Reafirmando valor cultural, desfile no Rio aposta em tecnologia

O maior espetáculo a céu aberto no mundo

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O ano pode até ser de crise, mas os desfiles das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro não sugeriram isso. Grandiloquência foi a palavra de ordem nos dois dias que a Marquês de Sapucaí foi palco para o que muitos consideram o maior espetáculo a céu aberto do mundo.

Com drones, fantasias iluminadas à distância por aparelhos bluetooth (conexão sem fio), LEDs e alegorias gigantes, o carnaval carioca viveu seu esplendor high tech em 2016. Se as arquibancadas não lotaram, especialmente no domingo, a avenida esteve bem concorrida. Muitas escolas se aproximaram do limite máximo de componentes. O Salgueiro levou 3.800 divididos em 31 alas nesta segunda-feira, enquanto que a Mocidade Independente de Padre Miguel levou 4 mil integrantes para avenida e sete carros alegóricos, o máximo permitido em ambos os casos.

Mocidade e Salgueiro, que capitanearam os inflados desfiles na Sapucaí, foram também duas das escolas que causaram melhor impressão em 2016. A ostentação pode significar título nesta quarta-feira de cinzas, quando será conhecida a novíssima campeã do carnaval carioca.

O Salgueiro reverenciou a boa malandragem carioca e cativou o público na Sapucaí com um desfile empolgante, colorido e que, apesar de alguns problemas pontuais, deixou a avenida sob gritos de “é campeão”. Foi a primeira escola a provocar tal reação e o Salgueiro foi vice-campeão nos dois últimos anos.

Já a Mocidade Independente de Padre Miguel propôs um exercício de imaginação para lá de fantástico. E se Dom Quixote, o herói de Miguel de Cervantes, desembarcasse no Brasil? Certamente ele se horrorizaria com a corrupção, com a calamidade na Educação e na Saúde, entre outros desatinos de nossa realidade. A escola fez um desfile altamente politizado, tecnicamente perfeito e ainda contou com duas das musas mais assediadas do carnaval carioca: Anitta e Cláudia Leitte.

A Beija-Flor, atual campeã, fez um drone “cair no samba”. O aparelho sobrevoou a Sapucaí, transmitindo em tempo real as imagens da evolução da escola. O mineiro que deu nome ao sambódromo foi o personagem homenageado pela escola em 2016. Mas Neguinho da Beija-Flor, que completou 40 anos de carnaval, parecia o dono da festa de verdade.

A Estácio de Sá, que retornou à elite após quase uma década no grupo de acesso, louvou o santo padroeiro da escola, São Jorge, e se fez um dos desfiles mais modestos da Sapucaí em 2016, fez também um dos mais eficientes e prazerosos de se ver. O ponto alto foi um cavalo gigante em uma das alegorias que se curvava.

Se houve uma escola que arregalou os olhos de quem acompanhou os desfiles, na TV ou na apoteose do samba, foi a Portela. Com o prestigiado e inovador Paulo Barros estreando no posto de carnavalesco, a escola arrebatou com alegorias tão ousadas quanto visualmente exuberantes e fez com que as vozes das redes sociais ecoassem as do sambódromo: “é campeã”. Será?

Mangueira e Imperatriz Leopoldinense vieram com homenagens a grandes nomes da música brasileira para tentar fazer valer aquela percepção de que quando uma escola lança mão de um homenageado de renome, já sai com vantagem.

A Imperatriz falou de Zezé Di Camargo e propôs uma fusão do sertanejo com samba, uma proposta que tinha tudo para brilhar na avenida e brilhou. Já a Mangueira, que fechou os desfiles de 2016, reverenciou a grande diva da MPB Maria Bethânia.

A pluralidade temática testemunhada em 2016, com enredos que foram da agricultura às grandes sagas da humanidade, ratificou o protagonismo do carnaval carioca na agenda oficial da folia brasileira. Para além do esbanjamento surpreendente em 2016, os desfiles fizeram valer a máxima de que carnaval também é cultura. 



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