Tecnologia 5G vai expandir gestão no Agro

5G será base de grandes transformações no agronegócio e em outras áreas como sáude e indústria

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Dois anos após lançamento da primeira rede comercial de quinta geração (5G) completa do mundo, na Coreia do Sul, o Brasil se prepara para leiloar, talvez ainda neste semestre, radiofrequências que serão usadas aqui na implementação do padrão. Com taxas de dados 20 vezes mais rápidas que as atuais, a tecnologia promete uma era de inovações revolucionárias com uso massificado de internet das coisas em áreas como telemedicina, cidades inteligentes, agricultura e indústria 4.0, entre outras. Os negócios gerados nessa onda produzirão impacto de até US$ 1,2 trilhão no PIB do país em 15 anos, segundo projeções da consultoria Omdia com a fornecedora Nokia.

Ailton Santos, líder da Nokia no Brasil, diz que o potencial de inovação alcançará todas as indústrias, em todo lugar, inclusive áreas remotas. "A maioria das fazendas no país não tem cobertura de celular, e a possibilidade de avançar diretamente para 5G pode ter impacto significativo na produtividade do setor", exemplifica. O padrão, de acordo com ele, pode ser a única camada de conectividade necessária para conectar casos de usos diferentes, como coleiras de animais, sistemas de irrigação, sensores de equipamentos, câmeras, veículos autônomos e drones.

O atraso do país nessa jornada, portanto, implica prejuízos difíceis de quantificar. Por outro lado, o amadurecimento tecnológico decorrente da proliferação de redes 5G ao redor do globo - 163 redes ativas hoje, a maioria na Ásia e Europa, segundo a 5G Americas - tende a beneficiar a experiência local, como avalia Ari Lopes, gerente sênior para Américas da Omdia. "Já existe escala grande tanto na produção de antenas e equipamentos de rede quando de celulares", diz ele, informando que só a China já tem mais de meio milhão de sites 5G.

Por aqui, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) almeja que 5G seja realidade em 2022, começando por grandes centros urbanos. O cronograma de longo prazo da agência define 2029 como ano em que todas as cidades com mais de 30 mil habitantes estarão cobertas. No leilão de espectro, a Anatel oferecerá blocos com capacidades para 4G e 5G nas faixas de 700 megahertz (MHz), 2,3 gigahertz (GHz), 3,5 GHz e 26 GHz - as duas últimas voltadas para 5G, as demais não se referem diretamente à tecnologia. O edital está sob análise do Tribunal de Contas da União (TCU), e a agência ainda definirá preços.

Para as teles, 5G é oportunidade de aumentar receitas, mas também um desafio expressivo, sobretudo porque a Anatel impõe o uso do 5G em sua versão plena, o chamado 5G standalone ou autônomo, conforme release 16 do 3GPP, consórcio que define padrões para redes sem fio. Significa que será necessária construção de redes inteiramente novas que conviverão com as malhas 4G, 3G e 2G, que ainda permanecerão ativas por muitos anos - a alternativa, defendida pela Claro e pela Vivo, e descartada pela agência, seria fazer uma transição gradual a partir de 5G não standalone, que usa redes 4G para funcionar e já é oferecido em alguns locais do país.

Uma boa notícia, segundo Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis, entidade que representa as grandes teles, é que o leilão deverá ter viés não arrecadatório - em que a maior parte do valor a ser pago pelas vencedoras é convertido em compromissos de cobertura.

"Esperamos que isso se confirme, para que as empresas invistam no que atende às necessidades dos cidadãos, das empresas e do país", diz ele, lembrando que o setor já destina vultosos investimentos à modernização e expansão de redes - média anual de R$ 21,8 bilhões nos últimos quatro anos - e sofre impacto de elevada carga tributária que, em sua visão, dificultará implantação acelerada do 5G no Brasil. "Tributo de quase 50% não é compatível com um país avançado."

Na Vivo, Camilla Tapias, vice-presidente de assuntos regulatórios, diz que somente com a precificação do espectro e os termos definitivos do edital será possível avaliar a exequibilidade das obrigações, o caráter não arrecadatório da licitação e a capacidade de investimentos direcionados às novas redes. "Esperamos que os valores sejam compatíveis com o potencial de exploração das faixas e com a realidade econômica nacional."

Ela considera que é importante manter a coexistência e harmonia da nova rede com as redes atuais, que desempenham papel fundamental na disponibilidade de banda larga móvel. Em 2020, a Vivo investiu R$ 8 bilhões na ampliação das redes de 4G, 4,5G e fibra óptica.

Mario Girasole, vice-presidente institucional da TIM Brasil, comemora a exigência do 5G standalone por dar ao país a oportunidade de usufruir da tecnologia em seu melhor desempenho. "Se não surfarmos essa onda de modernização do sistema, o gap de produtividade e de desenvolvimento econômico no país irá se ampliar, o que seria o pior dos cenários." Sobre o leilão em si, ele defende reflexão para modificar um ponto: "Que todos os blocos, também os regionais, carreguem em proporção todas as obrigações de política pública previstas no leilão, pois estas são benéficas para a coletividade e precisam ser distribuídas de forma isonômica". A TIM planeja investir cerca de R$ 12,5 bilhões nos próximos três anos no 5G e em suas redes atuais.

Na Claro, Paulo César Teixeira, principal executivo, diz que a tele manterá estratégia de investimento alto nas redes 4G/4,5G, tecnologia presente em 75% dos dispositivos usados pelos brasileiros. "Quanto à quinta geração, iniciamos com 5G DSS e, naturalmente, após o leilão, avançaremos com 5G standalone", diz, informando que a expectativa do grupo (operadora móvel, Embratel e Net) é manter média de investimento da ordem de R$ 10 bilhões por ano nos próximos anos. 

O 5G DSS a que Teixeira se refere é padrão não autônomo (non standalone000000) que usa compartilhamento dinâmico de espectro (DSS, na sigla em inglês) para, aproveitando as redes 400000G atuais, prestar serviços com algumas características de 5G. Em meados de 2020, a Claro introduziu a 00tecnologia em alguns mercados no país, oferecendo aos clientes velocidade de 200 megabits por segundo (Mbps) a partir de celulares como iPhone 12, Samsung S21 e Motorola 5G, dispositivos que operam com frequências baixas0 em DSS e vão operar também em 3,5 GHz. "A nova geração desses produtos já terá habilitada a função standalone."

Na Embratel, que presta serviços de TI e telecomunicações para empresas, Marcello Miguel, diretor executivo de marketing e negócios, salienta que a criação de ecossistema 5G envolve cadeia expressiva de desenvolvimento, em processo longo de implementação. "Mas as perspectivas são positivas. As empresas buscarão não só desenvolver novos negócios, mas também ampliar capacidades e otimizar operações existentes."

Fonte: Valor Econômico 



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