Gastos com publicidade somam R$ 200 milhões

Valor representa um terço do orçamento publicitário dos órgãos federais

Planalto | G1
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Os gastos da Presidência da República com publicidade vão ter um incremento de 16% neste ano. De acordo com a lei orçamentário aprovada pelo Congresso Nacional, as despesas com o setor vão passar de R$ 171 milhões para R$ 199,2 milhões. O montante corresponde a quase um terço do orçamento publicitário de todos os órgãos públicos federais (R$ 700,4 milhões).

No entanto, a previsão de aumento dos gastos esbarra na lei eleitoral, que determina que, em ano de eleições, as despesas com publicidade não podem ultrapassar a média dos três anos anteriores ou o valor utilizado no ano imediatamente anterior. Segundo a ONG Contas Abertas, responsável pelo levantamento junto da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), a previsão de gastos não inclui a publicidade das estatais e sociedades de economia mista, como a Petrobras e o Banco do Brasil (BB).

A diferença entre 2009 e 2010 está nos desembolsos com a publicidade institucional, que se limita a divulgar informações sobre obras, atos, programas, metas e resultados da União. O valor previsto no ano passado era de R$ 139 milhões, enquanto neste ano está em R$ 167 milhões.

Já a publicidade de utilidade pública, que dá legitimidade aos comunicados oficiais do governo, terá, em 2010, R$ 32,2 milhões. Neste caso, não há elevação significativa, já que o volume orçado no ano de 2009 foi de R$ 32 milhões. Isto é, uma diferença de apenas R$ 200 mil entre um ano e outro. Visando respeitar os limites impostos pela justiça eleitoral, a Secom informou que o governo não irá utilizar todos os recursos previstos no orçamento.

Em 2009, contudo, o governo ultrapassou a meta inicial e gastou R$ 158,1 milhões com publicidade institucional, 14% a mais do que previa a lei orçamentária. A expansão, segundo a secretaria, se deve à realização de pesquisas de opinião e também aos investimentos feitos em ações no exterior. Economista da Contas Abertas, Gil Castelo Branco lembra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou o trecho da proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que previa que a despesa empenhada em publicidade não poderia exceder os valores de 2009.

"Para justificar o veto, Lula alegou que campanhas de utilidade pública em setores como educação, trabalho e segurança no trânsito poderiam ficar comprometidas, o que, na sua opinião, traria riscos e prejuízos para a população", recorda Castelo Branco. O economista ressalta que as despesas da Presidência com campanhas publicitárias incluem a Casa Civil, da ministra e eventual pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff.

Recentemente foi ao ar uma propaganda que apresentava um balanço dos programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família, que junto com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), deve ser uma das principais vitrines da campanha de Dilma.

Para o cientista político Rui Tavares Maluf, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política (Fesp), o crescimento dos desembolsos de qualquer governo com publicidade revelam a linha tênue que separa a autopromoção de autoridades e o direito do cidadão em ter acesso às informações. "É inegável a necessidade de se ter um espaço para divulgar suas ações até como uma forma de orientar a sociedade.

Acontece que, ao mesmo tempo, a publicidade pode servir como um instrumento de cooptação. Isso foi pior nos primeiros anos após a redemocratização (1985)", observa Maluf. Atualmente, avalia o cientista político, o eleitorado está muito mais atento ao que se passa nas esferas governamentais. "Por isso, raramente, vemos hoje a publicidade ter um efeito positivo se ela está descolada da realidade.

De qualquer maneira, a vigilância se faz necessária", acrescenta. A partir de julho deste ano, também estará proibida a propaganda institucional dos governos, uma vez o ano em curso é de eleições. As exceções ficam por conta de produtos e serviços que disputam mercado e aos casos de urgência pública reconhecidos e autorizados pela justiça eleitoral.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES