Michelle Bolsonaro nega relação com Cid, mas diz que ele pagava até lanches

A apuração em torno de Michelle veio após conversas interceptadas pela Polícia Federal revelarem o diálogo entre Cid e assessoras da ex-primeira dama.

Michelle Bolsonaro fala sobre o caso Mauro Cid | Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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Em entrevista à Revista Veja nesta sexta-feira, 19 de maio, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL), negou que tenha qualquer relação com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do seu marido (Jair). Porém, a líder conservadora admitiu que o militar pagava contas pessoais, indicando que ele ficava com o cartão da conta-corrente do ex-presidente. 

A apuração em torno de Michelle veio após conversas interceptadas pela Polícia Federal revelarem o diálogo entre Cid e assessoras da ex-primeira dama, apontando para o pagamento das despesas em dinheiro em espécie. O ex-braço direito de Bolsonaro segue preso pela suspeita de ter fraudado a certidão de vacinação do ex-mandatário da República, da sua filha adolescente e de outros auxiliares. 

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"Nenhuma [relação com Mauro Cid]. O meu contato com ele se dava por meio das minhas assessoras. Ele pagava minhas contas pessoais porque era ele que ficava com o cartão da conta-corrente do meu marido. Todo o dinheiro usado pelo coronel para pagar minhas despesas foi sacado da conta pessoal do Jair, dos rendimentos dele como presidente da República. Não tem um tostão de recursos públicos. Temos os extratos para provar isso", explicitou Michelle para Revista. 

A esposa de Jair Bolsonaro frisou que antigamente administrava as contas de Casa, mas quando ele foi eleito haviam muitos eventos e "demanda muito grande de trabalho", assim, resolveram colocar "tudo na planilha" e deixar que Mauro Cid assumisse tal função

"Antes do Jair se tornar presidente, eu administrava as contas da nossa casa. Quando chegamos no Alvorada, tinha essa figura para fazer esse trabalho. Pagar as despesas do dia a dia. A gente tinha vários eventos, uma demanda muito grande de trabalho, então a gente deixava tudo na planilha. Eu passava para a minha assessora, que passava para o Cid, que tinha acesso ao cartão pessoal. Ele sacava e pagava a manicure, ou cabeleireiro, um dinheiro para o lanche das crianças", revereberou.

Cid opta pelo silêncio 

Ex-braço direito do então presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), o tenente-coronel Mauro Cid permaneceu calado durante depoimento na sede da Polícia Federal nesta quinta-feira, 18 de maio. Convocado para dar explicações sobre a suposta fraude nos cartões de vacina de Bolsonaro, da sua filha adolescente e de outras pessoas ligadas ao líder da extrema-direita, o ex-ajudante da ordens não trouxe novas colaborações à investigação

Na ocasião, os agentes da PF iriam apurar com Cid se os dados de vacinação contra a Covid-19 foram inseridos de forma irregular no sistema do Ministério da Saúde e caso ele confirmasse, como se deu o processo e quem estaria envolvido no esquema. É importante frisar que Bolsonaro já indicou reiteras vezes que somente sua esposa, Michelle Bolsonaro foi imunizada

De acordo com as investigações capitaneadas pela Polícia Federal, os dados foram inseridos no sistema em dezembro de 2022. Na sequência foi emitido comprovante de vacinação na conta do ex-presidente no ConecteSus, aplicativo do Ministério da Saúde que permite a emissão do certificado de imunização; depois, o registro falso da vacina teria sido apagado. 

Cid mandou pagar despesas de Michelle em dinheiro

As investigações envolvendo a suposta fraude, desencadearam noutras apurações, apontando por exemplo que, mensagens que foram obtidas pela Polícia Federal mostram o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, fazendo orientações no sentido das despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e de parentes fossem pagas em dinheiro vivo.

As trocas de mensagens mostram ainda Mauro Cid indicando às suas assessoras que os valores deveriam serdepositados em uma conta bancária de Michelle. As informações foram obtidas e reveladas em reportagem do site "UOL" e confirmadas pela TV Globo na segunda-feira (15).

A comunicação entre os funcionários da Ajudância de Ordens da Presidência da República – que atendia Jair Bolsonaro e Michelle – mostra que os pagamentos dessas despesas eram feitos sempre da mesma forma: em dinheiro vivo e de forma fracionada.

Segundo a Polícia Federal, essa prática dificulta a identificação de quem enviou o dinheiro. No relatório ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PF diz ver indícios de desvio de dinheiro público, em valor ainda a ser apurado. Em 2022, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a quebra do sigilo fiscal e telemático de sete pessoas para verificar possíveis irregularidades nessas transações.

A investigação teve início em 2021 após a revelação de mensagens sigilosas de Mauro Cid. O tenente-coronel está sendo investigado no inquérito relacionado ao vazamento de informações confidenciais de uma investigação em andamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a intenção de atacar o sistema eleitoral.

No início deste mês, Mauro Cid Barbosa foi preso sob suspeita de falsificar comprovantes de vacinação não só para si mesmo, mas também para seus familiares, Jair Bolsonaro e a filha do ex-presidente. Essa investigação foi impulsionada pela quebra de sigilo das mensagens do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

As conversas obtidas pela Polícia Federal revelaram recibos de depósitos financeiros enviados pelos ajudantes de ordens da Presidência em um grupo de aplicativo de mensagens. Nesse grupo, os funcionários responsáveis por atender Bolsonaro e Michelle solicitavam o pagamento de despesas da então primeira-dama e de seus parentes, enviando posteriormente os comprovantes de pagamento.

Em uma dessas mensagens, a assessora Giselle da Silva pediu a Mauro Cid que realizasse pagamentos mensais a Rosimary Cardoso Cordeiro, uma amiga de Michelle Bolsonaro. A Polícia Federal identificou seis depósitos desse tipo para Rosimary, totalizando R$ 10.133,06, entre fevereiro e maio de 2021.

Além disso, a PF encontrou seis comprovantes de depósitos feitos por Mauro Cid diretamente para Michelle, no valor total de R$ 8.600, e mais seis depósitos no valor de R$ 8.520 para Maria Helena Braga, que é casada com um tio de Michelle.

Uma das trocas de mensagens entre os ajudantes de ordens da Presidência incluía o boleto de uma despesa médica da tia da ex-primeira-dama no valor de R$ 950,27. A PF destaca que esse documento gerou um alerta de Mauro Cid no grupo. De acordo com a Polícia Federal, essas transações descritas e solicitadas no grupo de mensagens indicam desvio de dinheiro público para atender despesas da Presidência da República.

A PF está investigando a origem dos recursos utilizados pelos ajudantes de ordens da Presidência para efetuar esses depósitos e pagamentos. Em 2022, Alexandre de Moraes autorizou novas quebras de sigilo, afirmando em sua decisão que existem "fortes indícios" de desvio de dinheiro público proveniente da presidência.

 



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