Jesus Rodrigues sobre Lula:“Preso para não concorrer à eleição”

Jesus Rodrigues sobre Lula:“Preso para não concorrer à eleição”

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O candidato ao Senado Federal Jesus Rodrigues (PSOL) foi o sexto a participar da série de sabatinas com candidatos ao Senado pelo Piauí nestas eleições, no Jornal Agora da Rede Meio Norte, na tarde desta sexta-feira (31/08).

Já foram sabatinados Francisco das Chagas, Quem Quem, candidato ao Senado pelo Avante; Marcos Vinicius Cunha Dias (PTC), candidato ao Senado pela coligação de Dr. Pessoa (Solidariedade); Marcelo Castro, candidato ao Senado pela coligação de Wellington Dias (PT); professor universitário Paulo Henrique, candidato ao Senado pela Rede e , Frank Aguiar, candidato ao Senado Federal pela coligação de Dr. Pessoa

Jesus Rodrigues respondeu perguntas dos jornalistas Arimatéa Carvalho, Samantha Cavalca, Efrém Ribeiro e do apresentador Amadeu Campos. Nos 10 minutos finais, a candidato respondeu questionamentos enviados por telespectadores. A sabatina teve duração de 30 minutos.

Amadeu Campos: Candidato,  por que o senhor se considera preparado para representar o Piauí no Senado Federal?

Jesus Rodrigues: Bom, primeiro eu digo que tive um comportamento enquanto deputado federal um pouco fora do padrão da nossa bancada. Eu trabalhei com projetos estruturastes, com visão de longo prazo, coisa que, infelizmente, nós não temos visto em regra nos nossos governantes e nos nossos parlamentares. Normalmente, eles pensam nos seus quatro anos e no máximo em renovar o mandato, e o que eu propus de estruturante, por exemplo, a questão do Programa de Integração de Bacias, que era a transposição do Rio São Francisco, trabalhei muito por isso no meu mandato e já no finalzinho conseguimos o edital, mas por conta da dificuldade, apresentei outro projeto para suprir de água a nossa região semiárida a partir do  próprio rio Parnaíba. Então foram questões…A navegabilidade do rio Parnaíba também, são questões estruturastes que nós nos preocupamos durante nosso mandato.

O projeto, por exemplo, de produção de Etanol em pequenos equipamentos para beneficiar milhares e milhares de agricultores familiares, que também é uma questão estruturante para economia do estado, do Nordeste, do povo pobre da agricultura familiar. E é desta forma que eu quero ser senador pelo Piauí, para apresentar projetos estruturantes que possam melhorar a democracia, a economia e a sociedade como pilares. Esses são os pilares e, claro, muitas outras propostas. Mas, centrando na democracia, na economia e na sociedade.

Samantha Cavalca: Candidato, seu partido tem posicionamento bem engajado no assunto polêmico que envolve o aborto, então qual é a sua posição sobre esse tema? A gente espera, existe expectativa que esse tema irá ser debatido pela Congresso Nacional, então qual seria sua posição caso eleito?

Jesus Rodrigues: Olha, eu considero que o que consta hoje na lei já atende às questões para realização de aborto, e também compreendo como acréscimo a discriminalização do aborto, quer dizer, não poder incriminar, não podemos penalizar uma pessoa que venha a praticar o aborto. Essa é uma questão básica, ou mais, claro, no debate nós podemos ir tomando posição, tendo mais informações para discutir. Mas eu considero que a lei atual ela contempla. É preciso não criminalizar. É preciso que nós possamos discutir isso abertamente com a sociedade. Aí é uma outra questão quando eu digo propostas estruturantes, nós precisamos fazer uma democracia participativa e também direta.

 Amadeu Campos: Plebiscito?

Jesus Rodrigues: Plebiscito, referendo.

Amadeu Campos: No caso do aborto?

