Empresário de 79 anos é único bilionário na corrida eleitoral no país

João Carlos Ribeiro, empresário do ramo de infra-estrutura e investidor de 79 anos, disputa uma vaga de prefeito em Pontal do Paraná, a cerca de 100 quilômetros da capital Curitiba

João | reprodução
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Nem São Paulo, nem Rio ou Brasília. O único bilionário na disputa por uma vaga de prefeito nesta eleição concorre na turística e litorânea Pontal do Paraná, a cerca de 100 quilômetros da capital Curitiba. João Carlos Ribeiro, empresário do ramo de infra-estrutura e investidor de 79 anos, se diz pronto para seu novo projeto.

“Achei que agora, com minhas atividades empresariais bem encaminhadas, boa saúde e tranquilo na vida, eu poderia fazer algo diferente pela comunidade. É o meu maior, e talvez último, desafio”, diz.

João Carlos Ribeiro

Ribeiro nasceu em Uraí, cidade próxima de Londrina que, em 2004, elegeu o prefeito mais velho do Brasil — o tucano Susumo Itimura assumiu aos 86 e foi reeleito aos 90. A disposição para a vida política na senioridade parece compartilhada pelo bilionário, mas seu plano, diz, tem começo e fim claros. “Não tenho pretensão de continuar daqui a 4 anos e talvez nem tenha saúde para tanto”, reflete. 

A menina dos olhos da candidatura de Ribeiro é a construção de um porto privado na cidade onde concorre, encabeçado por uma de suas empresas. Mas o projeto, controverso e viabilizado pelos cofres públicos, divide opiniões de ambientalistas e dos 27 mil habitantes de Pontal, que abriga quase metade dos 50 quilômetros de praias do litoral paranaense.

O empresário iniciou a vida profissional aos 17, quando deixou Uraí e passou a fazer negócios entre Pontal e Curitiba. Começou com uma construtora e, “com um pouco de sorte e competência”, diz, diversificou os negócios em uma gama de outras empresas, que hoje vão do e-commerce à saúde.  Deu certo. Ao TSE nesta eleição, declarou patrimônio avaliado em 1, 5 bilhão e 725 mil reais.

Os bens declarados pelo bilionário não deixam a desejar: incluem um jet ski de R$14 mil, um Land Rover de R$399 mil, nada menos que R$4,2 milhões em obras de arte e 4 apartamentos, incluindo um no exterior. O mais caro, em Curitiba, é avaliado em R$2,2 milhões.

A maioria de seu dinheiro está alocado em fundos de longo prazo de bancos privados — o maior deles tem R$1,15 bilhão. Mas os ativos incluem também ações de empresas como Vale do Rio Doce e Carrefour, além de 57 milhões em participações em empresas no exterior e 306 milhões em ações de sua empresa de infraestrutura portuária e energética, a J.C.R, que tem sede em Curitiba e atua como holding de investimentos em empresas de médio e grande porte. 

Segundo levantamento do portal G1, ele é o único bilionário nas eleições de 2020 no país, que tem 2% de candidatos milionários e 39% que declararam não possuir nenhum bem sequer. 

Enérgico e passional quando fala de seus projetos e sua trajetória, ele evita falar sobre sua fortuna e vida pessoal. “Estou abstraindo minha vida particular dessa proposta de vida pública. Eu não preciso do município, obviamente, para nada”, dispara. “Sou um homem feito e que posso viver minha vida com tranquilidade, assim como meus filhos e netos. Mas acredito que os empresários, que são homens bem sucedidos, podem fazer coisas fantásticas para o desenvolvimento do país”.

Há quem questione a motivação de sua candidatura e a relação com o porto particular que pretende construir e administrar através de suas empresas. A obra, que Ribeiro detém a outorga, deve custar R$ 369 milhões de dinheiro do estado e prevê a destruição de porção da Mata Atlântica para construção da estrada que levaria ao porto. Também colocaria em risco, afirmam defensores do meio ambiente, a região da Ilha do Mel, ponto turístico, unidade de conservação e considerada Patrimônio Natural Mundial pela UNESCO. 

Ribeiro e os defensores da obra argumentam que o projeto de infraestrutura, uma das carências da região, gerará milhares de empregos para a cidade. É a aposta do candidato para impulsionar a economia e levar a cidade do 300° pior IDH do estado (entre 399 municípios) para os primeiros 30 colocados, uma de suas propostas de campanha. 

Os críticos, entre eles o deputado estadual Requião Filho, por sua vez, defendem que há outras maneiras de gerar empregos — uma delas é investir no turismo da cidade. 

”Nenhum deles me procurou quando comecei o projeto, há 18 anos, para ajudar a elaborá-lo em consonância com o meio ambiente. Depois que lutei por 12 anos contra o Ibama, eles aparecem”, rebate Ribeiro. “Acho importante deixar bem claro: quando me lancei à prefeitura, é porque o grande projeto do porto já tinha sido autorizado, todas taxas com a municipalidade pagas e alvarás autorizados.Essa é a realidade que venho há 18 anos enfrentando: brigando contra todo mundo para um projeto que vai ajudar o povo da cidade gerando 6 mil empregos e 5 mil indiretos”, lamenta.

A inspiração de Ribeiro para a vida pública, a despeito das dificuldades, veio da família. Pai de quatro herdeiros, a mais jovem com sete anos, ele é filho de João Baptista Ribeiro Júnior, prefeito durante a década de 60 de Uraí, onde o bilionário nasceu. O médico, ex-deputado estadual e federal já falecido, deixou a vida política após cinco mandatos consecutivos e uma cirurgia cardíaca.

Hoje, diz Ribeiro, é sua motivação. “Meu pai foi um homem eminentemente público, numa época em que a atividade pública era bem mais honrosa que hoje. O exemplo dele foi para mim a coisa mais inspiradora. Não que hoje não tenham homens públicos honrados como ele. Mas naquela época a honradez era a norma”, defende.



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