Segunda onda da covid é ainda mais cruel para plantonistas

No caso de Gabriela Diniz, intensivista do Hospital das Clínicas e do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, o que pega é o “cansaço crônico”.

Avalie a matéria:
No caso de Gabriela Diniz, intensivista do Hospital das Clínicas e do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, o que pega é o "cansaço crônico". | Divulgação
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

"Gente, alguém pode me ajudar no plantão amanhã no Covid? Motivo: exaustão".  Mensagens como essa, de alguém implorando para trocar um plantão marcado, se tornaram comum nos grupos de médicos. Prints delas chegaram a circular no Twitter. A médica Ana Paula Rodrigues Arias, que trabalha em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em São Paulo, confirma. Ela se prepara para voltar a fazer plantões em enfermarias de Covid, onde trabalhou até maio.

Ana Paula, assim como outras profissionais ouvidas por esta coluna, conta como anda a saúde mental dos profissionais que atuam na linha de frente no momento em que notam um crescimento exponencial dos casos. Em geral, as médicas e enfermeiras estão exaustas. São comuns ataques de choro, uso de remédios controlados e sintomas de estafa.

A enfermeira Shana Telo, Porto Alegre, está em isolamento, com COVID, contaminada pela segunda vez. 

"Agora é muito pior do que na primeira onda porque as pessoas estão cansadas, ninguém mais faz isolamento. Me sinto lutando sozinha em uma guerra", diz Ana Paula. A médica nota aumento de mais de 50% de casos de covid na unidade em que trabalha mais de 40 horas semanais. Além do cansaço físico, ela relata medo e solidão. Recém-formada, Ana Paula já perdeu a conta de quantos pacientes viu morrer: "Já tive vários ataques de choro no plantão".

No caso de Gabriela Diniz, intensivista do Hospital das Clínicas e do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, o que pega é o "cansaço crônico". "Às vezes consigo ficar uns dois dias longe do hospital. Mas é um cansaço constante. Passei a fazer terapia e tenho o péssimo hábito de fumar. Uso o cigarro como Rivotril, para aliviar os momentos de tensão."

A enfermeira Shana Telo, 40, de Porto Alegre, tem 16 anos de experiência, já é veterana na profissão, mas pela primeira vez passou a ter ataques de pânico e sentir medo no trabalho. No momento, ela está em isolamento, contaminada com covid pela segunda vez. "Quando recebi o resultado chorei muito. Eu tomo muito cuidado. Fiquei revoltada que isso acontecesse de novo", contou. Nas duas vezes em que se infectou, ela se contaminou no trabalho.

Confira os depoimentos



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES