SEÇÕES

Terras estão mais caras com a expansão do agro no Brasil

O preço por hectare aumento mais de 10%

FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O bom desempenho do agronegócio tem pressionado para cima os preços da terra voltada para a atividade agrícola em todo o País. Pelos levantamentos da consultoria IHS Markit, os preços aumentaram, em média, 10,7%. Saíram de R$ 23.603 por hectare no primeiro bimestre de 2020 para R$ 26.141 no mesmo período de 2021.

A alta não se restringe aos negócios de compra e venda. Abrange os arrendamentos (aluguéis) de glebas, que avançaram, em média, 72% no período de 12 meses terminado em dezembro. Mas mantém uma peculiaridade: diferentemente do mercado de terras, os contratos de arrendamento vêm sendo indexados às cotações das commodities. (No gráfico, a evolução dos preços da soja e do milho.)

Mesmo em meio à pandemia e à fraca atividade, o aquecimento da demanda interna e externa por alimentos e o receio de desabastecimento ao redor do mundo, que impulsionou a exportação para a China, contribuíram para o avanço da agropecuária no País, que cresceu 2% em dólares em 2020.

A desvalorização do real (alta do dólar no câmbio interno), de mais de 3% nestes quase quatro meses do ano, também contribuiu para o aumento da renda da agricultura em reais. É mais um fator que joga pelo aumento da procura por glebas. O professor e pesquisador do Centro de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas, Felippe Serigati, entende que não se pode descartar o aumento da inflação nesse movimento: "A terra é reserva de valor. É natural que a demanda por esse ativo se aqueça quando a inflação acelera".

Mas, como acontece com outros imóveis, a terra é um bem de segurança cujos negócios têm, em geral, baixa liquidez. No Sul e no Sudeste, áreas tradicionais na produção agrícola e dotadas de melhor infraestrutura, os preços são mais altos do que no restante do Brasil. Essa diferença, como aponta a analista de mercado da IHS Markit, Leidyane Brito, contribui para o desenvolvimento das novas fronteiras agrícolas.

Pela disponibilidade de terras mais baratas, as Regiões Norte e Nordeste têm se consolidado como boas opções de investimento para o agronegócio. "O Matopiba (região agrícola formada por parte dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) apresenta índices de expansão para cultivo de grãos acima da média e propicia investimentos para o plantio de uma segunda safra, o que reforça o retorno dos produtores", afirma Leidyane.

Ajudam a região as concessões de ativos de infraestrutura (aeroportos, terminais portuários e ferrovias), o que tende a melhorar a logística e facilitar o escoamento da produção. O setor enfrenta falta de oferta de terras para arrendamento, mesmo nas áreas de fronteira como o Matopiba e a Sealba (área agrícola que engloba parte dos Estados de Sergipe, Alagoas e Bahia).

Como um dos grandes desafios do País é avançar na produção agrícola e na oferta de terras sem desmatamentos, Renato Rasmussen, diretor de inteligência de mercado da consultoria StoneX, entende que facilitar o investimento estrangeiro nesse mercado pode desencadear um movimento de recuperação de áreas subutilizadas, geralmente de pastagens degradadas.

Um projeto de lei que facilita a compra, a posse e o arrendamento de propriedades rurais no País por pessoas físicas ou empresas estrangeiras está em tramitação na Câmara dos Deputados. A proposta limita em até 25% a área administrada por estrangeiros por município. Para sociedades formadas por empresas e pessoas de uma mesma nacionalidade, o limite será de 10%. Informações da StoneX, baseadas em dados do Sistema Nacional de Cadastro Rural, dão conta de que capitais estrangeiros detêm 4 milhões de hectares no País (0,47% do território brasileiro). Como os dados são autodeclaratórios, o número real pode ser maior.

Fonte: Revista Ferroviária



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos