SUS avalia a adoção de tratamento animador contra câncer no Brasil

Procedimento já foi experimentado nos Estados Unidos e em outros países como último recurso no tratamento de linfomas e leucemias avançadas.

Até o momento, 14 pacientes foram submetidos ao tratamento | Divulgação Instituto Nacional do Câncer
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A terapia celular CAR-T, desenvolvida pelo Instituto Butantan, Universidade de São Paulo (USP) e Hemocentro de Ribeirão Preto, tem mostrado resultados positivos no tratamento de certos tipos de câncer e está sendo estudada para possível inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Esse procedimento já foi experimentado nos Estados Unidos e em outros países como último recurso no tratamento de linfomas e leucemias avançadas.

A terapia consiste em modificar as células T do paciente, que são um tipo de célula do sistema imunológico, em laboratório, para que possam reconhecer e atacar as células cancerígenas ou tumorais. O termo CAR refere-se a um receptor de antígeno quimérico, que é um receptor artificial adicionado às células T para direcioná-las especificamente contra as células cancerígenas.

De acordo com o professor Vanderson Rocha, especialista em hematologia, hemoterapia e terapia celular da Faculdade de Medicina da USP, o câncer é um desafio porque as células T do paciente têm dificuldade em reconhecer as células cancerígenas. No tratamento CAR-T, as células T são removidas do paciente, modificadas geneticamente em laboratório para atacar as células do câncer, e depois são reintroduzidas no paciente através do sangue.

Um dos pacientes que recebeu esse tratamento estava sofrendo de linfoma não-Hodgkin. Cerca de um mês após a produção das células modificadas, elas foram infundidas no sangue do paciente. As células direcionaram-se às células tumorais e, um mês após a infusão, o paciente teve uma remissão completa do linfoma. Esses resultados promissores têm sido observados tanto no Brasil quanto em outros países onde a terapia foi testada.

Atualmente, a terapia celular CAR-T ainda está em fase experimental no Brasil e tem sido oferecida a pacientes de forma compassiva, ou seja, quando o câncer está em estágio avançado e não há outras opções de tratamento disponíveis. Os pacientes são tratados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto desde 2019.

Nos Estados Unidos, a terapia CAR-T foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de saúde do país, em 2017. No Brasil, o uso da terapia pela indústria farmacêutica iniciou em janeiro deste ano, mas seu custo ainda é alto, cerca de R$ 2 milhões, o que limita o acesso para aqueles que não têm condições financeiras.

No entanto, o objetivo é tornar a terapia acessível em larga escala através do sistema de saúde pública. Atualmente, as células T dos pacientes brasileiros são enviadas para os Estados Unidos para serem modificadas e depois retornam para o paciente. O desafio é desenvolver a capacidade de produção dessas células no Brasil para tornar o tratamento mais acessível e disponível gratuitamente pelo SUS.

Até o momento, 14 pacientes foram submetidos ao tratamento com o CAR-T Cell com recursos da Fapesp e do CNPq e todos apresentaram remissão de pelo menos 60% dos tumores. A recuperação foi na rede SUS. “As respostas que estamos tendo aqui, é claro que em um número pequeno de pacientes, são muito semelhantes às que temos fora do Brasil. Isso é muito importante”, observa Rocha.



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