Trabalhadores mais pobres, ricos mais ricos, por José Osmando

Refiro-me ao anúncio que o Presidente Lula fez do novo salário mínimo, agora fixado em R$ 1.320,00, acima da inflação.

Dia do Trabalhador no Brasil | Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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Na celebração do Dia do Trabalhador, registrado historicamente neste 1º de Maio, acendeu-se uma pequena chama de esperança para todos aqueles que, remunerados por seu trabalho, dão enorme contribuição à economia nacional, produzindo os bens de que todos necessitam e mantendo ativos os serviços indispensáveis ao bem-estar comum.  

Refiro-me ao anúncio que o Presidente Lula fez do novo salário mínimo, agora fixado em R$ 1.320,00, acima da inflação, restabelecendo uma tradição de seus governos anteriores- que deseja seguir no restante do tempo de seu mandato-, interrompendo uma perversidade contra os trabalhadores, pois há cinco anos essa forma de remuneração não mereceu ganho real.   

Mas, se a decisão de Lula traz um alento e restabelece um mínimo de justiça, a realidade se mostra fatal. Nesse dia que seria de festejar, um relatório da OXFAM – organização civil mundial, instalada no Brasil em 2014, especialista no acompanhamento das desigualdades sociais-, revela que o salário médio dos brasileiros recuou 6,9% apenas no ano de 2022, uma queda que é mais do dobro do recuou que se deu em 50 outros países no mesmo período, que foi de 3,19%.  

Cá entre nós, a queda foi mais de 60% da média mundial.  

Corte de salários

Segundo a organização, 1 bilhão de trabalhadoras e trabalhadores de 50 países tiveram um corte médio de US$ 685 em seus salários em 2022. A perda coletiva foi de US$ 746 bilhões em salários reais (caso os pagamentos tivessem sido reajustados pela inflação). 

Os dados fornecidos pela entidade mundial foram ajustados pela inflação, e os números são baseados em dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e das agências governamentais de estatísticas de cada país pesquisado. 

Nesse mesmo estudo, entretanto, conforme mostra a OXFAM, se os salários médios dos trabalhadores despencaram quase 7%, os dividendos abocanhados por acionistas no Brasil registraram uma alta de 24% durante o ano de 2022, na comparação com 2021. Esse disparate revela o quanto o Brasil avançou no sentido da distorção e da injustiça, elevando de modo espantoso a desigualdade social. 

Trabalho informal

Outra constatação importante apontada pelo coordenador de justiça econômica da OXFAM, Jefferson Nascimento, é de que, no Brasil, a recuperação do emprego tem se dado às custas, principalmente, de trabalho informal, mais precário, com menos acesso a direitos e com renda média menor. E essa foi a forma, camuflada, difundida pelos governantes dos últimos 6 anos quanto ao emprego, de modo a deixar transparecer que o desemprego estaria caindo.  

Voltando a comparar o tratamento dispensado aos trabalhadores brasileiros, que sofreram uma queda de 6,9% nos seus salários, enquanto os dividendos pagos por empresas subiram 24%, é importante lembrar um anúncio feito na semana passada: os dividendos que a brasileira Petrobrás está depositando nos cofres dos seus acionistas, relativos ao ano de 2022, perfazem um total de R$ 215,8 bilhões, representando mais do dobro do que entregou em 2021. É o maior valor pago em toda a história da empresa. 

Constatações cruéis

E nesse caso dos dividendos da Petrobras existem constatações ainda mais cruéis. Primeiro, que a maior estatal do país resolveu, há mais de cinco anos, parar de reinvestir seus lucros em pesquisa, tecnologia e ampliação de suas prospecções, entregando progressivamente suas estruturas de descobertas e exploração do petróleo, para empresas privadas estrangeiras, preferindo fazer crescer o bolo da farra dos dividendos; segundo, a grande concentração desses multibilionários dividendos fica em poder de megainvestidores do mercado de capital; terceiro, 43% desses dividendos entregues aos seus acionistas vão para o exterior. 

Conclui-se, então, que o Brasil perdeu vigor e independência na sua economia, e seus trabalhadores ficaram cada dia mais desvalorizados e mais pobres.  

Está na hora, portanto, de repor as coisas no seu devido lugar, e começar a fazer a reparação justa e necessária.



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