Testemunhas mortas já são 6 após prisão de ex-deputado

As seis vítimas eram supostos traficantes e pistoleiros ligados ao grupo de Wallace

Prisao de ex-deputado | Divulgação
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

De tão incrível, audacioso e violento, o esquema criminoso atribuído ao deputado estadual cassado Wallace Souza (PP), do Amazonas, e a seu filho Raphael parece saído de um livro ou filme. Eles são acusados de participar de uma organização criminosa com mais de 40 pessoas, que usava a estrutura da Polícia Militar para vender drogas, extorquir e matar. O Ministério Público e a Polícia Civil ainda acusam Wallace de aproveitar as informações privilegiadas sobre quem ia ser morto para exibir os crimes consumados no programa policial televisivo do deputado, o Canal livre, e elevar a audiência. Nas últimas semanas, no entanto, essa história ficou ainda pior. Desde que Wallace foi preso, há um mês, e à medida que as investigações do Ministério Público e da Polícia Civil avançam, seis testemunhas dos crimes da quadrilha foram assassinadas.

As seis vítimas eram supostos traficantes e pistoleiros ligados ao grupo de Wallace. Delas, cinco foram assassinadas após prestar depoimento. A sexta, Marcos Paulo Barroso, é a única que nem estava na lista das pessoas a ser ouvidas. A polícia suspeita que Wallace e o filho tenham ordenado os assassinatos de dentro do 1o Batalhão de Polícia de Choque, em Manaus, onde estavam presos.

Até o dia 2 de novembro, Wallace e o filho Raphael, recém-condenado a 11 anos de prisão, estavam juntos no Batalhão, apesar de a permanência de pai e filho no mesmo lugar ser considerada ?absurda? pelos representantes do Ministério Público. Como o local não tem celas, Wallace e Raphael podiam circular livremente pelas dependências do Batalhão e receber visitas constantes de parentes e amigos. Há dez dias, Wallace foi transferido para um hospital por causa de problemas de saúde. Um pedido de transferência para um presídio de segurança máxima ainda não foi atendido.

A Justiça descobriu a existência da quadrilha há pouco mais de um ano, quando Moacir Jorge da Costa, ex-policial militar e ex-segurança de Wallace, foi preso por tráfico. A forma de atuação do grupo despertou interesse internacional. Desde julho, equipes de TV da Alemanha, da Argentina, do Chile e da França estiveram em Manaus para fazer reportagens sobre o assunto.

Wallace dividia a apresentação do programa Canal livre com o vice-prefeito de Manaus, Carlos Souza, e seu irmão Fausto Souza, vereador. Com o uso de bordões como ?bandido bom é bandido morto?, Wallace ganhou a fama de político que combatia o crime. Os resultados eleitorais são inegáveis. Deputado estadual por três mandatos consecutivos, Wallace foi o mais votado em 2006, com 48.965 votos. No mesmo ano, Carlos Souza foi eleito deputado federal com 147.212 votos e Fausto foi eleito vereador com pouco mais de 6 mil votos. No dia 1o de outubro, a Assembleia Legislativa cassou o mandato de Wallace. Os recentes assassinatos mostram que, mesmo com Wallace preso e sem mandato, a quadrilha ainda pode ser perigosa.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES