Amanda*, 56, não pode nem ouvir falar em Black Friday. Enquanto milhões de brasileiros estão esfregando as mãos e fazendo as contas para aproveitar as ofertas do comércio nesta época do ano, a médica evita olhar anúncios na internet e passa longe de shopping centers para não cair em tentação.
Se fosse outro tempo, eu compraria tudo e dividiria em dez vezes no cartão. Agora não fico procurando ofertas para não brincar com o azar.
Amanda
Por que Amanda teme o que é tão desejado pela maioria? Sua relação com o dinheiro sofre de um desequilíbrio. Ela já chegou a ter uma dívida acumulada de cerca de R$ 250 mil e quase perdeu sua casa, que estava hipotecada. Tudo porque não conseguia controlar o impulso por gastar.
Não é um caso isolado. A funcionária pública aposentada Júlia*, 57, também evita as promoções da data. A vontade é aproveitar os descontos para comprar presentes de Natal.
Mas já faz algum tempo que decidiu não presentear mais ninguém. "Minha preocupação é comprar para um e não parar mais."
Ela sempre agiu de forma impulsiva na hora de fazer compras.
Eu tinha 10 cartões e usava todos ao mesmo tempo. Uma vez entrei no mercado para comprar pão e saí com uma TV. Foi um impulso, como sempre fiz na minha vida toda.
*Os nomes dos devedores são fictícios para preservar sua privacidade