Jesus Rodrigues: Poderia ser um plebiscito; claro, antes de qualquer plebiscito é necessário uma discussão ampla, como em época de campanha se abra aí, 40 e poucos dias, que as opiniões divergentes venham. Nós não podemos continuar praticando apenas democracia representativa, que é essa onde o cidadão elege o parlamentar e ele  lá toma o mandato como seu, como se fosse um cheque em branco ou como se fosse uma procuração com amplos poderes, então a população precisar vir mais para política e dominar o política e dominar o político.

Amadeu Campos: Democracia direta?

Jesus Rodrigues: Exatamente. Não só direta, mas participativa também.

Amadeu Campos: Nessas democracias pressupõe que os eleitos disponham a qualquer tempo do seu mandato, não?

Jesus Rodrigues: Olhe, é…Essa é uma outra questão que passa por uma reforma política que eu defendo que não seja feita pelos próprios parlamentares. Veja, eu inclusive fui deputado, então só para concluir a questão da reforma política e das regras da eleição, elas não podem ser feitas pelos próprios deputados. Eu fui deputado, me envolvi com reforma, toda legislatura faz uma, as vezes até duas, mas hoje compreendo que é ilegítimo, que é esperto, que é ilegal que os próprios deputados definam as regras pelas quais eles mesmos se elegem. Eu faria com o povo, através de plebiscito, ou através da convocação de uma assembleia nacional constituinte exclusiva para o tempo.

Efrém Ribeiro: Candidato, fui analisar os registros de candidaturas e o senhor aparece como um dos mais ricos. O que houve, Dr. Jesus? O senhor ganhou na loteria?

Jesus Rodrigues: Eu sou um homem casado com uma mulher rica. Só isso. E aí a prestação de contas, os bens da minha esposa ficam na minha declaração, no meu CPF, ainda naquele tempo do "cabeça do casal", mas eu prometo que vou consultar advogados, contadores para na próxima declaração a gente separar só a declaração de renda, claro, mas sem separar o casal: só os bens de renda dela e só os meus. Eu como bancário devo dizer o seguinte, eu já tenho uma empresa, sou industrial. Eu tenho uma empresa de fabricação de plástico de sacolas desde 1997, ou seja, há 20 anos, então é o que complementa a minha aposentadoria de bancário da Caixa, complementa minha aposentadoria do INSS, é o que eu tenho de renda dessa empresa de plásticos, que funciona aqui em Teresina.

Arimatéa Carvalho: O candidato à Presidência de seu partido, Guilherme Boulos, é um árduo defensor do ex-presidente Lula, inclusive nos debates, sabatinas que ele participa, ele sempre inicia defendendo e falando de Lula antes mesmo de suas propostas. O senhor integrou o Partido dos Trabalhadores, mas desistiu de concorrer e mudou de sigla. O senhor também está com Lula no Piauí e não abre?

Jesus Rodrigues: Olhe, eu digo para você que o motivo pelo qual eu deixei o PT foi justamente as suas alianças, e eu dizia em 2014 quando saiu esse leke de alianças e dessa forma como se faz política não vai terminar bem. E não terminou, cassaram a Dilma. Aqui no Piauí é estranho ver o governador com o judas do time da Dilma. O judas do time da Dilma é aquele que fazia parte do time da Dilma e por 30 dinheiro se entregou ao atual presidente e hoje gasta esse 30 dinheiro fazendo agrado com os prefeitos do Piauí. Eu considero que isso, o principal motivo pelo qual eu saí da campanha de 2014. E compreendo, é bom que se diga, que o presidente Lula é um preso eleitoral, não digo nem um preso político, não. É um preso para não concorrer à eleição. Porque nem você, nem outro cidadão, está, seria preso acusado pelo crime que ele está sendo acusado e preso.

