PF aponta suspeitas de ligação de doleiro com Ministério da Saúde

Ex-titular da pasta Alexandre Padilha é citado em troca de e-mails de organização que visava R$ 250 milhões em negócios e uma foto dele consta em docu

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Com base em um relatório da Polícia Federal sobre a Operação Lava Jato o jornal O Estado de S. Paulo divulgou que o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha teve uma foto incluída nos autos da investigação.

A Lava-Jato, deflagrada semana passada em seis Estados e no Distrito Federal, investiga esquema de lavagem de dinheiro no montante de R$ 10 bilhões.

Segundo a reportagem, a foto ilustra trecho de relatório da PF que revela os movimentos do grupo do doleiro Alberto Youssef dentro do Ministério da Saúde. O doleiro é apontado como um dos líderes do esquema de lavagem de dinheiro.

Segundo o jornal, a PF não faz acusação a Padilha, pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, mas à página 134 do documento junta a foto em que ele aparece durante a assinatura de contrato no âmbito da Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP), criada pela Portaria 837/2012, para "melhoria do acesso da população a insumos estratégicos".

Em 27 páginas de relatório, a PF aborda as relações de setores da Saúde com a empresa Labogen S/A Química Fina, cujo verdadeiro controlador seria Alberto Youssef, condenado no escândalo do Banestado, super esquema de remessa de US$ 30 bilhões para o exterior, nos anos 1990.

A PF sustenta, segundo O Estado de S. Paulo, que Youssef infiltrou-se na Saúde para conquistar contratos em favor da Labogen "com perspectivas de ganhos de R$ 250 milhões".

Nos negócios sob suspeita, a PF destaca assinatura do termo de compromisso para desenvolvimento, produção e fornecimento ao Ministério da Saúde do medicamento citrato de sildenafila, pelo valor de R$ 150 milhões.

A PF suspeita, segundo o relatório ao qual o jornal teve acesso, de "possível ajuste no âmbito do Ministério da Saúde no sentido de haver uma indicação para que a Labogen acordasse a participação em PDP em conjunto com uma das maiores indústrias farmacêuticas do Brasil".

No dia 2 de maio de 2013, a PF captou e-mail em que um integrante da organização recomenda aos empresários da Labogen que apaguem e-mail em que é tratado o acordo. "As citações que foram feitas derrubam nosso projeto."

Ao inserir a foto de Padilha nos autos da Lava-Jato, a PF faz menção ao ofício 238/2013, de 6 de setembro do ano passado, enviado pela Diretoria do Departamento do Complexo Industrial e Inovação em Saúde (Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério) para o empresário Leonardo Meirelles, diretor-presidente da Labogen.

A correspondência da Saúde destaca que "o intuito" é avaliar a planta produtiva da Labogen "e verificar a viabilidade deste laboratório em atuar em Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo".

Por meio do ofício 238/2013, a Pasta da Saúde solicita "agendamento de visita técnica na unidade fabril desta empresa em 20 de setembro de 2013, das 14h30 às 17h30".

Nadja Naira Valente Mayrink Bisinoti, que subscreve o documento da Saúde, "solicita a gentileza de prepararem as documentações pertinentes para que a avaliação seja adequadamente executada".

No dia 9 de setembro, a PF interceptou e-mail no qual Leonardo Meirelles convoca seus parceiros da Labogen e revela seus planos para a visita dos técnicos do Ministério. "Vou fazer um orçamento enxuto e objetivo prá eles: precisamos de x mil reais para terminar tudo em uma semana e nós não temos dinheiro. É hora de abrir o jogo. Se precisar eu boto o capacete e o macacão e caio prá dentro da obra tb!!!"

Ao final da mensagem, ele dá o tom da empreitada na Saúde: "Retroceder nunca, render-se jamais!!!"

À página 133 do relatório, a PF faz menção a um e-mail de Meirelles para seu colega Pedro Argese, "por meio do qual encaminha foto possivelmente do momento da assinatura de um dos PDP com o ministro da Saúde, ao lado de autoridades da Marinha e do ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha".

A PF interceptou telefonema de Pedro Argese para Alberto Youssef. O empresário agradece o doleiro:

? Foi ótimo, mandei uma foto pra você da assinatura aí do "PDP". Nós marcamos um início de uma nova vida aí agora.

Youssef respondeu:

? Um puta gol né meu. Fizeram um puta gol.

Argese prosseguiu.

?Graças a Deus. E a todos que confiaram e a você né Beto que acredito, porque não é fácil não. Pra quem é de fora do mercado acredita não é fácil.

Youssef devolveu:

?Não é não. Não, é acredita e ir lá busca né? fazer os cara vê nosso jogo né?

A foto do ex-ministro da Saúde antecede o pedido da PF à Justiça Federal para buscas em onze endereços residenciais e comerciais dos investigados, entre eles o ex-executivo da Petrobras, Paulo Roberto Costa ? na casa dele, a PF apreendeu US$ 181.485, R$ 751.400 e 10.850 euros em dinheiro vivo.

O Estado de S. Paulo informou que o ex-ministro Alexandre Padilha não retornou contato da reportagem para falar sobre o fato de a PF ter incluído uma foto sua nos autos da Operação Lava-Jato. Nem respondeu se conhece os empresários da Labogen e o doleiro Alberto Youssef.

No início da semana, quando a PF deflagrou a Lava-Jato, o Ministério da Saúde informou que não havia sido comunicado da operação policial. Segundo a pasta, o acordo entre a Labogen e outros laboratórios trará economia, em 5 anos, de R$ 29,8 milhões e seguiu "rigorosos critérios técnicos", com o aval de comissões do ministério, BNDES, Anvisa e outros órgãos.

Segundo o Ministério da Saúde, o processo de escolha (da Labogen) foi transparente, numa reunião do Comitê de Competitividade e grupo executivo do Complexo Industrial da Saúde, em dezembro de 2013, com a participação de 250 pessoas".



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