EXCLUSIVO: Calheiros diz que vai esclarecer quem mentiu sobre a pandemia

Em entrevista ao Banca de Sapateiro, o relator da CPI da Pandemia pontuou que o depoimento da Pfizer desmentiu a narrativa do Governo.

Em entrevista ao Banca de Sapateiro, o relator da CPI da Pandemia pontuou que o depoimento da Pfizer desmentiu a narrativa do Governo. | Reprodução
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Relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, o senador Renan Calheiros concedeu entrevista exclusiva ao Banca de Sapateiro, da TV Jornal 20.1, e pontuou o depoimento do diretor da Pizer, Carlos Murillo, como o mais importante até o momento, trazendo provas robustas e incontestáveis de que o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mentiu em audiência no Senado, quando afirmou que foram oferecidas 6 milhões de doses, quando na verdade foram 70 milhões. 

Renan Calheiros diz que há provas que Pazuello mentiu

"Em apenas duas semanas com seis depoimentos a Comissão conseguiu acessar documentos importantíssimos para o rumo da investigação, se pudesse dizer hierarquicamente o depoimento mais importante diria que foi o da presidente da Pfizer, que mostrou com provas que a narrativa do Governo está completamentte errada, porque de agosto até agora a Pfizer fez seis tentativas e se tivesse sido aceita teríamos começado a imunização brasileira no ano que passou, isso demonstra também que o ministro Pazuello mentiu quando esteve no Senado". 

VEJA A ENTREVISTA COMPLETA

Ação para que Pazuello fique em silêncio

Em relação a ação impetrada pela Advocacia Geral da União (AGU) para que Pazuello possa se manter em silêncio durante o depoimento, Calheiros disse que caso o ministro do STF Ricardo Lewandowski a acate, será uma decisão inédita, haja vista que ele sequer será ouvido como investigado e sim como testemunha.

Pazuello disse que a CPI investigará a responsabilidade sobre as mortes na pandemia

"Ela será inédita, porque nao vamos ouvir o ministro na condição de investigado e sim na condição de testemunha, e ele talvez seja a testemunha mais importante dessa investigação, o seu depoimento é muito importante, que ele não tenha medo que será incrimido, a medida que ele negar responder qualquer pergunta ele pode contribuir para esconder nomes de terceiros que atuaram de maneira criminosa no combate à Covid". 

Renan Calheiros reverbera que a população brasileira tem diversos questionamentos e eles precisam ser respondidos. "A grande pergunta que a sociedade faz é porque houve esse mortício? Ocorreu crime contra a humanidade, porque ele não deixou de comprar as vacinas na hora? Mas ele era contra a vacina, disse que quem tomasse ia se tornar jacaré; ou que nas mulheres ia nascer barba e os homens iam falar fino, em nenhum outro país há um chefe de Estado que agiu como agiu o presidente do país". 

Conflito com Flávio Bolsonaro

Na entrevista, Calheiros destacou que não vai mais responder às provocações do filho do presidente da República, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), que chegou a chamá-lo de 'vagabundo' durante os trabalhos

"Por não ter argumentos, o Governo só agride, ataca, vocês viram o que fez o filho da presidente na Comissão, uma vez para atacar as mulheres e outra para atacar o relator da CPI. Não vou dar mais confiança a esse tipo de gente, eu peço até desculpas aos brasileiros, da mesma forma que ele repetir esse gesto de desespero, não vou mais responder em respeito às vítimas".

Ciro Nogueira

O senador voltou a lamentar o posicionamento do presidente nacional do Progressistas, Ciro Nogueira, nos trabalhos da CPI. De acordo com ele, o piauiense tem tentando defender a gestão Bolsonaro, mas não é uma 'tarefa fácil'. 

Em relação a polêmica envolvendo a relatoria da Comissão, Calheiros apontou que foi escolhido e não se afastará do posto. 

"O Governo sempre quis isso, as pessoas acompanharam, mesmo antes de eu ter sido indicado relator, entraram no STF, a partir daí da decisão do Supremo eu não sou mais relator de um grupo, sou um relator de todos da Comissão Parlamentar, o que me surpreende é o senador Ciro agir dessa forma, e eu tenho lamentando no dia a dia esse papel que ele está tentando cumprir na CPI. Defender um Governo que está sendo acusado de ter proporcionado um número maior de mortes, todos precisam entender que não é uma tarefa fácil".  

"O Brasil se transformou num cemitério", diz. 

O relator da CPI pontuou que não é competência do Senado investigar prefeitos e governadores, reverberando que o foco da CPI é apurar se houve crime contra a humanidade, e posteriormente, cobrar responsabilidade, seja de quem for. 

"Não vai acontecer porque não é competência do Senado investigar os governadores, temos nos Estados um fato determinado de investigar que é o Amazonas; o presidente da República disse no telefonema que não poderia ser o único foco e desviar a investigação aos Estados e municípios, mas esse não é o objetivo, queremos investigar se houve crime contra a humanidade, e se o presidente da República e o Governo de alguma forma deixaram de tomar alguma decisão que poderia ter evitado esse número de mortes; o Brasil se transformou num cemitério no mundo, as pessoas que perderam a vida e suas famílias precisam saber o que aconteceu e se isso for confirmado vamos ter que cobrar responsabilidade sim, seja de quem for".

CPI não vai acabar em pizza

Rebatendo as afirmações do presidenciável Ciro Gomes (PDT), que a CPI vai 'acabar em pizza', Calheiros pontuou que o ex-ministro está desinformado e o aconselhou a acompanhar melhor os trabalhos.

"Ele pode estar torcendo para que isso aconteça (acabe em pizza), mas ele pode estar desinformado. Essa CPI tem o apoio de 82% (segundo o Datafolha) e em duas semanas de trabalho já acessamos documentos, informações que nenhuma outra alcançou".

francyteixeira@meionorte.com



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