Policial revela motivos de ter matado quatro colegas em delegacia no Ceará

O Policial Civil Antônio Alves Dourado assassinou no último domingo (14), quatro colegas de trabalho na Delegacia Regional de Camocim, no Ceará.

Policial Civil Antônio Alves Dourado | Reprodução
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O Policial Civil Antônio Alves Dourado, que assassinou no último domingo (14), quatro colegas de trabalho na Delegacia Regional de Camocim, no Ceará, confessou durante audiência de custódia, os motivos que o levaram a matar as vítimas, três escrivães e um inspetor. Segundo ele, foi alvo de vários assédios e perseguições pelos superiores, que visivelmente o levaram à tragédia.  Após o crime, Dourado fugiu em um carro, mas se entregou no quartel da Polícia Militar da cidade.

Em depoimento, o policial Antônio Dourado relata que fazia parte da delegacia de Camocim, mas que devido a assédios por parte das autoridades superiores, foi transferido para o município de Granja. Ele ainda conta que meses depois um outro delegado assumiu o posto, e mesmo ciente dos problemas, o novo delegado continuou o assediando, a ponto de um dos inspetores pedir afastamento e exoneração de tanto assédio.

“Volto para Camocim depois desse sofrimento e voltei a sofrer os mesmo assédio (pelo mesmo delegado), e por fim o Doutor Adriano (novo delegado) chega, um rapaz jovem, o escrivão conhece a vida da gente, a perseguição, os assédios, e mesmo assim, como delegado, ele continuou os mesmos problemas de assédio”, relata Antônio Dourado em depoimento.

O Policial Civil ainda detalha que após chegar a equipe de Camocim, se deparou com absurdos, os quais tentou reverter sem êxito. Em busca de alternativa, procurou os jornais que investigaram a delegacia. Como consequência, os envolvidos na denúncia tiveram punições.

Antônio Dourado detalha que na punição, passou 6 meses sem ter finais de semana para estar com a família, trabalhando de 6h30 até as 20h em casa, sem ter direito ao convívio dos filhos. Com clareza, ele relata todo o processo de perseguição que sofreu dentro do local de trabalho.

“Eu estou há 12 anos e 8 meses nessa instituição, Polícia Civil. Amei muito, tanto é que lutei muito para chegar até aqui. Há 9 anos eu sou plantonista, conheço o serviço (...) Fiquei lá no expediente 1 ano e meio, fazendo deslocamento, de 6h30 que eu saia, chegava 20h em casa, sem direito ao convívio dos filhos, dormindo cedo, não acompanhei o crescimento dos meus filhos. Sem ter finais de semana para estar com a família, isso em 2013”, relata Antônio Dourado. 

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A nossa reportagem acompanhou o depoimento e, segundo o acusado da chacina, tudo começou quando ele tentou reverter um problema de assédio dentro do local de trabalho, o qual foi negado e a partir de então começou a ser perseguido pelo próprio delegado. Seis meses depois veio uma notificação da CGT exigindo explicações do delegado e uma orientação da associação dos delegados pedindo uma aposentadoria compulsória.

Após, entra um novo delegado em Camocim, que segundo Antônio Dourado, deu continuidade aos assédios e os absurdos. “Um dos inspetores pediu afastamento e pediu exoneração de tanto assédio que estava sofrendo”, relata.

Ao retornar para Camocim, após ser transferido meses atrás, se depara com um novo delegado, Doutor Adriano, que sabendo de todos os assédios, continua o mesmo problema. Em sua tentativa de justificativa, Antônio Dourado usa isso como principal causa da chacina em Camocim. Em contrapartida, o delegado regional de Camocim (CE), Adriano Zeferino de Vasconcelos revelou que o trágico caso de assassinato de colegas de trabalho foi premeditado.

O delegado ,que está há poucos meses à frente da delegacia,  afirma que, desde o início, já havia recebido ameaças veladas do suspeito que afirmava que iria matar colegas de trabalho. 

“Há quatro dias que eu estou andando de colete para cima e para baixo”, relatou à reportagem do jornal Metrópoles.

ENTENDA O CASO

Na madrugada do último domingo (14), o policial civil Antônio Alves Dourado matou quatro colegas de trabalho na Delegacia Regional de Polícia Civil de Camocim, cidade localizada no Norte do Ceará, a cerca de 350 quilômetros de Fortaleza. As vítimas eram três escrivães e um inspetor da Polícia Civil. 

Dourado, que estava de folga, fugiu em um carro da polícia, mas abandonou o veículo e se entregou no quartel da Polícia Militar da cidade. Dourado ainda gravou um vídeo em que desabafou após ter cometido o crime. O autor dos disparos demonstra raiva e no vídeo acusa suas vítimas. Dourado justifica o crime por ter sido trasferido para Delegacia de Jijoca e não ter tido apoio para seu trabalho na Delegacia de Camocim. 

"Perdão a todos. Tentei, procurei, fui humilhado, chacoalhado, transformado como lixo; me perseguiram, inventaram, criaram, e aqui estou, em frente da minha casa, destruído, destruí minha esposa, destruí meus filhos, esposa e vários filhos de colegas, alguns que mesmo, ruins e péssimos que eram, mas a família, esposas e filhos não mereciam", diz o policial no vídeo.

Ele prossegue na gravação: "Maldito Adriano, te vejo no inferno; maldito Charles, maldito Neto, vocês são isso. Eu acredito que o diabo foi conivente com a vida de vocês, para vocês repensarem em tudo que vocês são, tudo que vocês fizeram. Maldito seja vocês", ressalta Dourado. 

INPETOR PIAUIENSE 

O inspetor piauiense Gabriel de Sousa Ferreira, 36 anos, foi uma das vítimas da chacina de Camocim. Ele foi velado na manhã desta segunda-feira (15) em Teresina. Ele trabalhava há mais de 10 anos como inspetor da Polícia Civil do Ceará e residia em Tianguá. O corpo de Gabriel será sepultado no cemitério São José, na zona Norte da capital.



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