“Seu filho já era”, disse traficante para pai de vítima de Chatuba

“Eu sei que vou chegar aqui e ele não vai entrar”, lamenta o pai.

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Os familiares e amigos dos seis jovens assassinados em Mesquita (RJ), após saírem de casa para ir a uma cachoeira no último dia 10, lembram dos sonhos interrompidos dos garotos, mortos a troco de nada. "Ele gostava de cursos de informáticas. Pedia: "paga que eu gosto", e fazia até o fim", conta Renata Alves, tia de Douglas, morto com 17 anos. O Fantástico refez a trilha onde a tragédia aconteceu: eles foram capturados e mortos em um ponto conhecido como Biquinha. Durante três dias, uma das únicas áreas naturais na Baixada Fluminense foi transformada em uma área de lazer privada dos traficantes para comemorar o aniversário do chefe deles, que segue foragido.

A polícia acredita que os meninos foram mortos porque entraram nessa área que estava fechada pelo tráfico, sem ter ideia do que estava acontecendo no local.

A coragem de Cildes Vieira, pai de Christian, uma das vítimas, foi fundamental para os traficantes devolverem os corpos dos garotos. Quando o filho demorou a voltar, Cildes ligou para o celular dele, e ouviu uma resposta ríspida: "meu irmão, sabe o que acontece? Não adianta vocês ligarem para esse número, que o dono desse celular já era. Vocês vão ficar só na lembrança".

Ele reuniu amigos e foi até os traficantes. "Eles deram três tiros. O tiro pegou no chão", afirma. Os amigos fugiram, mas, vendo as famílias mobilizadas, os traficantes tentaram botar a culpa em outra facção, deixando os corpos na beira de uma rodovia. A perícia mostra que os rapazes foram torturados e desfigurados. "Eu os vi saindo daqui perfeitos. E a gente encontra com eles, eles entregam eles daquela forma, naquele estado, desabafa Paloma de Carvalho, irmã de Patrick, outra vítima. Depois de enfrentar os criminosos, Cildes só não tem coragem de voltar para o vazio da casa sem o filho. "Eu sei que vou chegar aqui e ele não vai entrar", lamenta o pai.

Onda de crimes na Chatuba

Desaparecidos após saírem para ir a uma cachoeira de Gericinó, em Mesquita (RJ), seis jovens foram encontrados mortos na manhã do dia 10 de setembro. Os adolescentes, moradores de Nilópolis, na Baixada Fluminense, foram identificados como Christian Vieira, 19 anos; Glauber Siqueira, Victor Hugo Costa e Douglas Ribeiro, 17 anos; e Josias Serles e Patrick Machado, 16 anos.

De acordo com laudo do Instituto Médico Legal (IML), os seis foram barbaramente torturados. Os documentos mostram que pelo menos dois deles tiveram os braços fraturados e quatro foram baleados na cabeça. As vítimas ainda tinham cortes profundos nos pescoços.

A polícia trabalha com a hipótese de que os jovens tenham sido capturados por traficantes locais, rivais da facção criminosa que comanda a região em que moravam as vítimas. Entre os acusados está Remilton Moura da Silva Júnior, o "Juninho Cagão", apontado como chefe do tráfico naquela comunidade. Além dos seis jovens, o grupo teria assassinado o pastor Alexandre Lima, 37 anos, e o cadete da Polícia Militar Jorge Augusto de Souza Alves Junior, 34 anos, no mesmo dia. José Aldeci da Silva Junior, que teria presenciado a morte do pastor, também pode ter sido vítima do grupo. Seu corpo foi encontrado em operação dentro da área do campo de instrução de Gericinó, que pertence ao Exército, no dia 13.

A onda de violência levou as autoridades a ocupar permanentemente a comunidade da Chatuba. A Polícia Civil também pediu a prisão temporária de sete traficantes suspeitos de participação na chacina.



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