Corso leva 450 mil foliões às ruas, bate recorde de animação e mantém sua marca do Guiness Book

Neste ano foram 420 caminhões, um número menor que no ano passado, 487

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Corso de Teresina | Moises Saba
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Super-heróis, paquitas, atletas, coelhinhos, personagens da novela, celebridades e até a presidente Dilma figurou entre os personagens. Com cerca de 450 mil foliões, o corso de Teresina bateu recorde de animação e continua mantendo a marca do Guinness Book, como o maior desfile de carros enfeitados do mundo.

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Neste ano foram 420 caminhões, um número menor que no ano passado, 487. Apesar disso, na noite de sábado ainda havia uma fila imensa de veículos que sequer tinham atravessado a Ponte Petrônio Portela - da Primavera - e aguardavam na Marechal Castelo Branco a vez de desfilar na Raul Lopes, palco dos foliões. Muitos caminhões desistiram da demora e não conseguiram chegar na Raul Lopes.

Ainda na concentração, por volta das 15 horas de sábado na Avenida Marchal, havia gente dando os retoques finais na decoração. A esta hora além dos carros já haviam fantasias bem produzidas que começavam a chamar atenção na tarde ensolarada. O primeiro caminhão a entrar na Avenida foi o do pessoal da terceira idade, seguido dos deficientes físicos com o Bloco da acessibilidade. Muito animados eles abriram um desfile de muita cor, energia e diversidade.

Um dos grandes destaques foi a presidente Dilma Rouseff na pele, ou melhor na barba do ator Chico Bonito que veio de Floriano para mostrar bom humor e irreverência. Ele já se fantasiou de Dilma anteriormente, mas no Corso de Teresina é a primeira vez. Ele conta que aproveitou a vinda recente da presidente ao estado e apostou no sucesso da fantasia, que de fato chamou atenção.

Por onde passava alguém passava e sempre fazia uma brincadeira. Alguns até gritavam ?Tira a barba, Dilma!?. Chico diz que não fez a barba por conta de um espetáculo que está fazendo. Contudo, ele brinca e diz que a barba compõe a fantasia fazendo uma mistura de Dilma e Lula. ?Não é pra elogiar, nem criticar é pra chamar atenção. Ninguém ia vir de Dilma. Eu vim e to pegando todo mundo?, revela o ator.

Onde tem presidente tem protesto e nem meio a diversão, feministas do Movimento de Mulheres em Luta (MML) aproveitaram para protestar contra o machismo e violência contra mulher, que no carnaval infelizmente acontecem com alta frequência. ?O carnaval é um evento que o machismo fica exacerbado. Estamos aqui fazendo um protesto contra a falta de incentivo e políticas públicas para coibir a violência contra mulher?, afirma Letícia Campos que manisfestou-se com alegria e frases de efeito.

Personalidades na Avenida

Muitas personalidades formam homenageadas e fizeram bastante sucesso na avenida. Entre eles o cantor Raul Seixas, Lady Gaga e outras cantoras pop do momento. Entre estes artistas o mais celebrado de todos foi o cantor Reginaldo Rossi, que foi tema de mais de 10 caminhões. O casal de educadores físicos, Mara Shuenia e Aécio Vasconcelos, estavam em um dos caminhões que homenageava o rei do Brega. Eles contam que ideia surgiu numa confraternização de amigos no fim do ano. Desde então a turma foi se preparando para homenagear o rei do brega.

E por falar em Reginaldo, a figura do artista sempre estava associada ao cabaré, ?Cabaré do Rossi?, ?Cabaré do Reginaldo? eram nomes de alguns caminhões. Cabaré definitivamente foi um tema de sucesso nos caminhões. Um destes cabarés móveis que se destacou foi o ?Cabaret Moulin Rouge?. O casal de médicos Wilson e Sheila Gonçalves estavam neste caminhão. Sheila conta que a inspiração foi o cabaré francês, baseado numa festa dada pela socialite Paris Hilton. Em traje burlesco ela explica que o objetivo era trazer toda animação do de um cabaré para avenida.

Personagens da ficção também fizeram sucesso na avenida. Muitas foram as fantasias ?Tetê Parachoque Paralama? e Félix, personagens de uma novela exibida recentemente. Havia um caminhão exclusivo para os personagens, nomeado de ?Hot Dog do Félix?. Todas as mulheres estavam com uma flor enorme no cabelo, fantasiadas de Tetê. Socorro Napoleão afirma que a ideia veio com o sucesso da novela. ?Com a novela todo mundo está adorando o hot dog do Félix?, explica Socorro.

Festa Internacional

No maior corso do mundo as referências partem de todo lugar do planeta, e as fantasias mostravam bem isso. Os mexicanos eram maioria, seguidos de alemães, americanos do velho oeste e uma série de outras nacionalidades que desfilaram na avenida com sotaque e tudo.

Um caminhão inteiro chamou a atenção com a fantasia escocesa, 35 homens e mulheres padronizados com o mesmo modelito, um kilt escocês ? saiote xadrez masculino. A ideia foi do funcionário público Tiago Leal, inspirado numa viagem que ele havia feito a Escócia. Ele conta que tudo foi planejado em mês e que usar saia no Corso é muito bom. ?É um símbolo de liberdade. Dá um frescor a mais?, brinca.

