Troca de informações entre Petrobras e Legislativo é 'natural', diz líder do PT no Senado

Humberto Costa, no entanto, disse que não há fraude na troca de informações.

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O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), subiu à tribuna da Casa nesta terça-feira (5) para contestar a suspeita de fraude na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga denúncias contra a Petrobras.

O senador petista disse que é "absolutamente natural" que haja troca de informações institucionais entre assessores parlamentares e dirigentes da estatal do petróleo. De acordo com reportagem da revista "Veja", um vídeo indica que a presidente da Petrobras, Graça Foster, o ex-presidente José Sérgio Gabrielli e o ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró tiveram acesso antecipado às perguntas dos parlamentares antes dos depoimentos que prestaram à comissão.

Humberto Costa, no entanto, disse que não há fraude na troca de informações. "É absolutamente natural que haja trocas de informações institucionais entre as assessorias da CPI e das lideranças dos partidos com a empresa [Petrobras]. Isso acontece em qualquer CPI, em qualquer comissão. É absolutamente normal e natural, não se trata o Senado de uma delegacia de polícia, não há nada de ilegal nisso", afirmou o líder petista.

Costa ainda negou qualquer beneficiamento aos depoentes e reiterou que não houve vazamento de documentos sigilosos pela CPI do Senado. A CPI sob suspeita foi aberta em maio, no Senado, para investigar as denúncias de superfaturamento na compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006. O negócio custou US$ 1,3 bilhão aos cofres da estatal e, segundo o Tribunal de Contas da União, gerou prejuízo de US$ 792,3 milhões à petroleira. Outro alvo da comissão parlamentar são as denúncias de que houve desvio de recursos na construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.

Na avaliação do líder do PT, é preciso "forçar muito a barra" para dizer que existe crime na troca de informações entre as assessorias. O petista provocou a oposição ao lembrar a CPI do Cachoeira, na qual, segundo ele, os oposicionistas "trabalharam arduamente para blindar" o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). "A oposição hoje se diz surpresa com esse procedimento legislativo. Talvez esteja com a memória momentaneamente turvada pelas consequências eleitorais, mas estamos aqui para ajudar a lembrá-la", criticou Costa. O senador criticou o fato de a oposição ter boicotado a CPI do Senado. Na época da instalação, os oposicionistas decidiram não participar das reuniões a fim de priorizar o trabalho da comissão mista, com presença também de deputados. Por essa razão, a CPI da Petrobras restrita aos senadores vinha contando com a presença de quatro ou cinco senadores governistas, do total de 16 integrantes. "Essa é uma oposição preguiçosa que nunca participou dos debates e reuniões da CPI do Senado", disse Humberto costa.

Costa ainda disse que a denúncia contra a CPI do Senado tem por objetivo "encobrir" as notícias sobre a construção de um aeroporto na cidade de Cáudio (MG), em terra que foi de um tio-avô de Aécio Neves, candidato do PSDB à presidência e rival de Dilma Rousseff. "A oposição pegou um escândalo de meia tigela para tentar encobrir tudo o que se estava discutindo no Brasil", declarou Costa, que recebeu o apoio de diversos senadores governistas, como a ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT-PR). Ela também lembrou as denúncias em relação ao aeroporto de Cláudio e disse que a oposição pretende criar uma "cortina de fumaça para desviar denúncia que pesa sobre ela". Outros integrantes da bancada petista no Senado também fizeram coro em defesa do governo, como Ana Rita (PT-ES), Eduardo Suplicy (PT-SP), Walter Pinheiro (PT-BA) e Wellington Dias (PT-PI). Na Câmara, o líder do governo, Henrique Fontana (PT-SP) afirmou que os oposicionistas criaram um novo "factoide" por não conseguirem os resultados esperados na CPI. Ele disse que, quando o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), prestou depoimento à CPI do Cachoeira, membros do partido também o preparam para a sessão. "Toda esta marola, toda esta confusão que estão criando em torno da suposta preparação, nada mais é do que o cotidiano da disputa política dentro de CPIs, que sempre ocorreu dentro do Congresso", afirmou o deputado, ao deixar a reunião de líderes da Câmara na tarde desta terça. Oposição Em plenário, os oposicionistas José Agripino (DEM-RN) e Aloysio Nunes (PSDB-SP) rebateram Humberto Costa. Ambos trabalham na campanha pela eleição do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República, sendo Nunes seu candidato a vice-presidente.

O senador paulistano reconheceu que a "fraude" não está no fato de os assessores terem elaborado previamente as perguntas, mas sim na "combinação de respostas". Os parlamentares governistas, segundo Nunes, tiveram por objetivo "blindar a presidente Dilma Rousseff" e "administrar" as declarações do ex-diretor Nestor Cerveró e do ex-presidente José Sérgio Gabrielli. "Queriam retirar a presidente de qualquer má situação. Aí está a fraude, não está no fato de o assessor abastecer seu assessorado com perguntas", afirmou Nunes. Para o líder do DEM, inicialmente Nestor Cerveró "desmentiu a presidente Dilma" e José Sérgio Gabrielli "foi mais longe ao dizer que assumia a responsabilidade dele e que ela deveria assumir a dela". As duas versões iniciais dos ex-dirigentes, porém, foram alteradas durante depoimento à CPI, segundo o democrata.

"Isso é manipulação", criticou Agripino. CPI sob suspeita Nesta terça, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), determinou a abertura de uma comissão de sindicância para apurar denúncias de suposta fraude na CPI do Senado que investiga contratos da Petrobras. A comissão de sindicância será composta por três servidores do Senado, segundo informou ao G1 o diretor-geral da Casa, Bandeira de Mello. Já o presidente da CPI da Petrobras, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), pediu nesta terça à Polícia Federal a investigação do caso. A solicitação, informou a assessoria de Vital, foi encaminhada diretamente ao diretor-geral da PF, Leandro Daiello. Relator da CPI, o senador José Pimentel (PT-CE) negou favorecimento aos depoentes.

Ele afirmou por meio de nota que não se reuniu com os depoentes nem orientou depoimentos. A Petrobras informou que "dá apoio" a executivos e ex-executivos, "preparando-os, quando necessário, com simulações de perguntas e respostas" antes de depoimentos a CPIs. A suposta fraude nos depoimentos da CPI movimentou as campanhas eleitorais dos presidenciáveis. Nesta terça, o coordenador jurídico da campanha de Aécio Neves (PSDB), deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), protocolou na Procuradoria da República no Distrito Federal pedido de apuração das denúncias. Nesta segunda-feira (4), a presidente Dilma Rousseff (PT), que concorre à reeleição, afirmou quer cabe ao Congresso Nacional explicar a denúncia. O candidato do PSB, o ex-governador Eduardo Campos, apontou responsabilidade de Dilma. "A presidenta Dilma tem tudo a ver com a crise na Petrobras", enfatizou.



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