Promotora: Eloá era um “objeto” que Lindemberg odiava

A promotora chegou a pedir que os jurados se colocassem no lugar das vítimas.

Mãe e irmão de Eloá, Ronickson, acompanham debate entre defesa e acusado | Terra
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Iniciou por volta das 10h desta quinta-feira o debate entre acusação e defesa no julgamento de Lindemberg Alves Fernandes, acusado de matar a ex-namorada Eloá Pimentel após mantê-la em cárcere privado por 101 horas. O debate iniciou com a promotora Daniela Hashimoto que, antes começar a falar, distribuiu cópias dos autos aos jurados. Segundo ela, Eloá era apenas um objeto nas mãos de Lindemberg. "Ele tinha ódio dela", afirmou.

O debate é a fase do processo que antecede a deliberação dos jurados, quando advogados de defesa e promotoria têm, inicialmente, uma hora e meia, cada um, para exporem seus argumentos finais. No fórum, Lindemberg acompanhou toda a exposição de Daniela, que garantiu que ele tinha em mente o que ia fazer aquele dia no apartamento da jovem.

A promotora chegou a pedir que os jurados se colocassem no lugar das vítimas. "Coloquem-se no papel das vítimas", disse Daniela. Ela garantiu que a mensagem recebida no celular de Eloá foi o motivo do primeiro disparo efetuado por Lindemberg, que atingiu um computador. A mensagem referida foi a que um amigo de Eloá, Felipe, mandou para a jovem e que dizia "Amor, eu te amo e estou com saudades".

A promotora Daniela disse aos sete jurados que Lindemberg foi "frio, manipulador" e atirou com a intenção de matar Eloá. A promotora leu trechos dos laudos da Polícia Civil sobre o crime e transcrições de conversas que o réu teve com os policiais, tentando provar que Lindemberg mentiu durante seu depoimento ontem.

"Os senhores precisam avaliar em qual versão vão acreditar. ... Nos depoimentos das três vítimas que contam que ele chegou com a arma em punho ou na historinha dele: que estava sendo ameaçado, comprou uma arma no parque quando estava fazendo atividade física e foi se encontrar com a namorada", disse. Ela ainda questionou o pedido de perdão feito ontem por Lindemberg à mãe de Eloá, argumentando que o acusado é "manipulador e exibicionista". "A gente percebe a sinceridade do perdão dele. Hoje, em frente a toda a mídia, ele decide pedir perdão para a família", afirmou ela em tom irônico.

Simulando todos os atos, a promotora mostrou que, ao contrário do que tenta argumentar a defesa, era possível que ele amarrasse as vítimas e montasse uma barricada em frente à porta com uma arma em punho.

Apresentando os laudos da Polícia Civil, a promotora ainda argumentou que, ao contrário do que o réu disse ontem, quando afirmou que atirou em Eloá porque se assustou, Lindemberg se protegeu minutos antes da explosão, e atirou após a invasão, enquanto as meninas estavam deitadas - Eloá no sofá e Nayara em um colchão no chão. Ele havia dito que ela estava sentada, levantou e fez menção a ir para cima dele.

O mais longo cárcere de SP

A estudante Eloá Pimentel, 15 anos, morreu em 18 de outubro de 2008, um dia após ser baleada na cabeça e na virilha dentro de seu apartamento, em Santo André, na Grande São Paulo. Os tiros foram disparados quando policiais invadiam o imóvel para tentar libertar a jovem, que passou 101 horas refém do ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes. Foi o mais longo caso de cárcere privado no Estado de São Paulo.

Armado e inconformado com o fim do relacionamento, Lindemberg invadiu o local no dia 13 de outubro, rendendo Eloá e três colegas - Nayara Rodrigues da Silva, Victor Lopes de Campos e Iago Vieira de Oliveira. Os dois adolescentes logo foram libertados pelo acusado. Nayara, por sua vez, chegou a deixar o cativeiro no dia 14, mas retornou ao imóvel dois dias depois para tentar negociar com Lindemberg. Entretanto, ao se aproximar do ex-namorado de sua amiga, Nayara foi rendida e voltou a ser feita refém.

Mesmo com o aparente cansaço de Lindemberg, indicando uma possível rendição, no final da tarde no dia 17 a polícia invadiu o apartamento, supostamente após ouvir um disparo no interior do imóvel. Antes de ser dominado, segundo a polícia, Lindemberg teve tempo de atirar contra as reféns, matando Eloá e ferindo Nayara no rosto. A Justiça decidiu levá-lo a júri popular.



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