Dentre os mexicanos fantasiados, havia uma que era original de fábrica, Graciela Medina, que mora em Teresina há poucos anos e este ano foi para o corso de pirata. Ela se divertiu bastante na festa e conta que sua fantasia foi de última hora. No Corso geralmente os homens usam fantasias femininas, ela foi na contramão do processo e fez bigode e tudo, caprichando nos detalhes. Mulheres também esse direito.

Rachando a cara da sociedade

Homens que se fantasiam de mulher já é uma tradição nas festas de Zé Pereira e Corso. Apesar de comum esta inversão de papéis no carnaval faz muito sucesso e os rapazes causam grande frisson por onde passam. Em Teresina não foi diferente e muito barbado deixou aflorar seu lado feminino na rua.

Rafael Lopéz, estilista e figura icônica da capital, fantasiou-se de Miley Cyrus, que vem chocado o mundo das cantoras pop com suas aparições escandalosas. Rafael tornou o centro das atenções e algumas pessoas até pediam para tirar fotos com ele. O estilista acredita que não basta se vestir de ?racha? - mulher ?. Para ele é preciso atitude na hora de encorporar a fantasia. E esta é uma maneira de chocar a sociedade e gera muito burburinho.

Ele conta que a produção deu trabalho e para peruca não cair ele passou cola na cabeça. ?Tem gente que se liberta só no carnaval, comigo a libertação acontece o ano todo, mas tenho amigos que usam esse momento para se libertar?, afirma.

Mesmo sem estar vestido de mulher, mas causando muita badalação, a fantasia de coelhinho do publicitário empreendedor Gustavo Athayde foi sensação na avenida. E por onde o fofíssimo saltitava todos ao redor faziam brincadeira e logo entravam no clima do coelhinho conseguiu muitos elogios com seu carisma.

Copa inspirou muitos foliões

Foram muitos os caminhões que usaram a Copa e a seleção brasileira como inspiração. Na avenida muitas das fantasias com este tema bateram um bolão. É o que conta o grupo de amigas que estavam uniformizadas: Daniele Sampaio, Lorena Sampaio, Cíntia Batista e Débora Cristina. Elas contam que há 02 semanas tinham pensado e planejado a fantasia. Cada uma gastou R$50,00 para produção.

Já a estudante Thaís Iacyare não gastou nada e foi produzindo a fantasia com o que já tinha no armário. Ela decidiu a fantasia de última hora. ?Decidi hoje foi de última hora. Já vi que muitas pessoas escolheram este tema que está sendo sucesso?, afirma.

Quem não tem caminhão vai de carrinho

Apesar da essência do corso ser a exuberância dos caminhões, o que importa mesmo é a criatividade e empolgação das pessoas. E quem vai no chão garante que a diversão é maior, porque dá pra aproveitar muito mais a festa. Esta é a opinião da professora Amanda Moreira de Sousa que este ano levou um carrinho de supermercado para desfilar na Raul Lopes.

O carrinho servia para guardar as bebidas e estava no ritmo dos anos 60 com todos os integrantes a caráter. Amanda conta que a ideia veio por conta da experiência pouco agradável do último corso. ?No ano passado teve muitos caminhões e o nosso não saía do lugar. Nesse ano viemos no chão que é bem mais rápido. A gente aproveita mais a festa e anda por vários lugares?, explica e ressalta que não há preocupação com gastos do aluguel do caminhão e banheiro, por exemplo.

Atravessando a ponte estaiada, vários foliões se encaminhavam a pé pro corso, sem se preocupar com estacionamento ou caminhão. A única preocupação era com o isopor de bebidas que alguns carregavam. ?Quem tá a pé se diverte mais porque a gente sai acompanhando tudo e bebe a vontade?, afirma.

Criançada fez a festa na avenida

Super-heróis foi outro tema que vingou no corso, principalmente entre as crianças. Com apenas 01 ano e 03 meses, Pietro Rangel, já participa do 2º corso. A fantasia de super-homem ele encantava a todos junto com a prima Eloá que estava de mulher maravilha, também no seu segundo corso com apenas de 01 ano e 08 meses. Essa duplinha de heróis estavam boquiabertos com a imensidão de gente diferente no corso. A avó Socorro Pimentel, que eles não dão trabalho, mas fica com medo de perder os pequenos no meio de tanta gente.

O herói dos quadrinhos escolhido por Luan Ribeiro de 05 anos foi o Batman. Ele e as primas Adyla e Adylane foram ao corso levados pelos avós Maria de Jesus e Jefferson Ribeiro. ?É a segunda vez que trago e eles não dão trabalho nenhum?, afirma avó.

Em meio a folia, os pais afirmam que cuidar das crianças vira uma diversão. O advogado Daniel Ribeiro Gonçalves estava dando conta das 02 filhas, Gabriela e Isadora, de 08 anos e os coleguinhas da mesma idade. ?Eu acho esse momento formidável. É um tempo de lazer com elas. Não dão trabalho porque a gente se diverte?, afirma. Isso mostra que o corso é uma festa que acolhe as idades e todas as diferenças em nome da diversão.



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