Então isso leva o PSOL, muitas vezes, àquele apelidinho de “puxadinho do PT”, “anexo do PT”, mas nós fomos contra o impedimento de Dilma porque entendíamos que era um golpe, e eu estou contra o Lula está preso porque eu considero que ele é um preso para não concorrer à eleição. Somente. Se não deixarem ele concorrer, poucos dias depois da eleição ele vai ser solto porque motivos jurídicos existem abundantemente. Eu considero que para se fazer justiça, se é para o Lula estar preso por isso, um monte de outros políticos de alto cacife deveriam estar presos há muito tempo.

Efrém Ribeiro: O senhor em seu programa sobre obras estruturantes, aí lembrei do programa da candidata Sueli Rodrigues que é contra. Ela quer mais uma economia local, economia menor. Então eu queria saber como vocês dois convivem, porque me parece uma contradição.

Jesus Rodrigues: Primeiro que a professora Sueli Rodrigues é candidata a governadora. Ela pode falar de obras. Eu vou fazer leis, sou legislador, vou me eleger senador. Mas do ponto de vista de elaboração de políticas públicas, por exemplo, eu acho que nós devemos, aí é quando eu digo: é preciso melhorar a economia; é preciso inverter a lógica da globalização e fortalecer a produção e consumo local, como? Imagina a produção de Etanol a partir de pequenos equipamentos, nós tivemos há pouco tempo atrás uma greve de caminhoneiros que praticamente faltou combustível em vários postos. Imagine que se nós pudéssemos ter em cada cidade pequena do Piauí uma produção de Etanol feita naquela cidade, por agricultores familiares daquela cidade. Isso seria, a greve não teria esse efeito. Eu posso estender essa proposta para produção de energia elétrica, que também pudesse ser produzida pela pequena agricultura, através da biomassa.

Amadeu Campos: Placa solar?

Jesus Rodrigues: Não, eu digo a biomassa é a queima da madeira. Placas solares, quando você imagina uma Itaipu gerando energia para o Brasil inteiro, como qualquer outra, imagine que até por uma questão de segurança nacional em caso de guerra, ou de uma bomba na Itaipu, metade do Brasil vai parar. Se nós tivéssemos uma produção em pequena escala, se nós tivéssemos produção de energia nas cidades também, nós não sofríamos com essa coisas.

Arimatéa Carvalho: Candidato, o senhor esteve juntamente com Sueli Rodrigues visitando as rendeiras de Ilha Grande, no litoral do Piauí, e que ganharam destaque nacional e até internacional após um estilista visitar o local. O senhor fez duras críticas contra as políticas públicas feitos no estado para alavancar o turismo. Esse tema não apareceu aqui, o senhor é o sexto candidato a ser sabatinado e ainda não havia sido citado. Então que atenção é essa que o senhor pretende dar ao turismo e por quê?

Jesus Rodrigues: Não, quem fez discurso sobre o turismo foi a nossa candidata Sueli Rodrigues. O meu trabalho, a minha fala foi justamente no sentindo de que aquele é o tipo de trabalho que nós queremos, a produção local, o consumo local e produzido de maneira associada, no caso, uma cooperativa nesse sentido.

Agora na questão do turismo, mesmo assim, eu me atrevo a dizer que nós temos a necessidade de estabelecermos algumas regras, quando eu falo, por exemplo, da produção local, consumo local ou quando eu falo de que a gente precisa inverter a lógica da globalização, imagine que chega lá um resort para se instalar em uma determinada área e as pessoas que moram ali naquele local são descartadas, são espalhadas, um “chega para lá neles”. É o progresso que chega excluindo as pessoas. É uma ferrovia que está sendo feita no Sul do Piauí, que passa pelo meio da terra de uma pessoa que recebe R$ 5 de indenização por conta de sua terra que está sendo cortada ou dividida por uma ferrovia. É uma legislação que trata, por exemplo, da exploração de ouro e quem está sentado em cima do ouro, tia ele para lá e nem uma dentadura com dente de ouro ele vai ganhar. Então o progresso não pode ser excludente, nós não podemos pensar um turismo em nosso estado onde exclua as pessoas que estão habitando naquele local e que eles também não tenham a oportunidade de participarem do progresso.



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