abertura de uma averiguação sumária, que será feita pelo próprio 41º batalhão. A 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) também investiga o caso.

A Divisão de Homicídios (DH) já ouviu os sete policiais militares que participaram da ação, mas todos vão prestar depoimento novamente. As imagens das viaturas serão solicitadas, e uma reprodução simulada será realizada. O fuzil de Carlos Fernando foi entregue à especializada.



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