Frango e ovos voltam a compor a alimentação do piauiense

Nos três primeiros meses desse ano, o abate de frangos aumentou 11% no Piauí

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Liana Paiva

repórter

Com a disparada dos preços dos alimentos, provocada pela pandemia da Covid-19, muita gente está se virando como pode para colocar comida à mesa e reduzir o impacto da inflação no bolso. E, nesse malabarismo, o jeito é voltar consumir produtos mais baratos e assim fazer as substituições. Nesse contexto, os piauienses diminuíram o consumo de leite e carne bovina. Já na outra direção, voltaram a frequentar a prateleira de ovos e os freezeres de carne de frango, nos supermercados e mercadinhos.

Tudo isso foi verificado nos resultados do primeiro trimestre, deste ano, da Estatística da Produção Pecuária, divulgada recentemente pelo IBGE. Lá é possível ver que a produção de litros de leite no Piauí caiu quase 20% entre janeiro e março deste ano, na comparação com o mesmo período de 2020. E da mesma forma, uma queda bem maior, de cerca de 30%, no abate de bovinos. Saindo de 25,1 mil animais abatidos no primeiro trimestre do ano passado, para menos de 17,6 mil de janeiro a março último.

“Na realidade, o que percebemos foi uma queda da demanda desses produtos, principalmente por conta das exportações, que foram priorizadas por produtores e criadores. Além disso, teve a suspensão do auxílio emergencial, que terminou em dezembro e só voltou em abril deste ano”, detalhou Eyder Mendes, supervisor de informações do IBGE no Piauí, lembrando que boa parte do consumo se manteve por conta do auxílio. “Os brasileiros optaram por alimentos de primeira ordem”, completou.

Só de leite, o Piauí deixou de produzir quase 800 mil litros esse ano, na comparação com o mesmo período de 2020. Jean Mendes, pecuarista da fazenda Balde Cheio, situada no litoral piauiense, onde se concentra a maior bacia leiteira do Estado, conta que a queda da produção deve-se muito ao aumento dos insumos para alimentação do gado. “Houve um crescimento muito grande no valor do milho soja, por conta das commodities, fazendo com que o criador diminuísse a alimentação do gado leiteiro ou, até mesmo, optasse em vender o animal para o abate, tendo em vista o aumento da arroba do boi”, pontuou.

Mas, se está cada vez mais difícil fazer churrasco aos finais de semana ou tomar um copo de leite antes de dormir, tomar café da manhã com ovos mexidos ou omelete e almoçar tendo como proteína frango ou carne de porto é a solução. Não à toa, os mesmos dados do IBGE revelam um crescimento de quase 3% na produção de ovos no primeiro trimestre, com 263 mil dúvidas a mais; e aumento de 15% no abate de suínos, no mesmo período analisado.

Já a produção de carne de frango tem chamado a atenção dos pesquisadores do IBGE. Tudo porque, em 2019, o Piauí abatia, em média, mais de 2,3 milhões de animais a cada trimestres. “No segundo trimestre de 2019, um grande frigorífico fechou a porta aqui no Piauí e derrubou a produção estadual, para menos de 600 mil abates por trimestre, ou seja, uma queda de quase de 80% do que era o normal. Então, o resultado alcançado entre janeiro e março deste ano só mostra uma recuperação do setor”, avaliou Eyder.

De acordo com os dados, só no primeiro trimestre deste ano foram abatidos 1.375.300 frangos nas granjas industrializadas piauienses, são 151,5 mil animais a mais que o registrado no mesmo período de 2020. Isso representa um aumento de 11% e mais alimento na mesa da população. “E como o preço do frango continua sendo acessível, a tendência é manter esse crescimento e voltar aos patamares de 2019”, detalhou o supervisor do IBGE.

Já nos dados gerais do país, o IBGE constatou a mesma tendência piauiense. O abate de bovinos caiu 10,3% e o de suínos e frangos subiu 4,9% e 2,4%, respectivamente, no primeiro trimestre de 2021, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Segundo os números, o número de cabeças de bovinos abatidas no trimestre foi 6,54 milhões, enquanto o abate de suínos registrou 12,53 milhões e o de frangos 1,55 bilhão de cabeças.

Já em relação ao último trimestre do ano passado, o recuo no abate de bovinos foi ainda maior, -10,5%. O abate de suínos cresceu 0,2%, enquanto o de frangos se manteve estável nessa comparação. No primeiro trimestre deste ano, do total de bovinos abatidos, o resultado preliminar aponta uma produção de 1,72 milhão de toneladas de carcaças, queda de 6,8% em relação ao mesmo período de 2020, e de 12,7% na comparação com o último trimestre do mesmo ano.

Em relação aos suínos, o peso acumulado das carcaças atingiu 1,15 milhão de toneladas, com alta de 7,2% frente ao primeiro trimestre do ano passado e de 2,5% na comparação com o quarto trimestre de 2020. Já o peso das carcaças de frango foi de 3,63 milhões de toneladas. Na comparação anual, houve aumento de 4,3%, e frente ao último trimestre de 2020, o acréscimo foi de 1,6%.

A aquisição de leite cru feita pelos estabelecimentos que atuam sob inspeção sanitária municipal, estadual ou federal foi de 6,52 bilhões de litros no primeiro trimestre de 2021, uma alta de 1,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, mas houve queda de 3,3% frente ao quarto trimestre de 2020. A produção de ovos de galinha alcançou 972,94 milhões de dúzias, o que corresponde a uma redução de 0,1% na comparação anual e uma queda de 1,8% na trimestral.

A pesquisa mostra ainda que os curtumes que efetuam curtimento de, pelo menos, cinco mil unidades inteiras de couro cru bovino por ano declararam ter recebido 7,07 milhões de peças inteiras de couro cru no primeiro trimestre deste ano. Essa quantidade foi 6,6% menor na comparação com o mesmo período de 2020 e 8% menor do que a registrada no último trimestre do ano passado.



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